Não é possível falar da vida política da vice-prefeita eleita de Caxias do Sul, Paula Ioris (PSDB), sem falar de uma das piores tragédias que uma pessoa pode passar. Foi o assassinato do filho Germano, em 2012, que levou a psicóloga para a política. Da dor, Paula tirou forças para, oito anos depois, dividir com o prefeito eleito Adiló Didomenico (PSDB) a missão de unir Caxias do Sul e retomar o crescimento. A chapa conquistou 136.590 votos neste domingo (29), o que corresponde a 59,57% do total.
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A dor da morte do filho, assassinado na casa de um amigo quando tinha 13 anos, conduziu Paula até a ONG Brasil sem Grandes. Fundada em 2002 pelo empresário Luiz Fernando Oderich, após o assassinato do filho único, Max Fernando de Paiva Oderich, a entidade tem como propósito enfrentar causas da criminalidade. Lá, ela foi convencida a concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados, a fim de defender a redução da maioridade penal.
Em 2014, na sua estreia em eleições, conquistou 21.329 votos. O resultado expressivo levou a um convite para o PSDB. Dois anos depois, Paula se tornou a segunda vereadora mais votada das eleições de 2016 com 5.823 votos.
Natural de Caxias do Sul e moradora do bairro Cruzeiro, Paula é casada há 34 com o advogado Rogério Alves de Oliveira, com quem teve dois filhos. Guilherme, aos 26, é engenheiro civil. A trágica e cruel morte do filho Germano ainda dói. Mas também serve como direção para a política. Ela foi presidente da Comissão de Segurança Pública e Proteção Social durante o mandato na Câmara de Vereadores.
— Entrei na vida pública por causa do assassinato do meu filho. A perda do Germano, pela forma violenta como foi, tem muita influência para eu estar aqui hoje — declarou, em entrevista ao Pioneiro, antes da eleição.
Paula já respondeu sobre qual o legado que gostaria de deixar depois de quatro anos à frente da prefeitura de Caxias do Sul.
— Gostaria que as pessoas percebessem que tivemos um trabalho alinhado, construído em conjunto e que tenha feito as mudanças que precisam ser feitas, principalmente nos processos de gestão, tão necessários.
O tema "processos" aparenta ser o caminho que a psicóloga, com pós-graduação em gestão empresarial e 30 anos de atuação na iniciativa privada, percebe para a melhoria do serviço público na cidade.
— Tem muito processo que precisa ser modificado. Por exemplo, na gestão de custos. Qual o custo de uma Unidade Básica de Saúde, e qual o resultado efetivo desse investimento? — confronta Paula, como se colocasse em xeque-mate os adversários.