Natural de Candelária (RS), Luis Carlos Heinze (PP) foi o candidato para o Senado mais votado do Rio Grande do Sul nas últimas eleições. Há mais de 20 anos em Brasília, ele se tornou mais próximo do governo federal com a eleição de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência. Heinze também participa de articulações políticas para viabilização de projetos da região, como os aeroportos de Vila Oliva e Canela e o Porto do Litoral Norte. Ao Pioneiro, o senador comentou o andamento desses projetos e falou sobre o cenário político atual do País. Confira trechos da entrevista:
Pioneiro: Qual avaliação pode ser feita dessa nova configuração política do País até o momento?
Luis Carlos Heinze: O governo está caminhando, tem alinhamento bem diferente de outro governos. Comecei no governo Fernando Henrique (Cardoso/PSDB), passei por Lula (PT), Dilma (Rousseff/PT), Michel Temer (MDB). Esse governo (Bolsonaro) é mais voltado para as necessidade do povo, na responsabilidade dos gastos e essa ideia de gastar o que se tem, e "não passar o sinal". É diferente, é um governo bem focado, não promete o que não pode fazer, mas vem fazendo as coisas efetivamente acontecerem.
Qual é o andamento do projeto de implantação do porto no Litoral Norte?
Não vou dizer o local, nem Torres. Vou falar Litoral Norte para não "armar os gansos". Estamos definindo os terrenos, nesta semana devemos fechar isso. O porto é uma realidade. Desde 1955 a Marinha nunca mais tinha feito nenhum levantamento na costa gaúcha e fizeram para nós. A batimetria foi feita. Temos a profundidade necessária, maior que (do Porto de) Rio Grande. Em Arroio do Sal também, profundidade temos, as distâncias do mar não são muito longas. O Porto tem viabilidade. Agora definiremos terreno. Estamos vendo com donos de terrenos. Definido isso, vamos anunciar.
Com quem está sendo articulado tudo? As prefeituras têm envolvimento direto?
É negócio entre investidores e proprietários de terrenos. Dependendo da forma que for definida, eles (investidores) vão ser sócios do negócio. Está definido, vai sair, mas não posso dizer se é Arroio do Sal ou Torres, depende do arranjo com os donos dos terrenos.
O senhor apoia o projeto de aeroporto de Canela? Qual seria a prioridade entre esse aeroporto e o de Vila Oliva?
Quando estive em Caxias, o secretário Ronei (Saggioro Glanzmann, secretário nacional de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura) disse que o mais viável que temos, com estudos prontos, outorga, autorização para licitar concessão, estudos preliminares feitos, recursos garantidos, é o de Vila Oliva. As prefeituras têm arranjo importante. Fizemos uma reunião com prefeituras de Caxias e Gramado e entidades. Na segunda-feira (19) deve ser realizada reunião para fechar as pendências da licença ambiental, entre Caxias e a Fepam. Fizemos reunião com proprietários de terrenos da área e a avaliação já deve estar pronta. Agora começa a negociação com eles. O dia que fizemos reunião (em Caxias), o pessoal de Canela pediu ajuda, dissemos que sim, quem vier pedir ajuda, vamos ajudar. Mas o que vemos mais viabilidade hoje é no Aeroporto da Serra Gaúcha.
O que o senhor acha da indicação de Eduardo Bolsonaro para embaixador nos EUA?
Vou apoiar.
Considera ele apto?
Acho. Estava na Argentina semana passada e conversava com pessoal do próprio governo argentino, o embaixador da Argentina na Espanha também não é de carreira. Brasil também tem essa possibilidade. (Eduardo Bolsonaro) é um deputado qualificado, bem votado, acho que tem capacidade e vai se assessorar bem. O Itamaraty tem toda uma estrutura. Seguramente vai ajudar o Brasil.
O senhor é integrante do grupo ("Muda Senado") que é a favor da análise de impeachments de ministros do STF. Qual é a intenção desse movimento?
Nós já fizemos uma mobilização uns tempos atrás de mudar o Senado, mudar o Brasil, estamos retomando essa mobilização porque a população pediu. Nós entendemos que o (Dias) Toffoli e o Gilmar Mendes têm de ser investigados, qual é o problema? Estou disposto a abrir uma CPI para que se faça uma investigação. Por que os ministros têm de ser intocáveis? Não são.
Por que o senhor acha que ainda há tanta divisão política no País? O presidente incita de algum modo isso?
Bolsonaro é o jeito dele. Fui colega dele por 20 anos na Câmara, cutucava ele, ele espirrava. É o jeito dele, não vai mudar agora. É presidente, tá bom, cada um tem um jeito, um temperamento. O mais importante é que é sério, tem uma equipe séria, vários ministros excelentes. Eu que passei por vários presidentes, sinto que é o melhor grupo de governo que assisto ao longo dos 21 anos que estou em Brasília. Falou do pai do cara da OAB, falou "não sei o quê", eu não estou preocupado, o que importa é que tudo está acontecendo. Foco muito mais nisso, e menos no tititi.
O Governo tem oposição forte, em termos de opinião pública...
Não vou dizer nem tanto oposição. A Rede Globo, o tanto que ganhava dos governos e o que ganha hoje? Desmamou, secou a teta. Esses caras batem no governo de manhã até noite. Se pegar outras emissoras de tv, não vê as mesmas críticas. Estou mais preocupado que o Brasil está andando pra frente.
A sua relação com o ministro do Meio Ambiente parece bastante próxima. Também é uma gestão controversa.
Ele está sendo correto. Ah, "a Alemanha deixou de aportar R$ 155 milhões não sei o quê" no combate lá ao desmatamento da Amazônia. A Floresta Amazônia é nossa, não tem nada que Alemanha, Noruega, não sei o quê, vir feder e dizer o que tem de fazer aqui. Eu tenho muito interesse nessa questão, tenho posição muito clara há muitos anos. Ele foi debater conosco, falou dos dados do Inpe, esclareceu as questões. O Ricardo Salles é um cara polêmico, mas é centrado e não tem ideologia no processo.
O senhor tem contato com o prefeito de Caxias?
Às vezes que eu precisei, conversamos, temos tratado do assunto do aeroporto. Tenho boa relação, sem problema nenhum.
De zero a 10, que nota dá ao Governo Bolsonaro até o momento?
Sete.
Pode melhorar três?
Estamos trabalhando. Falamos com presidente, ministros, secretários, mas abaixo disso tem gente que puxa para trás. Que não tem interesse e torce contra o Brasil. Esses três que faltam é de gente que tenta puxar para trás.
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