Segundo colocado no primeiro turno das eleições municipais em Caxias do Sul, Adiló Didomenico (PSDB) disse, em entrevista à Gaúcha Serra nesta quinta-feira (26), que, se eleito no próximo domingo (29), pretende ter uma cidade mais moderna, informatizada e com infraestrutura adequada em 2024. Entre as principais apostas, está o diálogo com diversos setores da sociedade. Mesmo diante da provável redução de arrecadação devido à pandemia, o candidato promete investimentos, como renovação do parque de máquinas do município. Para isso, pretende buscar recursos federais. Inclusive, para garantir recursos da União, deseja criar em Brasília um cargo para acompanhar liberações e um forte setor de desenvolvimento de projetos na prefeitura.
O tucano também promete baixar o valor da tarifa do transporte coletivo urbano para R$ 3,50. Para cumprir a promessa, quer oferecer subsídio à concessionária, rever gratuidades e aumentar o estacionamento pago na cidade. Na entrevista, Adiló comentou ainda a reta final da campanha e as estratégias adotadas para chegar ao Executivo municipal. Confira a entrevista na íntegra:
Preparado para a finalização do segundo turno?
Estamos levando as nossas propostas, caminhando bastante, é uma campanha atípica com pandemia, com todas as dificuldades que o momento requer e impõe, mas estamos trabalhando, bastante fazendo contato levando as nossas propostas, aquilo que a gente já fez no primeiro turno, respeitando o nosso adversário, sabemos que é um adversário muito forte, muito preparado, mas nós estamos colocando uma nova proposta dentro de um novo eixo político para Caxias do Sul, aonde a gente está tendo uma sintonia muito boa com a comunidade, especialmente com a periferia.
O que mudou na estratégia de campanha do primeiro para o segundo turno?
No primeiro turno, nós vínhamos com um pouco mais de tempo, fazendo mais visitas e reuniões. Agora, praticamente se concentrou em caminhada. O segundo turno, vocês mesmo da imprensa sabem, tem um tempo muito grande para gravação de programas, para entrevistas, para debate. A campanha é totalmente diferente, é muito rápida. Eu diria que o segundo turno precisaria no mínimo de uma semana a mais. Ele ficou muito compactado, porque tu tens um resultado no domingo à noite e na segunda de manhã tu já começa a ter agenda e caminhada e tu não tem como fazer esse planejamento porque ninguém sabe e ninguém tem a garantia de ir para o segundo turno. Então, realmente é uma campanha muito corrida, enfrentando dias de bastante calor e sol forte. Tem de passar o dia inteiro conversando de máscara. Até porque o período da campanha foi postergado e nós entramos na primavera e já com temperaturas de verão, diferente das outras campanhas, onde praticamente ela se desenvolvia durante período do clima mais ou menos, até mais frio. Tem que continuar seu trabalho levando as suas propostas, defendendo as tuas ideias. Evidentemente que nós estamos diante de um segundo turno onde nós nos propusemos desde o início, é compromisso com deputado Neri com a vereadora Paula Ioris, de nós não fazemos coligações por apoio político. Mas nós aceitamos o apoio de todas aquelas lideranças políticas que querem o bem de Caxias, que querem se juntar a nós sem compromissos de negociação de cargo ou qualquer outro tipo de compromisso. É assim que estamos continuando a nossa caminhada. Felizmente, tivemos uma grande maioria de candidatos que disputaram o primeiro turno nos apoiando de forma muito espontânea, alguns liberando seus eleitores. Isso é do processo. Agora nós continuamos o mesmo compromisso que iniciamos há um ano e pouco: a formação de uma nova proposta de um novo eixo político para Caxias do Sul, fazendo uma administração moderna, aberta, próxima do cidadão, que é isso que a gente sente. Eu fui presidente da Codeca quase 8 anos, secretário de Obras, e a gente trabalhou dessa forma, e a afinidade com o deputado Neri é muito grande e com a Paula também, desse jeito de ouvir as pessoas e atender. E é dessa forma que nós estamos fazendo.
O senhor, ao que parece, mudou um pouco o tom da campanha. Está usando o espaço que poderia ser para propostas para atacar o outro candidato? Por quê?
Eu, inclusive ontem, cobrei do pessoal que nos assessora, o material de campanha foi alterado. Não é meu estilo, não gosto de nenhum ataque pessoal. Nós estamos sofrendo muitos ataques. As redes sociais viraram em um verdadeiro inferno contra nós. Todos os dias são 10, 15 ações judiciais para nos tirar do ar, fake news, postagens falsas. Tu vês postagem dizendo que eu me apropriei de um valor de R$ 70 mil para uso pessoal. Pelo amor de Deus! A Codeca tem auditoria interna, auditoria do Tribunal de Contas, auditoria do município. Nós trabalhamos de forma muito aberta, muito transparente com servidores. Saímos de lá deixando para trás uma verdadeira família. A gente chega lá e é muito bem, e tem que conviver com isso. Então, eventualmente, algumas críticas, alguma coisa mais acirrada que aconteceu (no horário eleitoral), nós já pedimos a correção. Não é por aí, não gostamos disso. Agora, tem algumas verdades que apareceram e que não fomos nós que colocamos, a questão do nome, mas para nós isso já é página virada, e vamos adiante. Acho que o foco não é esse. Nós temos que nos preocupar com os problemas de Caxias do Sul, e são muitos. Caxias vive nesses 50 anos que eu adotei a cidade, o seu pior momento. Eu nunca vi Caxias com tanta placa de "aluga-se". A cidade está triste, a cidade está suja. E nós somos uma cidade que tem um potencial muito grande, que tem uma gente maravilhosa, acolhedora. Nós temos que apaziguar isso, precisamos unir forças e convergir todo mundo para o mesmo sentido no dia seguinte da eleição. Não tem espaço para essa disputa. A gente vê aí um ex-prefeito publicando aí voto nulo. Não é por aí. Nós precisamos nos juntar, precisamos ouvir, precisamos estar próximo às pessoas, conhecer e sentir as dores daquelas pessoas que enfrentam tantas dificuldades e aqueles que não têm acesso a transpor essa burocracia imposta muitas vezes pelo setor público e que não é culpa dos servidores. Falta uma revisão na legislação, trabalho que a nossa vice, Paula Ioris, fez escutando mais de 50 seguidores ao longo desses quatro meses. Sabemos do emaranhado de leis intrincadas, uma sobreposta a outra, criando enormes dificuldades para que o servidor possa despachar os processos. Isso nós vamos atacar imediatamente, dando as condições e a segurança jurídica para que o servidor possa com rapidez, com agilidade, despachar os processos. Então, muitas vezes o contribuinte reclama do servidor, mas não é culpa dele. Ele precisa ter as condições de segurança jurídica e principalmente um software moderno. A prefeitura de Caxias do Sul na área de informática está bem ultrapassada. Isso é uma área que nós vamos ter que atacar imediatamente.
No dia seguinte ao primeiro turno, em entrevista à Rádio Gaúcha Serra, o senhor afirmou que o principal adversário foi o voto branco, nulo e abstenção. Dentro dessa estratégia de campanha de segundo turno, o senhor tem falado em reverter a abstenção, que foi extremamente alta. 24% dos eleitores não efetivaram o voto no domingo de primeiro turno, o que representa mais de 82 mil eleitores ausentes. Tem até mesmo materiais de campanha da sua candidatura pedindo que o caxiense não vá à praia, para que vote nessa eleição. Quais são as estratégias? Vocês acreditam que é possível reverter essa abstenção?
Eu acredito que sim. Se o pessoal se lembra desde o início do primeiro turno, o pessoal me perguntava: quem é o adversário mais forte? Com quem que você está disputando? Eu disse sempre, vocês são testemunhas: nós vamos lutar contra abstenção, voto branco e voto nulo. O voto branco e nulo se manteve dentro de uma média, mas a abstenção ficou alta. Nós sentimos isso caminhando pelos bairros: o desinteresse da população com o processo eleitoral. Isso é culpa dos maus políticos, que ao longo dos anos deixaram a população chateada e desacreditada da política. Porém, agora é um segundo turno onde tem duas propostas muito claras. Uma candidatura bem identificada de esquerda, onde está PT, o PCdoB e o PSOL, e uma candidatura do centro direita, com propostas bem distintas. Agora não há motivo para o eleitor não comparecer às urnas, porque um dos dois vai ser prefeito pelos próximos quatro anos. Então, o eleitor tem na mão um instrumento poderoso, que ele, bem usado, vai saber dar o norte, o destino para nossa cidade. Eu acredito que a abstenção vai ser reduzida em termos de comparação com o primeiro turno. Teremos a abstenção ainda até em função do problema da pandemia que, às vezes, afasta algumas pessoas de poderem ir às urnas e às ruas, mas nada comparado ao número do primeiro turno, o maior da história.
O senhor fez 15,45%, são 34.204 votos. O seu adversário que foi para o segundo turno com 34,17%. O senhor recebeu apoio de alguns partidos. Para se equilibrar sem falarmos de abstenção de votos, o senhor acha que esses candidatos e partidos de primeiro turno que estão lhe apoiando agora ou que abriram voto ao senhor podem já ajudar nessa fração de um empate, se a gente pode colocar assim, com votos válidos?
Nós tínhamos 66% dos votos divididos em 10 candidaturas. Nós éramos 10 candidaturas do campo de centro direita, e nós tivemos 15,4%. Fizemos quase três vezes o percentual se fosse dividido de forma equivalente. Claro que o apoio dessas lideranças, desses partidos de forma espontânea é um sinal muito positivo. Mas quem vai decidir mesmo é o eleitor, é o eleitor que vai escolher independente da pressão de um ou outro partido. Quem decide é o eleitor. Sempre tem um peso, tem uma influência, lideranças políticas se posicionarem a favor, mas tu não consegue transferir 100% dos votos. Isso é um processo que eu diria que é uma nova eleição. Os dois candidatos saem do zero. Claro que nós respeitamos o nosso adversário pelo seu histórico. Deve ser de cinco a seis vezes que ele disputa a prefeitura. Tem um histórico muito grande como vereador, deputado federal, deputado estadual, ministro. Tudo isso a gente respeita. Mas nós temos um trabalho muito forte junto à comunidade de Caxias do Sul há muitos anos, como comerciante, como pequeno empresário, andando pelos bairros, visitando o comércio. Esse foi meu trabalho a vida inteira. Como presidente da Codeca, eu andei, visitei todos os cantos desta cidade, deixamos uma cidade limpa, organizada. Foi considerada a cidade mais limpa do Rio Grande do Sul. Atraiu os olhares do Fantástico em 2011. Então, a gente tem esse trabalho e aproximação da população. Como secretário de Obras, então, não precisa nem dizer, a gente andou em cada canto desse município.
Falando ainda da questão dos apoios: como será o governo? Qual será o espaço para esses apoios no seu governo se o senhor for eleito?
Nós não temos compromisso nenhum. Não tem um cargo prometido até hoje, não vamos prometer. Esse é um compromisso que nós assumimos com esse grupo político, quando nós formamos aliança lá em junho, julho de 2019, começamos trabalhar o plano de governo, ouvir as pessoas e, assim, nós vamos nos portar. Evidentemente que pessoas com capacidade e para o lugar certo, elas poderão ser aproveitadas, independente de filiação partidária ou a qual partido pertence. Se nós queremos fazer um governo que acerte, e Caxias não pode errar, nós não podemos nos prender a indicações e pressões de políticos. A gente assumiu esse compromisso muito claro e estamos levando à risca junto com a Paula, o deputado Neri e os cinco presidentes de partidos que nos apoiaram desde o primeiro momento. Evidente que nós sabemos que tem boas lideranças, tem boas cabeças na grande maioria, em quase todas as agremiações partidárias, e isso evidentemente, no momento oportuno, na hora de compor um governo, terá que ser levado em conta. Caxias não pode mais errar.
Muitas das promessas que os candidatos fizeram em primeiro turno parecem ser até um sonho. Neste segundo turno, o senhor também tem prometido. O senhor acha que vai conseguir cumprir todas as promessas diante de uma arrecadação que cai para 2021 caso seja eleito?
Além de trabalhar para cumprir todas as promessas que estão em nosso plano de governo, que são propostas tiradas da sociedade, nós vamos aproveitar também ideias boas de outros partidos, de outros candidatos, porque é isso que nós temos que ter em mente, precisar muito da conexão com o governo estadual e governo federal e, para isso, a gente já vem conversando muito com o senador (Luis Carlos) Heinze (PP), que é uma liderança forte que abraçou Caxias. Ele não é caxiense, mas vem dando uma demonstração de carinho e de interesse pela nossa região. Nós vamos ter de buscar recursos onde tiver lá em Brasília. Nós pretendemos nomear uma pessoa lá em Brasília que seja um porta-voz da prefeitura de Caxias na busca de recursos. Isso já no primeiro Governo Sartori, foi uma prática que trouxe muitos recursos. Foi onde se descobriu o financiamento do asfalto do interior, foi de onde veio quase R$ 40 milhões para fundo perdido para remoção no viaduto ali do Fátima Baixo, no (loteamento) Victório Trez, fizemos aquele tanque de contenção. Existem muitos recursos na área da assistência social. Nós precisaremos ter aqui na prefeitura de Caxias do Sul um departamento que seja uma verdadeira fábrica de projetos, porque se perdeu recurso ao longo da história de Caxias do Sul por não ter projeto pronto na hora certa. Eu mesmo perdi uma emenda do deputado Danrlei (PSD) para asfaltar aquela entrada no loteamento Vêneto, porque, quando veio a emenda, nós não tínhamos o projeto pronto para colocar em prática e o prazo era exíguo. Nós acabamos perdendo aquela emenda na ocasião e hoje já temos uma outra emenda do deputado Afonso Hamm (PP) tramitando, toda documentação encaminhada, projeto pronto, licenciamento. Deve acontecer nos próximos meses asfaltamento daquela entrada ao lado da Cantina Lunelli, e foi um trabalho final que fizemos como secretário de Obras negociando com o proprietário a troca de local daquele acesso. Então, esse é um exemplo típico de que a gente vai precisar buscar recursos, e nós precisaremos estar conectados com o governo do Estado e o governo federal.
Dentro deste contexto que estamos passando por uma crise provocada por uma pandemia, o senhor destaca obras viárias na sua campanha. O senhor fala de buscar orçamento em Brasília, do governo federal, mas a gente sabe que muitas vezes essas grandes obras de infraestrutura necessitam de financiamento. Quais são as grandes obras que estão no seu plano de governo e o senhor tem a intenção de fazer financiamento?
Nós temos. De imediato, nós vamos buscar financiamento, um grande financiamento, para renovar todo o parque de máquina e caminhões da prefeitura, que está obsoleto, para não dizer boa parte dele sucateada. Com o que se gasta em oficina hoje, essa conta conheço bem, tu pagas o financiamento para renovar todo o parque de máquinas. Então, tu não vais criar uma despesa extra, tu vais criar condições para que as subprefeituras, a Secretaria de Obras, através do seu departamento de saneamento, possa oferecer um serviço com rapidez dentro daquilo que o contribuinte espera. Hoje a gente demora muito para consertar um tubo de esgoto arrebentando, melhorar uma via, patrolamento no interior. Nossos subprefeitos lutam há anos. Nós conseguimos adquirir uma boa parte de máquinas e caminhões, mas tem que fazer uma renovação completa, porque quando tu fica sem a máquina em um distrito, tu atrasa o trabalho, principalmente no inverno. Depois, vem o período de chuva, tu não consegues mais recuperar. Então, esse custo por si só de despesa de oficina é muito grande, mas tem outro custo, que não aparece na planilha, que é pior ainda, que são as horas que a máquina fica lá na oficina. Além disso, nós temos em mente contratar um plano de mobilidade urbana urgente para Caxias, para que nós possamos fazer as adequações do transporte coletivo. Aí nós teremos que planejar Caxias para os próximos 20, 30 anos em sintonia com o MobiCaxias e com todas as entidades que pensam Caxias para a frente. Nós já dissemos várias vezes que Caxias tem que pensar para a frente. Existe aquela Radial Sudoeste que está praticamente parada e Caxias tem condições, já tem parte do financiamento contratado, Caxias tem uma boa capacidade de endividamento. Caxias tem dificuldade de caixa, mas tem uma boa capacidade de endividamento. Eu tenho certeza de que nós não teremos dificuldade de buscar financiamentos pela capacidade de endividamento que tem Caxias. Eu conheço bem os números, porque eu faço parte da Comissão de Desenvolvimento Econômico e Fiscalização do Orçamento. Por outro lado, temos que ter pé no chão em saber que nós temos que trabalhar muito forte, porque as previsões, se não fizermos a virada na economia em Caxias do Sul, nós teremos pela frente dificuldades. Os números mostram. Nós temos aquela famosa boca de jacaré abrindo, já há um ou dois anos, que é a receita caindo e a despesa subindo. E é isso que nós precisamos corrigir urgente.
Uma das grandes manifestações que foi tema durante todo o processo eleitoral diz respeito à tarifa do transporte coletivo em Caxias do Sul. O senhor chegou a falar em uma promessa da passagem a R$ 3,50. Outro candidato, em primeiro turno, chegou a falar em R$ 3. O senhor não acha que o processo de debate que acontece neste momento não deveria ter sido melhor executado porque é uma concessão que vai durar por décadas? E como o senhor pega isso em mãos no ano que vem e como se pode chegar a esse preço?
Começando pela legislação. O governo que esteve aí três anos e que foi cassado sequer (fez) revisão da legislação, que é de 1957. Como tu vais fazer uma licitação de transporte coletivo como uma legislação obsoleta? Junto com a Paula Ioris, nós encaminhamos o projeto de lei alterando e modernizando essa legislação que está em tramitação na Câmara de Vereadores e deve ser aprovada nos próximos dias. Com isso, nós temos condições legais e ferramentas modernas para fazer uma boa licitação do transporte coletivo. E que bom que fique para o início do próximo governo, que a gente vai fazer uma ampla discussão com a sociedade, revendo primeiro o roteiro de ônibus através desse plano de mobilidade. Nós sabemos que, ao longo dos anos, foram mexidos e modificados muitos roteiros, a distância de paradas. As duas estações de transbordo Norte e Sul que precisam para fazer toda integração de sistemas são necessárias e urgentes. Nós não teremos dinheiro para fazer obras iguais a essas duas, mas nós faremos ali um bom abrigo para os passageiros, uma coisa simples, mas o principal é fazer a integração para tornar o transporte coletivo atraente, trabalhando muito a questão da pontualidade e da qualidade do transporte. A questão do valor, dá sim para chegar. Eu me recordo da proposta do candidato D’Arrigo de R$ 3, mas R$ 3 vai precisar muito subsídio do poder público, e a prefeitura, neste momento. não tem todo esse recurso. Agora, nós discutir de forma muito serena e tranquila com a sociedade, critérios justos para a gratuidade. Nós não somos contra, não pode ser do jeito que está aí: simplesmente porque a pessoa completou 60 anos, ela tem passagem grátis; domingo do passe livre sem nenhum critério, e tantos outros benefícios estão aí. Nós podemos isentar a tributação do transporte coletivo, o que já foi adotado no Governo Alceu (Barbosa Velho). Nós vamos ampliar a área de estacionamento buscando uma renda extra para isso colocar em subsídio. A gente já fez vários cálculos e dá para chegar a R$ 3,50. Aliás, não é que dá para chegar, precisa! O transporte coletivo em 2010 transportava 300 mil passageiros por dia. Quando começou a pandemia, já estavam na metade, com 150 mil, e hoje tem 70 mil. Não adianta ficar falando em duas, três empresas, quebrar o monopólio, sem que tu consigas transformar o transporte coletivo, (torná-lo) atraente. Hoje, na forma como está, com o preço que está, com restrições na qualidade do serviço, que a gente ouve muita reclamação dos bairros periféricos, o pessoal prefere qualquer outro tipo de transporte e tem abandonado o ônibus. Então, nós temos o risco, se não for feita uma reorganização e apontar para os interessados que nós vamos ter competitividade ainda, nós corremos o risco de ter uma licitação deserta, e aí vai ser o caos o transporte positivo em Caxias.
O senhor tocou no ponto do impacto na pandemia até mesmo na diminuição de usuários do transporte coletivo, mas temos noticiado nos últimos dias um aumento de casos ativos de coronavírus e temos situação mais próxima do limite em hospitais, principalmente os que atendem o SUS, e alerta de especialistas que as festas de final de ano podem tornar a situação ainda mais complicada. Se o senhor for eleito, o senhor vai assumir justamente logo depois dessas festas de fim de ano. Muda algo da sua ideia inicial de enfrentamento à pandemia com esses números atuais?
Continuo defendendo que não adianta fechar o comércio, a indústria e as escolas. Não é por aí. Nós temos que trabalhar muito forte a conscientização das pessoas, do cuidado. Enquanto a população teve um cuidado maior, com o uso de álcool gel, da máscara, do distanciamento, nós tínhamos um histórico relativamente controlado. Foi o feriadão de Finados e o advento de temperaturas mais altas, as pessoas se soltaram, parecia que estava tudo superado, e aí nós tivemos um novo pico. Eu acredito que as pessoas já estão se conscientizando. Ontem (quarta-feira), nós visitamos o Hospital do Círculo Operário. Em relação ao quadro da semana passada, eles já melhoraram bastante. Eles estiveram praticamente no limite, ontem estavam com 80% das UTIs ocupadas. Então, tem uma folga de 20%. Nós vamos trabalhar muito, mas já em dezembro nós vamos a Brasília, nós já conversamos com senador Heinze, para garantir recurso para aquisição das vacinas para a população de Caxias, coisa que deve acontecer aí por fevereiro ou, no máximo, março. Esse é o objetivo. Sem a vacina, nós vamos continuar com esses alto e baixos, e o que se deve fazer é um trabalho forte de conscientização das pessoas que o vírus está aí, que ele é uma realidade, os números mostram isso. Agora, não é solução nós ficarmos fechados, como alguns pregavam desde o começo. Não é por aí a solução. A vida tem que seguir, a economia também precisa seguir.
Se o senhor for prefeito, como o senhor pretende entregar Caxias do Sul em 2024?
Eu tenho a certeza que com bastante esforço, com muito diálogo, que quando ouve população erra menos e, quando a gente errar tem que ter a humildade, a sensibilidade de corrigir, voltar atrás. Isso não desmerece nenhum ocupante de cargo público. O que a gente não pode ter é a teimosia, que a gente tem exemplos presentes aqui de Caxias do Sul. Nós temos afinidade muito grande com a vice, com a Paula, que é uma pessoa que tem habilidade de fazer a escuta e, junto com servidores valorizados, bem preparados e treinados, eu tenho certeza de que nós vamos entregar uma cidade bem mais moderna, bem mais informatizada, com uma infraestrutura adequada, diferente daquilo que estão pregando, porque eu não assinei um documento do Sindiserv, de que eu vou prejudicar o servidor. Eu não assinei porque eu entendo que não há necessidade, tem um estatuto dos servidores e nós temos que cumprir. E todo administrador tem que ter os funcionários valorizados e motivados do seu lado. Sem eles, tu não tocas na prefeitura. Então, a gente sabe disso, tem consciência. A gente respeita o sindicato, nós vamos precisar dialogar muito com o Sindiserv e com todos os demais sindicatos de categorias, mas a gente entende que um prefeito não pode ficar refém de uma ou outra entidade. Nós temos que governar para Caxias.
Ouça a entrevista na íntegra: