Possivelmente desconhecida até então para um estrangeiro, Bento Gonçalves ganhou destaque mundial no início do mês ao vencer o Prêmio MAKCi (Most Admired Knowledge City) 2019. O município gaúcho faturou a categoria Cidade do Conhecimento Emergente, desbancando Manizales, na Colômbia e Monterrey, no México. Com a distinção, entregue durante a 12ª edição do Knowledge Cities World Summit (KCWS), conferência da cúpula mundial das cidades do conhecimento, realizada em Florianópolis, Bento torna-se o primeiro município brasileiro a ser reconhecido pela premiação.
Mas qual foi o diferencial capaz de transformar o município do Vale dos Vinhedos, com pouco mais de 120 mil habitantes, em um dos mais admirados do mundo?
— O capital identidade. Existe uma tendência mundial em valorizar o que é local. Bento tem indicação geográfica no setor vitivinícola. Todo mundo sabe como é raro ter indicação no Brasil. E a história da imigração italiana: a gente está acostumado, mas para quem é de fora é muito interessante. Bento tem o desenvolvimento alavancado em valores locais — responde Ana Cristina Fachinelli, professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e membro do Conselho Executivo do World Capital Institute, grupo promotor do evento que reúne pesquisadores de diversos países.
Número de crianças na escola até o número de universidades e de doutores na cidade e a quantidade de leitos hospitalares e de veículos por habitante são alguns dos critérios levados em conta na hora da eleição das cidades. Índices como Produto Interno Bruto (PIB) e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) também são considerados, mas a escolha não fica restrita a eles. Ana Fachinelli, que além de integrar o Conselho Executivo do World Capital Institute, é coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Administração da UCS, destaca que são avaliados os números dos últimos 10 anos e sua evolução:
— A premiação não é por causa de um número x. A gente olha posição, ranking em determinado levantamento. É um conjunto de evidências.
Para o prefeito de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin (PP), o prêmio foi capaz de ler todas as vocações do município, que incluem os setores moveleiro e vitivinícola e o turismo, focado, segundo ele, em experiências ao visitante. O reconhecimento é fruto de um trabalho que pensa, conforme o prefeito, no progresso da cidade sem deixar para trás a cultura e as tradições do município.
— Receber esse prêmio nos dá perspectiva de continuar o desenvolvimento sem perder nossas raízes — destaca Pasin.
DESDE 2011
Bento Gonçalves despertou a admiração internacional ainda em 2011, quando um grupo de pesquisadores mexicanos, que integra o comitê da premiação, visitou a cidade e se encantou. Já na edição de 2013, Bento foi indicada ao prêmio pelos mexicanos. Não venceu, mas motivou o grupo de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Administração da UCS a produzir artigos sobre o município. As publicações em revistas nacionais e internacionais divulgaram o destino e acabaram servindo de subsídios para a premiação deste ano.
— Isso (o prêmio) leva o nome da cidade para o mundo — comemora Ana.
Para o Knowledge Cities World Summit (KCWS) 2020, os pesquisadores caxienses trabalham para indicar cidades da Serra ou a região como um todo. O evento do ano que vem será em Tijuana, no México. A data ainda não foi definida, mas deve ser provavelmente em novembro.
CIDADES DO CONHECIMENTO MAIS ADMIRADAS 2019
Cidade do Conhecimento Emergente: Bento Gonçalves, Rio Grande do Sul.
Metrópole do Conhecimento: Barcelona, Espanha.
Cluster ou Região do Conhecimento/Ilhas: Porto Rico, no Caribe.
Região do Conhecimento: Vancouver, Canadá
BENTO GONÇALVES
Dados dos últimos 10 anos foram utilizados pela organização do prêmio, entre eles, números publicados na revista Panorama Socioeconômico de Bento Gonçalves, em 2015. Veja alguns:
> Percentual de pessoas cursando doutorado: 0,50% — maior do que o número gaúcho.
> Mortalidade até 1 ano de idade (por mil nascidos vivos): 12,1% — menor do que os percentuais no RS e no Brasil.
> Percentual de 25 anos ou mais com superior completo: 13,36% — maior do que percentuais no RS e no Brasil.
> Custo médio para abertura de empresa: R$ 1.564,60 — menor do que a média gaúcha e maior do que a média brasileira.
> Percentual de mulheres em assentos parlamentares: 11,8% — menor do que no RS e maior do que no Brasil. Em 2015, Bento tinha duas vereadoras. Na atual legislatura, não tem nenhuma. Na legislatura 2009-2013, teve três vereadoras.
> Taxa de analfabetismo: 2,66% — menor do que os números no RS e no Brasil.
> Quase a totalidade das residências tem acesso à energia elétrica, água encanada e coleta de lixo.
> Percentual de sobrevivência de empresas após dois anos: 79% — maior do que no RS e no Brasil.
Na próxima segunda-feira, dia 25, o Centro de Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG) apresenta a edição 2019 da Revista Panorama Socioeconômico de Bento Gonçalves
SAIBA MAIS
População: 120.454 habitantes (estimativa 2019 do IBGE).
Eleitores: 89.039.
Frota em circulação: 85.872 veículos.
Produto Interno Bruto (PIB): R$ 5.253.990,03 (FEE 2015).
PIB per capita: R$ 46.377,70 (FEE 2015).
Representatividade dos setores no faturamento do município
> Indústria: 60,2%
> Comércio: 21,4%
> Serviços: 18,4 %
Número de empresas por setor
> Prestadores de Serviços: 9.177 (56,18%)
> Comércio: 3.090 (18,92%)
> Autônomos: 1.418 (8,68%)
> Indústria: 900 (5,51%)
> Comércio com prestação de serviços: 1.273(7,79%)
> Indústria com prestação de serviços: 373 (2,28%)
> Agroindústria: 26 (0,16%)
> Associações: 63 (0,39%)
> Outros: 14 (0,09%)
> Total: 16.334 (100%)
Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M): 0,778
Índice de Desenvolvimento socioeconômico (Idese):
> Idese: 0,831
> Idese RS: 0,751
Fonte: prefeitura de Bento Gonçalves