O Pioneiro lembra dos principais momentos da década da política em Caxias do Sul. Não há ordem ou ranking para os fatos. Confira:
IMPEACHMENT DE DANIEL GUERRA
Após seis pedidos de impeachment arquivados pela Câmara, o sétimo acabou sendo não somente acolhido como resultou na cassação do prefeito de Caxias do Sul Daniel Guerra (Republicanos) em 22 de dezembro de 2019. O fato inédito é tema de controvérsia tanto pelas consequências políticas quanto pelo teor do processo. O episódio também consolida a relação conflituosa entre Daniel Guerra e o vice-prefeito eleito (que pediu renúncia), Ricardo Fabris de Abreu, e a oposição inconformada com a derrota na eleição de 2016.
ELEIÇÃO DE DANIEL GUERRA
De atuação polêmica como vereador, Daniel Guerra acabou surpreendendo nas eleições de 2016 e vencendo a disputa para a prefeitura na primeira vez que se candidatou ao cargo. Foi vitorioso no segundo turno, obtendo mais de 148 mil votos, (expressivos 62,79% do eleitorado) contra Edson Néspolo (PDT), quebrando assim a hegemonia de 12 anos do grupo político representado pelo seu adversário após as eleições de José Ivo Sartori (MDB, por dois mandatos, de 2001-2008) e de Alceu Barbosa Velho (PDT, 2013-2016).
AGRESSÃO NA CÂMARA
Desentendimento entre os vereadores Rodrigo Beltrão (PT) e Pedro Incerti (PDT) ocorreu em maio de 2012 e foi registrado em vídeo (abaixo), que viralizou na época. O parlamentar petista acusou Incerti de agressões físicas e verbais. A confusão teria sido motivada por causa do relatório final de uma comissão processante da qual os dois participavam. Na época, Beltrão ingressou com uma ação na Comissão de Ética da Câmara. Posteriormente, os dois parlamentares selaram acordo para encerrar processo, no qual Pedro Incerti precisou se desculpar publicamente de Beltrão.
RENÚNCIA APÓS FALSIFICAÇÃO
Em novembro de 2011, o vereador Harty Moises Paese (PDT) renunciou ao mandato na Câmara de Vereadores. Na época, ele era investigado por uso de atestados falsos para justificar ausências em quatro sessões do Legislativo e preferiu deixar o cargo. O caso acabou arquivado na Câmara. Posteriormente, o ex-vereador admitiu a falsificação, e disse ser decorrente de um estado psíquico abalado pelo uso de drogas. Em entrevista ao Pioneiro em 2017, Paese afirmou incerteza se vai concorrer a cargos eletivos novamente. Harty Paese atuou por apenas dois anos e meio como vereador, entretanto, no período, apresentou mais 30 projetos. Uma de suas marcas, quando presidente, foi a criação do programa Câmara vai aos Bairros.
SUSPENSÃO DE VEREADOR
Por unanimidade, em julho deste ano, 18 vereadores presentes no plenário da Câmara de Caxias decidiram pelo afastamento de Chico Guerra (Republicanos), no chamado “caso do corretivo. Na ocasião, Chico, irmão do prefeito cassado Daniel Guerra (Republicanos), falou em aplicar um “corretivo” no presidente da associação de moradores do bairro Cânyon, Marciano Corrêa da Silva. No diálogo vazado, Chico também sugeria colocar o líder comunitária na “lista negra” do governo. Por exercer cargo de chefe de gabinete na gestão de Daniel Guerra, o afastamento não havia sido efetivado, porém, com o impeachment de Daniel Guerra, Chico foi exonerado do Poder Executivo e, naturalmente, passou a cumprir a suspensão.
PROTESTOS
Contagiados por protestos que tomaram o país em 2013, os caxienses também foi às ruas. Naquele ano, em uma das manifestações, cerca de 35 mil pessoas tomaram a área central para reivindicar redução das passagens de ônibus. Nos anos subsequentes, as manifestações populares tornaram-se frequentes. Em março de 2015, mais de 60 mil pessoas se mobilizaram em Caxias. O alvo dessa vez foi o PT. Outra manifestação aderida na mesma época por parte da população caxiense foi o popular "panelaço".
SEM DEPUTADOS
A representatividade de Caxias nos âmbitos estadual e federal demandam equivalente representação política, que, entretanto, nem sempre se confirma. Atualmente, a cidade não conta com nenhum deputado federal eleito. Antes disso, por um tempo considerável de 33 meses, ficou sem deputado estadual, entre os anos de 2014 e 2018 (no período, apenas Vinicius Ribeiro (na época PDT) assumiu como suplente, atuando de dezembro de 2015 a março de 2017). Atualmente, Neri, o Carteiro (SD) e Pepe Vargas (PT) representam o município no Estado. Carlos Búrigo (MDB) é primeiro suplente e assumiu na Assembleia em fevereiro de 2019.
CAXIENSES NO ESTADO E GOVERNO FEDERAL
Na década, dois caxienses ocuparam postos de destaque em nível estadual e federal. Atualmente deputado estadual e ex-prefeito de Caxias, Pepe Vargas (PT), atuou como ministro do Desenvolvimento Agrário, das Relações Institucionais e dos Direitos Humanos no governo Dilma Rousseff (PT) (2011-2016). Já o também ex-prefeito de Caxias, José Ivo Sartori (MDB), atuou como governador do Estado entre 2015 e 2019. Apesar de serem considerados “caxienses” por terem sua formação política na cidade, nenhum deles é natural do município. Pepe nasceu em Nova Petrópolis e Sartori, em Farroupilha.
PERDAS
Em setembro de 2013 morreu aos 69 anos a ex-vereadora caxiense Geni Peteffi, após falência múltipla dos órgãos. Com mais de 30 anos de envolvimento com a política e movimentos sociais, foi eleita vereadora em 1988 e reeleita em 1992, 1996, 2000, 2004 e 2008. Após ocupar várias funções no Legislativo, assumiu a presidência da Câmara em 2012 e a prefeitura de Caxias do Sul, como prefeita em exercício. Geni Peteffi era conhecida por ser vereadora polêmica e enérgica em sua atuação parlamentar. Também marcante foi a morte do vereador Clauri Alves Flores (PT), 52 anos, em uma acidente seis dias após assumir o mandato, em 2011, em um de acidente de carro. Outras mortes que marcaram o período foram os do ex-líder comunitário, Luiz Pizzetti e do ex-vereador mais antigo de Caxias do Sul, Francisco Andriollo e dos ex-vereadores, José Enedir Dias Bemfica e João Ruaro Filho, em 2016.
CCs FANTASMAS
Em uma série de reportagens em dezembro de 2013, a jornalista Rosilene Pozza, do Pioneiro, revelou que pelo menos três pessoas que atuavam em cargos em comissão (CCs) da prefeitura de Caxias não cumpriam jornada de trabalho e exerciam outras atividades em horários que deveriam ser dedicados, teoricamente, para o expediente. O flagrante foi resultado das suspeitas surgidas após a considerável acomodação de cargos políticos para agradar vereadores e cabos eleitorais dos 19 partidos aliados para cargos de confiança durante a gestão de Alceu Barbosa Velho (PDT). Logo após a divulgação, apenas uma das CCs foi exonerada e os outros dois flagrados permaneceram nos cargos. A repercussão polêmica gerou inclusive debate sobre a atuação de CCs, sendo também um dos alicerces da campanha do prefeito eleito em 2016, Daniel Guerra.
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