Marcelo Slaviero, candidato a prefeitura de Caxias do Sul, pelo partido Novo, é um cara inquieto e agitado. Ouvindo-o falar é possível perceber o raciocínio rápido e a profusão de ideias. Na mesma velocidade em que discorre sua argumentação, muda de posições na cadeira, avança sobre a mesa e gesticula muito. Mesmo quando critica posicionamentos que ele julga ultrapassados, como a dicotomia acerca da maior ou menor presença do Estado na vida das pessoas, não sustenta seu ponto de vista com olhos fulminantes de raiva, mas é perceptível seu inconformismo.
— O dia todo é uma correria, quando chego em casa com a adrenalina alta ainda, eu mando mensagens de texto e áudio pra todo mundo. Quando vejo que minha esposa e meus filhos estão dormindo, eu dou uma desopilada, geralmente quando acaba a bateria do meu celular. Aí eu vou assistir a um episódio da série Sons of Anarchy para dar uma relaxada — revela o advogado Slaviero, 46.
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Essa adrenalina a que o candidato se refere é renovada logo pela manhã. Ao despertar a mente já está ativa para cumprir a listas de compromisso que se avolumam mesmo fora do período eleitoral. Slaviero diz que o aconchego de casa, na presença da esposa e dos filhos, Guilherme, 14, e, Theo, 6, lhe devolve a paz. Apesar disso, diz que a esposa e os garotos também dão seu pitacos nessa nova vida dentro da política.
— Minha esposa dá palpite em tudo, ela sugere a forma como devo me vestir, ou reclama de alguma coisa que eu falei e não devia. Quanto mais tempo eu ficar em casa mais eu revigoro — reconhece.
Curiosamente, Guilherme, o filho mais velho, tem embates com o pai. Mais do que o choque de gerações, aflora o ponto de vista da participação do Estado na vida efetiva da sociedade.
— Para o meu filho mais velho eu sou o comunista, porque ele acha que o Estado não deve fazer nada. Mas eu explico para ele que tem muita gente que ainda precisa do Estado. Quando chegarmos em um ponto, em que as pessoas não precisarem mais do Estado, para mim será um sonho. Eu digo assim para ele: "Talvez, o teu propósito de vida seja transformar a vida das pessoas para que elas possam viver sem nenhum controle do Estado" — explica.
No período em que Slaviero estava se preparando para o processo seletivo do Novo, para saber se estava apto a concorrer à prefeitura de Caxias, revela que procurou o acompanhamento com uma coach. Mais do que mostrar-se aos eleitores que estava preparado para o desafio, era preciso, primeiro, convencer o partido de que Slaviero estava apto. Slaviero diz que em 60 cidades do Brasil que tiveram interessados em concorrer a prefeito, apenas em 35 houve candidaturas aprovadas pelo Novo.
— Fui fazer esse treinamento, porque tinha tanta gente com expectativa de que eu ia concorrer, e se eu fosse reprovado? Eu iria frustrar muita gente. No primeiro dia, com a coach, ela me perguntou: "Qual o teu propósito de vida?". Fui pra casa, falei com a minha esposa, e me emociono só de lembrar, comecei a pensar em tudo o que já tinha feito, em todas as cidades por onde eu tinha ido palestrar sobre o Novo... — recorda Slaviero.
— Afinal, qual é o teu propósito? — insisto, curioso.
— Eu não quero que o meu filho viva no mundo em que estou vivendo. Quero que ele viva em um mundo melhor, onde os valores são os que eu aprendi com a minha família.
EXEMPLO DA FAMÍLIA
Slaviero explica que viu no porão da casa do avô nascer a empresa da família. Diz ele, que sua família trabalhou não apenas para desenvolver seu negócio, mas também para contribuir na melhora das condições de vida dos funcionários.
— Não quero que meu filho cresça pensando que a melhor coisa do mundo é fazer concurso público. Se todas as pessoas quiserem fazer concurso público, quem vai pagar esse povo? — questiona.
Slaviero volta ao tema do propósito e complementa:
— Meu propósito de vida é restabelecer esses valores de que é com o trabalho que você avança na vida. E, o mais importante, pela política, quero ajudar a transformar a vida das pessoas para que os nossos filhos vivam em um mundo melhor — acredita.
PASSADO E FUTURO
Esse "mundo melhor" a que se refere Slaviero, tem um pé no futuro que pretende alicerçar aos filhos, mas, ao mesmo tempo, tem outro pé no passado. Porque foi no porão da casa do avô Giocondo, que ele viu nascer a Imatron, empresa fundada pela família.
— Eu ia muito na casa do meu avô, seu Giocondo. Minha avó, dona Claudina, adorava cozinhar. No porão tinha uma firma, que fazia reatores e luminárias para ônibus, e depois foi se desenvolvendo. Me lembro que eu gostava de estar ali. Aos 12 anos, fiz Senai e depois fui trabalhar na empresa da família. Meu primeiro emprego foi na linha de montagem de reatores. Depois trabalhei no almoxarifado, na expedição, enfim, trabalhei em todos os setores — recorda.
Slaviero traz à luz da memória as cenas de empreendedorismo familiar, para reafirmar valores do passado que pretende semear no presente para colher no futuro.
— Hoje em dia o empresário é visto como bandido, como se só pensassem em dinheiro ou explorar as pessoas. Mas eu sei que 90% das pessoas não são assim. Tu vai nos bairros, tem salão de beleza, uma lancheria ou um pequeno mercado, esses são empresários, são eles que movimentam a máquina — defende.
O VALOR DO PERCURSO
Dias atrás, em uma agenda no Hospital Pompéia, Slaviero se emocionou na apresentação de uma campanha. O slogan que dizia: "Pompéia, uma história que faz parte da sua", suscitou a memória do candidato do Novo.
— Tem tudo a ver com a minha história, foi onde nasci. Revisitando essas memórias, tenho me emocionado na campanha. Isso é o que tem de mais legal da campanha, parar para pensar no percurso da nossa vida, em pessoas que foram importantes na nossa trajetória — reconhece.
VIDA QUE SEGUE
Se a chapa do Novo vencer a eleição, Slaviero gostaria que após quatro anos de mandato a comunidade percebesse da seguinte forma o governo:
— Gostaria que depois de quatro anos as pessoas dissessem: "Eu consegui melhorar a minha vida". Porque não se trata do prefeito tal ter melhorado, mas de que a vida das pessoas mudou. Ou seja, que as pessoas tenha, uma ideia de uma vida mais livre, que as pessoas se sintam donas do seu destino, acreditando que são capazes — justifica.
Por outro lado, Slaviero gosta de frisar que não precisa da política para seguir sua vida.
— Estou muito feliz com a repercussão da campanha, mas não me vejo fazendo campanha de novo — afirma.
Caso não seja eleito, Slaviero diz que no dia 16 vai voltar ao trabalho, normalmente. E mais, é enfático em defender a postura plural do Novo.
— Acho que o partido cresceu bastante, terão outras pessoas, no futuro para nos representar. Não acreditamos em um salvador da pátria. Defendemos uma ideia. Defendemos princípios e valores. Daqui quatro anos, não precisa estar lá o Slaviero novamente.