Pioneiro, Gaúcha Serra e pioneiro.com concluem a série de oito reportagens que apresentam temas que são as maiores preocupações de eleitores entrevistados em pesquisa da RBS. Para 19% dos caxienses que responderam ao levantamento, a saúde é o principal problema da cidade. Como resolver o déficit histórico de atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) agravado pela pandemia de coronavírus?
O problema da fila de espera do SUS não é exclusividade de Caxias do Sul, mas há cidades que implantaram medidas específicas para tentar amenizar a situação. Em Porto Alegre, a prefeitura conseguiu reduzir em 40% o tamanho da fila de espera por consultas especializadas. Segundo o secretário adjunto da Saúde na Capital, Natan Katz, a prefeitura trabalhou com três pilares.
O apoio ao médico na unidade básica de saúde foi a primeira estratégia para evitar encaminhamentos desnecessários para a fila dos especialistas. O uso intensivo do teleatendimento, que funciona como uma consultoria para os clínicos gerais, foi uma das saídas adotadas para os casos que podem ser resolvidos na atenção primária. Em Porto Alegre, a prefeitura utiliza o Telessaúde, criado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Regula Mais Brasil, do Hospital Sírio-Libanês, ambos sem custo para o município. Com o apoio da telemedicina, em especialidades como infectologia e dermatologia, de cada 10 atendimentos, oito são resolvidos no próprio posto de saúde.
— O paciente não está muito interessado onde vai consultar, ele quer que aquilo seja resolvido o mais rápido possível. Quando tu faz esse movimento de tirar pacientes que podem ser resolvidos no posto de saúde, faz com que os mais graves cheguem mais rápido ao atendimento.
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Katz também destaca o aprimoramento do sistema de regulação, com todas as demandas concentradas em uma mesma plataforma. Através do Gercon, desenvolvido na Capital em 2016, as unidades de saúde registram as solicitações de consultas especializadas a partir de um formulário padrão, classificando a prioridade de acordo com critérios pré-definidos de classificação de risco. Também há um aplicativo onde o usuário consegue acompanhar o status da situação na fila, que calcula o tempo de espera.
— Antes se criavam várias filas extraoficiais, invisíveis, às vezes dentro de um caderno. Se não der transparência pro problema, fica mais difícil de resolver — afirma.
A tríade da estratégia da Capital se completa com aumento na oferta de consultas quando as outras medidas não dão conta de resolver o problema. Mas Katz destaca que isso deve ser feito de forma permanente.
— Mutirão é uma coisa antiga. Não que em alguns casos não possa ser usado, mas se tu não consegue resolver o balanço entre oferta e demanda, não adianta. Vai fazer um mutirão, um ano depois vai ter outra fila de novo. A gente tenta ofertar uma quantidade de consultas sabendo que uma parte delas vai converter para cirurgias, que a gente também precisa ter capacidade de atender.