Ricardo Daneluz (PDT) se reafirma como um vereador de convicções. Desde o início deste ano, quando apresentou projeto que propõe a extinção do passe livre no transporte coletivo no último domingo de cada mês, enfrentou rejeição de uma ala do próprio partido do qual é filiado, o PDT.
Ao Pioneiro, Daneluz falou sobre a atual relação com a legenda e do seu futuro político. Confira a entrevista:
Pioneiro: Como está sendo a primeira experiência do senhor como vereador?
Ricardo Daneluz: A única experiência política antes de ser vereador tinha sido a de subprefeito. A experiência como vereador é de bastante aprendizado e tem sido proveitosa, principalmente na questão de tentar fazer algo diferente e buscar coisas novas para a nossa comunidade.
E a sua proposta de redução do número de vereadores, de onde surgiu a ideia?
Faz um bom tempo que venho pensando nessa questão. Só não protocolei logo no início para poder conhecer um pouco mais como a Câmara funciona internamente. Agora, com dois anos e meio de mandato, resolvi então ir atrás de tentar essa redução. Mas para isso são necessárias 12 assinaturas para poder protocolar essa proposta. A gente vai em busca dessas 12 assinaturas, se conseguir, vamos protocolar. O que me levou a isso foi a questão econômica. Fizemos uma conta a grosso modo e calculamos que daria economia de em torno de R$ 2,5 milhões por ano. Dentro de quatro anos são R$ 10 milhões, valor considerável que pode ser investido em outras áreas. Acredito e penso que isso não vá prejudicar o trabalho da Câmara de Vereadores. Creio que 17 vereadores podem executar as tarefas que são feitas.
Outro projeto polêmico que o senhor apresentou foi propondo o fim do passe livre no último domingo de cada mês ? Continua convicto?
Estamos totalmente convictos. Tem em torno de 20 anos que essa lei foi feita, na época até se podia ter boa intenção, mas hoje podemos ver que não. Primeiro que quem paga a conta é o próprio usuário do transporte coletivo do dia a dia. Outra questão é como nesse último domingo do mês acontecem muitas confusões na cidade. É uma reclamação generalizada e tem um apelo popular muito forte. As pessoas, em grande maioria, são totalmente favoráveis.
Esse projeto gerou grande controvérsia dentro do PDT. Como está sua relação atualmente com o partido?
Sempre busco evitar falar de questões partidárias. Recebi várias ameaças de expulsão, tanto por essa questão quanto por minha abertura de voto ao (Jair)Bolsonaro. Recebi várias ameaças de expulsão, mas nenhum documento formal. Por isso, busco não me manifestar publicamente sobre o partido.
Mas a própria repercussão desse seu projeto, demonstra divergência na linha ideológica entre o senhor e o partido...
Tem uma questão de ideologia partidária que não me identifico muito. Tem uma turma que defende que eu seja expulso, mas eu não dou resposta e sigo meu trabalho e aquilo que tenho convicção. Não adiantaria eu ficar na Câmara quatro anos e sair sem colocar minhas ideias, aquilo que eu penso e propor o que eu acredito e o que escuto nas ruas. Sempre mantenho diálogo com todas as pessoas que querem falar comigo.
O senhor pretende mudar de partido?
Ainda não tenho essa resposta. Tem tanta possibilidade de saída como de permanência. É uma questão que eu não teria como responder neste momento. Recebi diversos convites de partidos, mas gostaria de deixar isso para mais adiante. Tenho afinidade com alguns deles, mas estamos verificando qual melhor rumo a tomar.
O senhor comentou sobre uma ala do partido com a qual não tem afinidade. O que acha do perfil da Executiva do PDT?
Tem grandes grupos que vieram de partidos como PCdoB e PT, enfim, que têm uma linha radical de esquerda que não me agrada muito. Mas é vida que segue, cada um tem seu pensamento e eu respeito a diversidade, muitas vezes quem não respeita são eles que procuram sempre me agredir a cada posicionamento meu.
Essa relação conturbada pode influenciar em o senhor não assumir a presidência da Câmara ano que vem?
É um ano que vai estar com os vereadores do PDT e existem pessoas que defendem que seja eu o presidente, mas isso não necessariamente pode acontecer. Não aprofundamos essa questão ainda.
Na sua visão, quais seriam bons nomes para concorrer a prefeito?
Existem fortes movimentos com nome do (José Ivo) Sartori (MDB), talvez um (Edson) Néspolo (PDT), mas a gente ouve muita coisa por aí.
Mas com qual deles o senhor tem identificação?
Ainda um pouco cedo, esses são os nomes que estão se desenhando. O que é uma unanimidade em toda a cidade, que a gente ouve por aí, é o nome do Sartori, não sei se ele tem essa intenção ou não, mas é o nome que mais se tem falado.
E o senhor acha interessante alguém com a linha do Sartori?
Com certeza, tem grande aprovação popular os governos dele. Como também o governo do Alceu (Barbosa Velho/PDT), que também foi bom.
Qual sua opinião sobre a gestão de Daniel Guerra (PRB)?
O que ele prometeu não tem cumprido. Prometeu corresponder ao anseio da população que pedia mudança e novidade, mas não está acontecendo. O município está travado para quem quer trabalhar, estamos perdendo empresas para cidades da volta. É uma gestão complicada que acaba bloqueando o trabalho de quem quer trabalhar e ajudar. O que prometeu em campanha não vem realizando praticamente nada.
De zero a 10, qual nota dá ao Governo Guerra?
Dois.
Caso o PDT se consolide na linha centro-esquerda, seria sustentável manter essa relação com o partido?
Vamos estar analisando ali na frente, mas vemos cada vez mais que o Brasil acertou elegendo Bolsonaro a presidente. Às vezes (ele) fala coisas que não deveriam ser faladas, mas tem uma equipe que tem colocado o Brasil nos eixos.
Não se arrepende de ter manifestado apoio público?
Com certeza não, vejo uma equipe comprometida.
E a nota para o Governo Bolsonaro?
Nove.