Seis meses após a eleição presidencial que a deixou fora do Palácio do Planalto, Manuela D'Ávila (PCdoB) imprime um novo ritmo de vida. A candidata a vice-presidente da República na chapa então encabeçada por Fernando Haddad (PT) criou o Instituto E se fosse você?, que trabalha com "fake news" e rede de ódio e realiza debates sobre temas como maternidades e espaços públicos.
Manuela também virou escritora. Nesta quinta-feira (2), ela estará em Caxias para lançar seu livro de estreia, o Revolução Laura, pela editora caxiense Belas Letras. Nele, ela aborda como é conciliar a função de mãe com a militância política e social. O nome é uma homenagem à filha de três anos que a acompanha em atividades políticas desde que nasceu e ganhou mais visibilidade durante o período eleitoral de 2018.
— Eu brinco, mas escrevo sério que a Laura me salvou, porque mudou o clima da campanha. Foi a eleição mais violenta politicamente da história, mas eu tinha uma criança com conversas absolutamente diferentes daquelas que tinha com minha turma. Eu podia estar com a maior tensão do mundo e ela estava preocupada com os brinquedos, se ia poder ficar no hotel, se ia ter pão de queijo. Isso me obrigou, felizmente, a manter a minha saúde mental e não entrar nesse ambiente de tanto ódio — conta.
Embora sem mandato — após 15 anos, é a primeira vez que não ocupa cargo eletivo —, Manuela continua se dedicando à militância social e partidária e atenta a questões que considera preocupantes, como a reforma da Previdência, principal pauta do governo federal no momento. Para ela, a proposta penaliza as pessoas mais pobres, especialmente as mulheres.
— Como tornar equivalente (homens e mulheres) em um país onde mulheres ainda trabalham 26 horas e meia por semana nas suas casas? É o fim da Previdência pública como instrumento que permite a aposentadoria dos trabalhadores mais pobres — entende.
Barrar a reforma, segundo Manuela, está ao lado de outras lutas contra medidas que ela considera prejudiciais à sociedade brasileira, como o homeschooling, proposta de educação em casa, e o corte de recursos para universidades federais.
— Me assusta que nós possamos retroceder décadas na história do ensino brasileiro, sobretudo do Ensino Fundamental. Nós, que precisamos melhorar a qualidade do ensino ofertado, vamos tirar as crianças de sala de aula. Hoje o presidente anuncia corte de recursos das universidades que se manifestaram fortemente contra o governo dele, ou seja, é uma atitude muito similar à que acontece em regimes bastante fechados — diz.
Manuela, que já foi vereadora e deputada estadual e federal, já está trabalhando no segundo livro, que tratará sobre feminismo. A obra deve ser lançada no segundo semestre. Ela diz não ter planos de disputar eleição no próximo ano.
SERVIÇO
O quê: lançamento de Revolução Laura.
Quando: quinta-feira (sessão de autógrafos às 18h30min, seguido de bate-papo sobre emancipação das mulheres).
Onde: Bloco H da Universidade de Caxias do Sul.
Quanto: R$ 40 à vista e R$ 44,90 no cartão.