Quase um mês após ser eleito de forma indireta pela Câmara de Vereadores, o prefeito Flávio Cassina (PTB) anunciou na última quinta-feira o líder do governo no Legislativo. Embora o MDB não tenha ingressado formalmente na administração, Adriano Bressan foi indicado para a função. O suplente está na Câmara desde o dia 28 de janeiro e deve permanecer por apenas 60 dias na vaga, já que o titular, vereador Paulo Périco (MDB), precisa retornar à Casa até 4 de abril caso queira concorrer na eleição deste ano. Périco se licenciou para assumir a Secretaria Municipal da Cultura.
Apesar da previsão de pouco tempo no Legislativo, Bressan pretende garantir a aprovação do projeto do Executivo que trata da liberdade econômica no município. O vereador, que já assumiu por 15 dias em 2017, durante licença de Felipe Gremelmaier (MDB), e no final do ano passado, na votação do impeachment (a vereadora Gladis Frizzo, do MDB, estava de licença devido à morte do marido), conversou com a reportagem do Pioneiro na sexta-feira. Confira trechos da entrevista:
O senhor assume o desafio de ser líder do governo. Como surgiu esse convite?
Até o momento, a gente tem o entendimento que a gente ficaria até 4 de abril, em torno de 60 dias, e, depois, vamos ver se o vereador Périco retorna à Casa. O convite foi feito pessoalmente para mim, foi uma questão de afinidade entre o prefeito Cassina e eu. A gente já se conhece há muito tempo e isso foi confiabilidade. Não tem nada a ver com a questão partidária. Esse governo está sendo gerido por pessoas e por pessoas de confiança que queiram o crescimento e o melhor para Caxias.
O MDB não está formalmente no governo e o senhor foi escolhido como líder. Como é possível?
É possível, porque em todos os momentos em que o prefeito Cassina chamou, vamos supor, os vereadores para conversar, foram todos chamamentos por questão de afinidade com pessoas que querem o melhor para Caxias. Em nenhum momento dessa administração foram chamados partidos. Eu respeito o MDB por demais, é o meu partido, tenho um carinho enorme pelas pessoas que estão no MDB, meu presidente Ari (Dallegrave), o deputado Carlos Búrigo, o Sartori, que é um dos nossos mestres da política, e aí a gente respeita todo mundo. Temos vários partidos, o PDT, o DEM, que também têm as filiações partidárias, as pessoas estão dentro do governo, mas foram escolhas pessoais do prefeito Cassina e do (Elói) Frizzo (vice-prefeito).
Como será sua postura como líder? O que o senhor combinou com o prefeito?
Eu tive uma reunião hoje (sexta-feira) na parte da manhã com o prefeito Cassina, porque foi tudo mundo rápido, me pegaram de surpresa. Mas quando a gente aceita estar na vida pública não pode correr de nada, tem de estar sempre à disposição. A minha atuação vai ser de muito diálogo e vai ser uma ponte entre o Executivo e o Legislativo. A gente não quer embates, a gente quer construir. Então, a minha indicação foi nesse sentido. Aqui a gente tem um bom convívio com todos os vereadores. Nas outras vezes que estive aqui, fui bem recebido, dessa vez, também, da mesma forma. E a gente combinou com o Cassina que a gente vai fazer esse elo pela confiabilidade recíproca que a gente tem.
O que é prioridade do governo?
Uma das prioridades é um projeto da liberdade econômica. Esse projeto que vai começar a tramitar na Casa e nós vamos ter todo o empenho necessário. Será para diminuir o tempo dos alvarás, desburocratizar a questão do Habite-se, a gente vai tratar de destravar a cidade o quanto antes porque queremos afinidade entre o poder econômico e o Poder Executivo. Só assim a gente vai poder ter uma arrecadação maior para o município, ter um destravamento de toda essa situação.
O fato de Cassina e Frizzo terem sido eleitos pela ampla maioria dos vereadores facilita seu trabalho como líder?
Sim, com certeza. Eu não estive presente na hora da votação, eu estive presente na votação do impeachment. Depois tive de me desligar, porque sou suplente. Mas facilita por demais, os vereadores têm o entendimento que, sim, é a chapa ideal para conduzir esses 12 meses que a gente tem de governo de transição.
O senhor comentou que fica 60 dias. O vereador Périco volta, então, em abril?
A informação correta a gente ainda não tem. A gente tem uma situação que pela lei se o vereador Périco resolver concorrer, ele terá de retornar e sair da secretaria. Mas a gente ainda não tem essa definição. Ele está fazendo um ótimo trabalho e é de extrema importância a pessoa dele à frente da Secretaria da Cultura. Se ele desejar fazer a continuidade, vai ter o apoio necessário. E aqui no Legislativo, é claro, quanto mais eu conseguir ficar, melhor, porque nosso objetivo, desde que concorri, era de cumprir, no mínimo, quatro anos.
Não está definido ainda, então?
Ainda não. Mas a palavra que sempre digo é que a gente constrói junto com as pessoas. Foi dada uma declaração do nosso presidente que vai ter reuniões sobre essa questão do MDB estar no governo ou não. Mas, como digo, no momento são pessoas, não tem nada a ver com partido e aqui na Câmara vamos conduzir da seguinte forma: que as críticas, se existirem, se for por parte dos vereadores, serão sempre bem-vindas.
Em tão pouco tempo, o senhor já assumiu a liderança do governo e a vice-presidência da Casa. Sabendo que pode ficar somente dois meses, sua intenção é ocupar o máximo de espaços possíveis?
Sim, com certeza. A gente quando concorre, quando assume uma legislatura, tem de ocupar, é isso que a população quer, que o vereador não esteja escondido pelo gabinete, que o vereador assuma todas as responsabilidades possíveis. Quando defendi minha candidatura de vice-presidente, foi por essa situação, porque eu me sinto, sim, com competência, mesmo sendo talvez por poucos dias, mesmo sendo meu primeiro ano legislativo, mas a gente sente, sim, com competência como qualquer outro vereador.
Além das suas funções na Mesa Diretora e como líder de governo, a que mais o senhor pretende se dedicar?
A nossa bandeira é o desenvolvimento de Caxias do Sul, a nossa bandeira também é a da educação, porque agora sou também presidente da Comissão de Educação. A nossa bandeira vai ser, principalmente, desenvolvimento, porque a gente entende que a cidade sendo desenvolvida melhora a vida de todas as pessoas, e o nosso lema aqui dentro é que quando a gente assume um posto público, a gente tenha toda a capacidade de mudar a vida das pessoas.
O senhor concorre na eleição deste ano?
A princípio, a gente está à disposição do partido. Mas a gente ainda tem a questão das convenções e a gente sempre respeitou a hierarquia do partido. Se o partido acha que a gente tem condições, vai ser o maior prazer concorrer.