Vereador em primeiro mandato, Ricardo Daneluz (PDT) terá, já no primeiro dia útil de 2020, duas experiências inéditas: assume, com minutos de diferença, os cargos máximos dos poderes Executivo e Legislativo em Caxias do Sul. A situação inusitada ocorre devido ao impeachment do prefeito Daniel Guerra (Republicanos), cujos desdobramentos coincidem com a troca da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores.
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Daneluz será prefeito de Caxias por uma semana, até a eleição e posse da chapa que comandará o Executivo de forma definitiva até 31 de dezembro. Nesse período, diz que irá manter a atual equipe de secretários, inclusive sem ampliar o quadro. Ele afirma ainda que pretende dar andamento às demandas administrativas mais urgentes, sem tomar grandes decisões estratégicas.
— Não vamos fazer nada fora dos procedimentos tradicionais, até porque sabemos que é transitório. Imagine fazer algum ato na questão de licitação e contratos e entra outra pessoa dia 9 que não concorda ou quer alterar isso. Aquelas coisas que não podem parar, como serviços essenciais, vamos tocar — destaca Daneluz.
Apesar da tendência de as decisões estratégicas ficarem a cargo do prefeito a ser eleito, pelo menos duas questões requerem urgência nas definições quanto ao encaminhamento a ser dado. Uma delas é a licitação do transporte coletivo, que prevê duas bacias operacionais na cidade, o que gera discordância em setores da sociedade. As propostas devem ser conhecidas no dia 14 de janeiro, menos de uma semana após a posse do novo prefeito, e a administração terá que decidir se mantém o modelo ou modifica o edital de licitação. Já com relação à UPA Zona Norte, o Instituto de Gestão e Humanização (IGH) deixa a administração da unidade em 29 de janeiro e ainda não há definição se uma entidade será contratada emergencialmente até nova licitação ou se o município deve assumir a gestão. Em ambos os casos, Daneluz disse que não irá tomar nenhuma decisão estratégica, mas antes deve falar com o prefeito interino Flávio Cassina (PTB) para verificar se já houve algum encaminhamento.
À frente do Executivo ao longo de 2020, após deixar o cargo de prefeito, Daneluz aposta na retomada do diálogo com a administração municipal para dar andamento a questões que, na avaliação dele, impediam o desenvolvimento da cidade nos últimos anos. Além disso, ele defende a reaproximação com cidades vizinhas para a mobilização em torno de bandeiras regionais, como a infraestrutura.
— Temos um desafio muito grande, tanto no Legislativo, quanto no Executivo, que é destravar a cidade. Documentos extremamente simples, como alvarás e de Informações Urbanísticas (IU), em Bento Gonçalves e em outros municípios, podem ser obtidos online. Em Caxias, as pessoas demoravam oito, 10, 12 meses para conseguir esse documento (IU). A expectativa é que tenhamos um ano muito melhor em todos os aspectos, principalmente pelo diálogo aberto e franco que se terá agora. Não existe salvador da pátria, existe uma construção de cidade — garante.
Na gestão do Legislativo caxiense, Daneluz tem como objetivo dar andamento ao trabalho de consolidação das leis. O município tem mais de nove mil leis e o objetivo é agrupar normas que se complementam. Além disso, a direção da Casa iniciou estudos para a realização de uma reforma administrativa, que deve ter andamento ao longo de 2020.
A posse de Daneluz como presidente do Legislativo e como prefeito interino ocorre às 16h desta quinta-feira (2). O ato será no auditório do Centro Administrativo devido a problemas elétricos no prédio da Câmara.