A Rádio Gaúcha Serra deu início nesta segunda-feira (26) à série de entrevistas com os candidatos a prefeito de Caxias do Sul. Escolhido por sorteio, o primeiro foi Renato Nunes (PL). Em 20 minutos, o prefeiturável, que já foi vereador e secretário da Habitação no governo do ex-prefeito Daniel Guerra (Republicanos), respondeu perguntas sobre déficit de vagas na educação infantil, fila para consultas e exames médicos — a criação de uma UBS Móvel está entre as propostas — e transporte coletivo urbano. O candidato também falou sobre a pandemia do coronavírus e como pretende compor sua equipe de governo, caso eleito.
A entrevista foi ao ar durante o programa Gaúcha Atualidade e foi conduzida pelos jornalistas Tales Armiliato e Babiana Mugnol. Confira:
De que forma o senhor vai atuar contra a pandemia se for eleito?
Na questão da saúde, da pandemia, que ainda estamos atravessando, tem gente pensando que já acabou a pandemia, estão equivocados, nós trabalharemos muito forte para cuidar da nossa saúde pública, da saúde da nossa cidade. Como faremos isso? Primeiramente, mantendo os protocolos de segurança, dando bom exemplo para a população, porque o exemplo começa por nós. Vamos trabalhar forte a questão da fiscalização para evitar aglomerações, para evitar que um maior número de pessoas sejam contaminadas ou infectadas, então, vamos trabalhar forte a fiscalização. Nossa meta é zerar o número de óbitos na cidade e o número de pessoas contagiadas.
Ainda antes da pandemia, tínhamos superlotação no pronto atendimento, nos hospitais em invernos mais rigorosos e filas nas unidades básicas de saúde. O que é possível fazer para melhorar esse atendimento?
Nós teremos à frente de cada secretaria pessoas qualificadas, pessoas técnicas, pessoas da área. Vamos trabalhar em conjunto, ouvindo a comunidade e a nossa meta é, por exemplo, zerar a fila para marcar consultas e exames. Hoje em dia, infelizmente, as pessoas que já estão com a saúde fragilizada ainda têm que passar toda aquela via dolorosa, ir de madrugada para a fila para pegar uma senha para poder agendar uma consulta ou marcar um exame. Nós vamos zerar essa fila. Vamos fortalecer o agendamento por telefone e pela internet. Vamos usar a tecnologia a nosso favor. Vamos criar também a UBS Móvel, que é para atender as pessoas que têm dificuldade de deslocamento. A UBS irá até elas em forma de agendamento. Para aquelas pessoas com situação mais crítica, a UBS vai até elas. Sei que faltam em Caxias do Sul, sempre foi bem complexa essa parte de vagas, de leitos, porque Caxias do Sul não atende apenas a sua população. Caxias do Sul atende a 49 municípios da Serra Gaúcha e essas pessoas de diversas cidades acabam vindo para cá. Então, vamos lutar para ampliar e ofertar maior número de leitos. Vamos buscar parcerias junto à iniciativa privada, vamos cobrar do governo estadual que faça a sua parte, vamos também buscar recursos do governo federal. Vamos fazer uma parceria, inclusive, com outros municípios da Serra que vêm para cá ser atendidos aqui. Vamos fazer de tudo para que o cidadão caxiense tenha uma saúde de qualidade.
Como será a formação de equipe caso o senhor seja eleito? O governo do qual o senhor fez parte, do então prefeito Daniel Guerra, diz que suas contratações eram baseadas em currículos, mas foi questionado pela contratação de profissionais de relação próxima. No seu caso, sua esposa foi empregada. Como o senhor vai agir nesse sentido se for eleito?
Quero deixar bem claro que o governo que participei, do qual fui líder de governo na Câmara, de fato houve algumas falhas, alguns erros, como em qualquer governo, mas essa parte garanto que realmente foi feita a escolha por currículos. Inclusive eu tive que entregar o meu currículo. A minha esposa, a Cris Nunes, foi convidada, sim, pelo prefeito Daniel Guerra para participar, para contribuir e ela também teve que levar o seu currículo. Participou de entrevistas lá na Codeca. Na primeira entrevista, não foi selecionada porque não era o tipo de pessoa que eles estavam procurando naquele momento. Dali um tempo, participou de uma nova entrevista e foi selecionada e contratada para prestar um serviço na Codeca, um serviço bem simples, por sinal.
De que forma o senhor vai agir?
Nós vamos buscar pessoas técnicas, qualificadas de Caxias, não vou buscar lá em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Porto Alegre, lá não sei aonde, em Canoas, na Bahia. Essa foi uma falha que o ex-prefeito teve. Ele trouxe, por exemplo, uma pessoa de São Paulo para cá para ser o secretário do Planejamento. Uma pessoa que nem estava em Caxias, que nem conhecia bem Caxias. É uma coisa que não vamos fazer. Nós vamos valorizar a prata da casa. Temos aqui pessoas de ponta, pessoas qualificadas, pessoas técnicas e são com elas que iremos trabalhar.
O senhor, como prefeito eleito, o que pode fazer para combater índices de violência e mortes em Caxias?
Nós vamos aumentar a infraestrutura e o efetivo da Guarda Municipal, vamos descentralizar o trabalho da Guarda, vamos manter e fortalecer parcerias com Brigada Militar, Bombeiros, Polícia Civil, Susepe. Vamos buscar parcerias com o Governo do Estado para implantação de uma delegacia especializada no combate ao narcotráfico em Caxias, porque a questão da drogadição é uma das situações que causa mais violência. Hoje temos cinco delegacias especializadas no combate ao narcotráfico no RS e apenas uma delas atende a todo o interior do Estado, inclusive a Serra Gaúcha. Isso torna inviável o trabalho de combate às drogas e à violência. Vamos aperfeiçoar e ampliar o monitoramento de câmeras. Vamos ampliar a segurança no entorno das nossas escolas.
Como o senhor vai enfrentar objetivamente o déficit na educação infantil? Vai criar vagas, vai contratar serviços terceirizados?
Exatamente. Você mesmo fez a pergunta e está respondendo e eu me sinto contemplado. Vamos ampliar a oferta de vagas para a educação infantil, vamos também valorizar os profissionais da área da educação, vamos melhorar a infraestrutura física e os equipamentos das nossas escolas, vamos promover maior segurança no ambiente escolar. Vamos trazer para Caxias do Sul as escolas militares, vamos fazer estudos técnicos para viabilizar a distribuição de material escolar como também de uniformes. Vamos trabalhar muito para ampliar as vagas. A gente sabe que esse problema é bastante complexo assim como na saúde. Caxias do Sul atende a 49 munícipios. Muitas pessoas vem para cá para tentar a vida, em busca de um emprego, então está sempre faltando vagas.
Como fazer isso? Com que dinheiro?
Vamos trabalhar com a terceirização, tudo o que for possível dentro da lei vamos fazer.
Com a queda da receita, o senhor terá menos dinheiro para governar. Como o senhor fará essa contratação sem dinheiro ou com déficit?
Podemos fazer, inclusive, parcerias com a iniciativa privada. Quem quer fazer não fica colocando desculpa. Quem quer fazer não fica colocando empecilhos. Sim, a situação é grave, é complicada. Sempre foi e agora com a pandemia se tornou mais complicado ainda. Agora, também não é o final do mundo, não é o apocalipse, não é a Terceira Guerra Mundial. Nós vamos ter que trabalhar essa questão. O problema é que os nossos governantes anteriores, ex-prefeitos, ex-gestores... O que é normal acontecer na política? O prefeito se elege e se preocupa apenas com os quatro anos do seu mandato. O prefeito de Caxias tem que trabalhar visando os próximos dez, vinte, trinta anos, porque se eu pensar apenas nos quatro anos que eu for prefeito eu vou ficar enxugando gelo. Posso até amenizar o problema, mas vou jogar mais para frente.
O senhor era líder do governo Guerra. O senhor errou ao fazer parte desse governo?
Não, eu não errei. Bem pelo contrário. Eu sinto orgulho de ter participado desse governo que fez muitas coisas certas, muitas coisas que outros governos não fizeram. O problema do ex-prefeito Daniel Guerra é que era um cara polêmico, já era polêmico na Câmara, mas pensei que ele, uma vez prefeito, ia fazer essa diferença de Legislativo para o Executivo e acabou não fazendo. Na verdade, ele nunca agiu como prefeito, ele agia como vereador lá na prefeitura. Isso não dá certo, são duas coisas diferentes. Eu sinto muito orgulho em ter participado do governo do ex-prefeito Guerra. Ele acertou muitas coisas, o problema é que acabou fazendo jus ao sobrenome dele. Acabou fazendo algumas guerras desnecessárias. Caxias não precisa de Guerra, Caxias precisa de paz, precisa de trabalho, precisa de segurança, precisa de educação de qualidade, precisa de um monte de coisa, menos de guerra.
Como o senhor pretende que seja o transporte coletivo da cidade, mesmo que o processo de licitação já esteja sendo encaminhado pelo atual governo?
O que é um erro, diga-se de passagem. Esse atual governo, que eu chamo de tampão, o prefake deveria deixar essa questão para o próximo prefeito resolver, mas já estão se adiantando porque são totalmente a favor da atual detentora da atual concessão, eles são muito amiguinhos da Visate. Eles gostam muito da Visate, não sei porque tanto amor assim pela Visate. A Visate ficou anos e anos sozinha, dona do campinho, dona da bola, dona do uniforme em Caxias. Ganhou, lucrou sozinha sem concorrência e agora o prefake, o prefeito tampão já está dando um jeitinho para deixar tudo esquematizado para a próxima gestão, coisa que deveria deixar para o próximo prefeito resolver. Caso eu seja eleito, vou fazer de tudo para acabar com o monopólio. Claro, vamos ouvir a comunidade, não vou fazer nada sozinho, vou trabalhar ouvindo as pessoas, mas a minha intenção é acabar com o monopólio da Visate porque a Visate mentiu para Caxias. Quando fomos fazer a renovação da concessão por mais dez anos, em 2009, a Visate disse que se fosse renovada a concessão iria baixar a tarifa. Nunca baixou a tarifa, bem pelo contrário, foi só passar a votação que eles quiseram aumentar. Disseram que não iriam mexer nas gratuidades.
Mas como o senhor fará isso se já terá sido escolhida a vencedora?
É um assunto que o prefake, prefeito tampão, seu vice tampão e seus secretários tampões deveriam deixar para o próximo prefeito, mas já estão se garantindo porque amam a Visate de todo o coração, são alucinados pela Visate.
O senhor concorda com o recebimento do fundo partidário para as eleições?
Na nossa campanha é singela, estamos recebendo, sim, um recurso que até este exato momento é de R$ 100 mil (R$ 101,6 mil conforme informado no site da Justiça Eleitoral) para um prefeito e 24 candidatos a vereadores. Não estamos pagando ninguém para trabalhar para a gente como muitos candidatos estão pagando. Eu não estou colocando fotografia em jornal, pagando R$ 35 mil como tem candidato pagando só para colocar uma fotinho. Tem gente aí gastando tudo o que eu estou recebendo para fazer campanha para prefeito e vice e 24 vereadores para colocar foto no jornal.
Ouça a entrevista: