Os candidatos e partidos mais identificados com o bolsonarismo vão divididos para a eleição municipal em Caxias do Sul. É a tendência no primeiro turno. Vai ter candidato disputando quem tem o maior alinhamento com o pensamento do presidente Jair Bolsonaro. A intenção é capitalizar o apoio de fiéis eleitores do presidente.
Em Caxias do Sul, o Republicanos do ex-prefeito Daniel Guerra ainda não tem nome definido para a disputa. Mas o apoio a Bolsonaro independe de quem será o candidato. Os filhos do presidente, Flávio, senador pelo Rio de Janeiro, e Carlos, vereador no RJ, rumaram para o Republicanos neste ano.
Nas redes sociais, Guerra exibe como foto de capa Bolsonaro com o slogan "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".
O presidente do Republicanos, Júlio César Freitas da Rosa, já busca o posto de única candidatura realmente de direita.
– O nosso candidato a prefeito em Caxias do Sul representa e representará, sim, a única candidatura realmente de direita. Nosso candidato não admitirá nenhum escândalo de corrupção dentro do governo. Nosso candidato representa e representará as cores do Brasil, representa e representará o espírito de respeito às cores da nossa bandeira, e não cores de estrelas decadentes, rosas murchas, aves depenadas ou chamas apagadas que representam facções nada republicanas escondidas sob o manto de partidos políticos.
A fala remete aos símbolos do PT, PDT, PSB, PSDB e MDB.
– Nosso candidato representa e representará, sim, os princípios de respeito à coisa pública defendidos por nosso presidente Jair Bolsonaro e por nosso prefeito Daniel Guerra – insiste.
O ex-vereador Renato Nunes, pré-candidato a prefeito pelo PL, é outro que busca o rótulo de principal apoiador de Bolsonaro.
– Estou alinhado com o presidente, pois temos muito em comum – família, fé e patriotismo. Fui o único político de Caxias do Sul que o apoiou abertamente na campanha – afirma.
Nunes lembra da vinda de Bolsonaro a Caxias, em 5 de abril de 2018.
– Recebi ele aqui na cidade, no aeroporto, dei a ele de presente meu chapéu de gaúcho e minha manta do Rio Grande.
Nunes avalia que o presidente fala coisas desnecessárias. Some-se a isso a questão dos filhos.
– Acredito que eles atrapalham às vezes. Tirando isso, é um cara autêntico, honesto e esforçado em fazer o que é prioridade.
Nunes garante que votaria novamente em Bolsonaro. Ele integrou a coligação que elegeu Guerra e foi líder do governo na Câmara, mas anunciou o rompimento com a Família Guerra após o impeachment.
Outro bolsonarista pré-candidato a prefeito é o empresário Nelson D’Arrigo, do Patriota. Ele trabalhou pela obtenção de assinaturas para a criação do partido Aliança pelo Brasil, o partido que o presidente pretende fundar. Quem está no Patriota é o ex-presidente do PSL, Sandro Fantinel, que trouxe Bolsonaro a Caxias em abril de 2018.
D’Arrigo apoia o presidente, mas demonstra estar cauteloso.
Ele diz que "ainda" é apoiador de Bolsonaro e que "sua truculência não inviabiliza o que fez até agora".
"Está fazendo um belo governo"
Pelo DEM, quem se manifestou foi o presidente do partido, Milton Corlatti, e não o pré-candidato a prefeito, Vinicius Ribeiro.
– Bolsonaro está fazendo um belo governo, com abertura econômica no Brasil. O investimento que o governo fez, a título de ajudar o povo brasileiro (na pandemia), não teve nenhum outro país que fez. É magnífico para o país – elogia Corlatti.
Especificamente ao posicionamento na campanha eleitoral, preferiu mencionar apenas o preparo do pré-candidato e afirmar que ele está pensando muito em Caxias. Acrescentou que haverá muito o que fazer por Caxias depois da pandemia.
Sobre um eventual pedido de apoio a Bolsonaro para Vinicius, Corlatti respondeu:
– Nós vamos pleitear do Onyx (Lorenzoni, ministro da Cidadania), nosso maior democrata.
Corlatti acredita que o presidente não fará vídeo em apoio para nenhum candidato.
Discurso do MDB se mantém
O MDB, que na disputa ao Governo do Estado transformou-se em "Sartonaro" (fusão de Sartori com Bolsonaro) para garantir a imagem de verdadeiro aliado ao então candidato à Presidência, deverá ter o deputado estadual Carlos Búrigo como candidato a prefeito. Questionado, Búrigo se manifesta em relação a Bolsonaro, embora ainda não na condição de pré-candidato. E demonstra que segue a linha do presidente:
– O governo do presidente Bolsonaro está tentando recuperar o país depois dos desmandos dos governos do PT, marcados pela corrupção, pelo aparelhamento ideológico em detrimento à questão técnica, pelo descontrole de gastos e pela falta de reformas estruturais.
Ele acrescenta:
– A pandemia trouxe muitas incertezas e dificuldades. Desde seu início, o governo tentou equilibrar a preocupação com a vida e com as consequências em emprego e renda da população que as restrições iriam causar. O auxilio emergencial está sendo muito importante e tem um alcance social fundamental neste momento. Falta chegar o apoio aos micro e pequenos empresários, que estão sofrendo com as restrições e sem acesso ao crédito.
Búrigo não perde a deixa, dizendo que "uma boa relação com o governo federal será fundamental para que Caxias receba apoio e recupere seus níveis de emprego e renda no pós-pandemia".
Se dizem independentes
O ex-vice-prefeito Antonio Feldmann, pré-candidato pelo Podemos, destaca que a posição do partido em nível nacional é de independência, não faz parte do governo, mas tem apoiado a grande maioria dos projetos do presidente no Congresso.
– Em Caxias do Sul, o partido não colocou essa posição na Executiva. A grande maioria defende o Governo Bolsonaro e alguns são mais críticos. A minha posição, de alguém que votou no presidente Bolsonaro no segundo turno, até porque a opção era contra o PT e essa é uma posição histórica de combate às ideias e ao que o PT representou no país nos últimos anos, então, nossa posição, sem dúvida é de apoio – afirma Feldmann.
Ele garante que não se trata de apoio incondicional ou irrestrito e total.
Marcelo Slaviero, pré-candidato do Novo, também diz que o partido mantem uma posição de independência em relação ao Governo Federal.
– Somos guiados pelos nossos valores e princípios e por isso apoiamos e defendemos vários projetos e reformas encaminhados pelo Executivo, sem solicitar emendas extraorçamentárias ou cargos – afirma Slaviero.
O pré-candidato do Novo acrescenta que, ao mesmo tempo, o partido critica a aproximação ao Centrão, à política fisiologista ou qualquer medida que possa significar retrocesso na autonomia dos órgãos de investigação e combate à corrupção.
Muitos elogios
"Nosso candidato representa e representará, sim, os princípios de respeito à coisa pública defendidos por nosso presidente Jair Bolsonaro e por nosso prefeito Daniel Guerra."
Júlio César Freitas da Rosa, presidente do Republicanos, partido do ex-prefeito Daniel Guerra e dos filhos do presidente, senador Flávio (RJ) e vereador Carlos, do Rio de Janeiro.
"O povo sabe quem realmente fez sua parte para ajudar a elegê-lo. Modéstia à parte, acredito que temos muitas coisas em comum."
Renato Nunes, pré-candidato do PL a prefeito
"Apoio as posturas do grupo de governo do presidente Bolsonaro. Até agora, ele não me deu motivos para não confiar nele. Ainda o apoio. (...) Seria um grande prazer poder tê-lo ao meu lado, pois nossas ideias são comuns."
Nelson D’Arrigo, pré-candidato do Patriota a prefeito
"O governo do presidente Bolsonaro está tentando recuperar o país depois dos desmandos dos governos do PT. (...) Desde seu início, o governo tentou equilibrar a preocupação com a vida e com as consequências em emprego e renda da população."
Carlos Búrigo, pré-candidato do MDB a prefeito
"Bolsonaro está fazendo um belo governo, com abertura econômica no Brasil. O investimento que o governo fez, a título de ajudar o povo brasileiro (na pandemia), não teve nenhum outro país que fez. É magnífico para o país."
Milton Corlatti, presidente do DEM, partido que tem Vinicius Ribeiro como pré-candidato a prefeito
Outras pré-candidaturas
:: PT e PCdoB (Vanius Corte) – oposição ferrenha ao presidente Jair Bolsonaro.
:: PSDB – O pré-candidato Adiló Didomenico, que votou em Jair Bolsonaro no 2º turno, disse:
– Não concordo com todas as posições do seu governo, mas torço para que dê certo.
:: PDT – Resolução nacional diz que vai expulsar ou cancelar candidatura de quem apoiar Bolsonaro.
– Vou respeitar a figura do presidente. Mas não tem que concordar em tudo com ele. As pessoas não podem entrar em conflito. Caxias vai precisar muito do governo federal – disse o pré-candidato Edson Néspolo.
:: PV - O pré-candidato Abrelino Frizzo diz que é da social democracia e não pode aceitar um regime de direita:
– Não estou alinhado com Bolsonaro.
:: Cidadania – O pré-candidato Jeronimo Molina diz:
– Não apoio em nada o presidente.