Pioneiro, Gaúcha Serra e pioneiro.com começam a mostrar, em oito reportagens, os temas que são as maiores preocupações de eleitores entrevistados em pesquisa, para merecer atenção e proposta desde já dos 11 candidatos a prefeito de Caxias do Sul. Para 14% dos que responderam ao levantamento, infraestrutura viária é tema que está mencionado entre as três primeiras preocupações.
Pelo segundo ano consecutivo, Curitiba figura na terceira colocação do Ranking Connected Smart Cities, que elege as 100 cidades "mais inteligentes" do país e com maior potencial de desenvolvimento. O estudo é elaborado pela Urban Systems, em parceria com a Necta, e mapeia os 673 municípios com mais de 50 mil habitantes avaliando 70 indicadores, distribuídos em 11 principais setores, entre os quais, mobilidade e acessibilidade e urbanismo, diretamente ligadas ao planejamento.
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No índice de urbanismo, a cidade aparece como a melhor do Brasil, no levantamento que considera indicadores relativos às leis de zoneamento, operação urbana e plano diretor estratégico, por exemplo.
Segundo o professor do Departamento de Transportes e dos Programas de Pós-Graduação em Planejamento Urbano (PPU) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), José Ricardo Vargas de Faria, muito dessa fama da cidade não passa de propaganda. Ainda assim, ele destaca que Curitiba é privilegiada pela sua expansão ter seguido um planejamento prévio do Plano Diretor, que ressalta a infraestrutura como prioridade.
— Nós que conhecemos sabemos que parte dessa referência é propaganda, nem tudo o que se diz de fato acontece. O diferencial é que tivemos um processo de ocupação mais recente. A cidade cresceu mais em 1970, e o Plano Diretor que até hoje orienta o crescimento é de 1965. Isso estabeleceu os eixos viários. É um planejamento que chamamos de TOD (Transit oriented development). Então tem estrutura viária que mais ou menos dá as diretrizes de ocupação, tem essa priorização da estrutura viária, além de todo saneamento, energia elétrica, etc. Todas elas são orientadas por uma visão relacionada ao sistema viário e ao uso do solo — comenta Faria, também coordenador Centro de Estudos em Planejamento e Políticas Urbanas (Ceppur) da UFPR.
Ele ressalta que não há modelos a se seguir quando se trata de infraestrutura, uma vez que cada município tem suas particularidades. Entender essas particularidades locais, sim. Por outro lado, é um papel primordial para a administração pública resolver os gargalos. No que se refere ao sistema viário, ele cita que se deve sempre analisar cada região conforme seu fluxo.
— Se tem vias locais de acesso aos bairros, essas vias locais não são exigidas em termo de carga da mesma maneira que uma rodovia. Isso significa que se tem projetos diferentes para essas vias, em termos de dimensionamento de pavimento, da qualidade do pavimento, diferentes estratégias de manutenção dessas vias, e, caso isso não seja bem planejado, o que se pode ter como efeito é uma sobrecarga dessas vias e, eventualmente, perda de qualidade dessa infraestrutura — pontua.
Também destaca que deve ser analisada a questão de especificidade de cada solo e área loteada e não haver a padronização de uma solução, quando um investimento menor muitas vezes pode sanar os problemas.
— Não é necessariamente fazer em todas as vias a mesma qualidade de pavimento que se faz em uma rodovia. Não dá para imaginar isso, até porque se tem um custo que não se justifica.
Na atuação mais pontual em buracos e más condições viárias, ele afirma que ações planejadas em regiões específicas podem reduzir a precariedade da condição das estradas sem que necessitem de projetos de grande porte para isso:
— Tapa-buraco é feito com asfalto a frio, não necessariamente adquire melhor pavimento com esse tipo de solução, mas se é específico, num pavimento com pouca exigência de carga, é possível usar essa solução. O que acontece, sabemos, é que geralmente se generaliza essa solução para pavimentos que têm grande fluxo de carga ou não tem drenagem adequada. Às vezes, um bom projeto de drenagem, associado a um tratamento da base, do solo, e a implantação pavimento que é suficiente para uma carga menor já podem dar bom resultado para reduzir essas condições de precariedade da infraestrutura urbana.