No texto de orelha do livro Giuditta - A saga de uma família de imigrantes italianos, o autor Renato Francisco Toigo, assim descreve a si mesmo: "contador, mestre em contabilidade, professor universitário, bacharelando em Jornalismo, pesquisador, escritor, poeta, conselheiro de entidades de classe e assistenciais, palestrante motivacional, cidadão italiano descendente de imigrantes da 3ª geração". Em breve, Toigo deve lançar um romance policial que ele promete envolver o leitor em um mistério que só será desvendado no desfecho da obra, que deve se chamar A casa dos negócios.
Leia mais
Conheça o plano de governo de Renato Toigo, candidato a prefeito de Caxias
10 temas para Renato Toigo, candidato a prefeito de Caxias do Sul
Talvez essa seja a faceta menos conhecida do candidato a prefeito de Caxias do Sul, pelo PSL, como ele mesmo diz, "o partido que elegeu o Bolsonaro". Toigo está no rol de postulantes ao cargo que se apresentam com experiência em gestão na iniciativa privada e afirmam ser a renovação política que Caxias precisa para o atual contexto social e econômico. Na visão de Toigo, o prefeito precisa estar mais perto do povo.
— O prefeito não pode ficar em um pedestal, tem de andar junto com o povo, cumprimentar as pessoas e falar com todo mundo que vier procurá-lo. Esse tipo de atitude eu sempre implementei no meu escritório. É importante, sim, ter boas equipes, mas o dono tem de ser acessível. Eu digo sempre para o meu filho, Fabiano, que atualmente administra o escritório de contabilidade da família: "O dono da empresa tem de ser o primeiro a aparecer" — defende Toigo, caxiense, 69 anos, marido de Jâny Ramos Toigo, 66, pai de Rejane, 47, Fabiano, 44, e Renata, 36.
É a primeira vez que Toigo concorre à prefeitura de Caxias. Na eleição de 2018, ficou de suplente na vaga de deputado federal, quando fez 11.039 votos. A definição pela disputa do cargo executivo foi turbulenta, reconhece Toigo. As duas opções que haviam sido cogitadas foram descartadas, diz o candidato, por conta da atual conjuntura da política. Em um primeiro momento, haveria parceria com o PSDB, mas a direção nacional do partido não aceitou, explica Toigo. Mais tarde, ocorreu uma aproximação com o MDB, mas a escolha do vice ser do PSB (Elói Frizzo), foi determinante para o PSL recuar.
— Inicialmente, minha intenção não era concorrer, porque estávamos procurando um partido para fazer aliança. Mas aí o PSL me chamou e disse que eu tinha de concorrer porque eu era o único com votos do partido em Caxias — revela.
DESAFIO DE CONCORRER
Depois dessa reunião, em que também ficou definido que o vice seria o Nilvo Bertolla, Toigo tinha de comunicar que seria candidato à família.
— Um dos pontos mais importantes para de fato eu vir a concorrer foi que a minha esposa disse assim: "Se tu tem vontade, vai". Porque mesmo ela não querendo, entendeu que seria importante. Meu filho também não queria, porque é muito amigo do Marcelo Slaviero (Novo). É que o Marcelo é meu afilhado, é filho do meu melhor amigo, que conheço há 50 anos — conta.
— O senhor acha que o fato de sua família não ter ficado tão à vontade com o fato de concorrer se deve à opinião pública estar desacreditada na política? — pergunto.
— Eu acho que é mais pelo fato de minha família não ter envolvimento na política. Quando fui candidato à deputado federal, em 2018, por exemplo, todo mundo era Bolsonaro, hoje não é mais tanto — justifica.
PROPÓSITO DE VIDA
Toigo já não está mais à frente do escritório de contabilidade, educou os filhos, diz que estão todos encaminhados na vida e, agora, está em uma fase de curtir os netos. Apesar disso, revela que a oportunidade de concorrer lhe fez rever seu propósito.
— O meu propósito é auxiliar as pessoas a viverem melhor em sociedade. Acho que com 53 anos de contabilidade e mestre em contabilidade, tenho uma bagagem e conhecimento para administrar uma cidade.
Toigo é dessas pessoas bem humoradas, expõe com convicção o que defende, mas não se furta de brincar em diversas situações.
— Uma coisa tem de ficar clara, eu não tenho o propósito de ter um emprego, nem de concorrer para ganhar um salário — ri de si mesmo.
FIO DO BIGODE
Toigo conta que nunca teve que pagar um título no cartório, nem teve o nome com restrições no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), sequer discutiu um contrato com algum banco.
— Pra mim, assinou é fio do bigode — afirma, usando uma figura de linguagem bem conhecida da região, que atesta honra e confiabilidade.
O candidato diz que aprendeu esses princípios em casa, um lar cristão, de católicos apostólicos romanos praticantes, como faz questão de frisar.
PRÁTICA RELIGIOSA
Toigo recebeu a reportagem no escritório da família, no bairro Medianeira. Fez questão de nos conduzir à sala "Prosperidade", segundo ele, a maior para conceder a entrevista. A "prosperidade" a que se refere Toigo, não se trata apenas da financeira. E para dar suporte à essa visão, pode-se citar um versículo do livro do profeta Jeremias, que diz: "Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de causar dano, planos de dar a vocês esperança e um futuro".
A respeito da importância da prática religiosa, Toigo diz que é uma herança da família e que tem sido semeada há gerações.
— Para mim, o importante é ter uma crença em um ser superior. O Deus está dentro de cada um de nós. Se tu acreditar que essa força interna poderá beneficiar a ti, tua família e muitas outras pessoas, isso é Deus agindo através de ti. O meu Deus, que eu acredito, me disse que seria interessante que eu fosse candidato a prefeito para ajudar a cidade que tanto me ajudou — revela.
SOBRE SEMEAR E FRUTIFICAR
A educação religiosa que Toigo transmite aos filhos tem origem no ensino que o seu pai recebeu. João Quinto Toigo, trabalhava na construção civil, casou-se com Marcília Magrinelli Toigo e tiveram sete filhos, sendo Renato o do meio. Ele e seus irmãos estudaram em escolas de padres e freiras, porque seu pai, João, também havia estudado. Na família Toigo há diversos religiosos consagrados ao serviço da igreja católica. Há uma passagem curiosa que se refere a um conhecido frei de Caxias do Sul, que envolve seu João Toigo.
— Meus pais estavam levando um dos meus irmãos para o seminário, em Garibaldi, e sabe quem pediu carona? O Frei Jaime. Eu digo até hoje para o Frei Jaime que ele é meu irmão, porque foi meu pai quem levou ele ao seminário — brinca Toigo.
A respeito da formação religiosa, Toigo afirma que foi um importante alicerce estabelecendo bases sólidas de caráter.
— Penso que a formação de caráter que o meu pai nos deu, em conjunto com a educação nos seminários, nos ensinaram a ter retidão de pensamento, a sermos pessoas coerentes e sem vícios. Felizmente, conseguimos passar isso aos nosso filhos também.