Os debates na Câmara Municipal de Caxias devem ser mais ácidos com a aproximação a eleição de 2020. Nas últimas semanas, os ataques dos vereadores de oposição à administração do prefeito Daniel Guerra (PRB) ganharam fôlego. Os discursos inflamados são estratégias de ataque e defesa dos partidos e candidatos à prefeitura para o próximo ano. Do outro lado, os parlamentares da base do governo unem forças para defender o governo municipal e partem para o contra-ataque às administrações dos ex-prefeitos Alceu Barbosa Velho (PDT) e José Ivo Sartori (MDB).
Com apenas dois vereadores de situação, o prefeito resolveu reforçar a bancada e mandou de volta à Câmara o vereador Renato Nunes (PR), que permaneceu por apenas três meses à frente da Secretaria da Habitação. Com a mudança, Guerra tirou o primeiro suplente Tibiriçá Maineiri (PRB) do Legislativo e o reintegrou à Coordenadoria de Acessibilidade. No terceiro mandato, Nunes tem experiência, conhecimento da história política recente da cidade e vai para o enfrentamento com os colegas.
A outra mudança foi de postura. O vereador Elisandro Fiuza (PRB), líder do Governo Guerra, até então de comportamento diplomático, começou a contrapor seus colegas de oposição e revidou as críticas ao Governo Guerra na sessão de quinta-feira. A reação causou certa surpresa.
Outro parlamentar que mudou a conduta é Adiló Didomenico (PTB). Forte candidato à prefeitura, o trabalhista voltou a criticar algumas medidas do governo municipal como a revitalização da Praça Dante Alighieri. Os vereadores do MDB Edson da Rosa, Felipe Gremelmaier e Paulo Périco também têm criticado algumas ações como a possível transformação da Secretaria do Esporte e Lazer em um departamento na Secretaria da Educação, e também as mudança na Dante. Especulado para concorrer a prefeito por outro partido, Edson tenta ganhar espaço com críticas pontuais a Guerra.
Com quatro parlamentares, o líder da bancada do PDT, vereador Rafael Bueno, faz a oposição mais veemente contra o prefeito. Também é o principal guardião do Governo Alceu. Com menos experiência, Ricardo Daneluz e Velocino Uez conduzem seus mandatos de maneira independente. Recentemente, Uez tem se mostrado mais irritado com o governo municipal. Já Gustavo Toigo tem pautado seu mandato prioritariamente com temas relacionados ao setor do turismo.
O vereador Kiko Girardi (PSD) é outro que também tem apontado os erros da administração Daniel Guerra. Em algumas ocasiões, mostra-se irritado com o chefe do Executivo. Kiko não descarta concorrer a vice-prefeito e diz que o partido está aberto a negociações.
Diferente de outros anos, os vereadores petistas Denise Pessôa e Rodrigo Beltrão estão menos contundentes. Os dois estão fora da disputa majoritária pelo PT. Assim, o partido não tem sua força amplificada na Câmara. Denise deve concorrer à reeleição e Beltrão procura um novo partido para disputar a prefeito.
OS DISCURSOS NO PLENÁRIO
Ele (prefeito Daniel Guerra) nunca teve respeito com nós (Câmara), mas com quem votou no senhor (Tibiriçá Maineri) e principalmente com o senhor. É de dar nojo esse tipo de atitude (a ida de Tibiriçá para a Coordenadoria de Acessibilidade e o retorno de Renato Nunes para a Câmara), é de dar nojo a gente continuar na política dessa maneira - Kiko Girardi (PSD)
Esses dois vereadores (de Monte Belo do Sul) são produtores de uva e de vinho, são agricultores. Para eles é uma coisa inconcebível, um município do porte de Caxias do Sul ficar fora (da programação do Dia do Vinho). Essa é a polêmica de número 176 - Adiló Didomenico (PTB)
Tem algumas coisas dentro da política partidária que eu nem quero entender (...), mas lamentar. Então essa questão de discurso, que não dá para se investir R$ 3 mil numa atividade de turismo (participação de Caxias do Sul na programação do Dia do Vinho) - Edson da Rosa (MDB)
Lamentar que, mais uma vez, a chamada nova política se demonstre a mais velha, arcaica política, do jeitinho da politicagem. E hoje nós vemos que tudo que o então vereador imputava aos outros era um espelhamento - Rodrigo Beltrão (PT)
Cada violência acontecendo na nossa cidade tem as mãos do prefeito de Caxias do Sul, Daniel Guerra - Rafael Bueno (PDT)
Tem umas 50 folhas aqui, vereador Uez. Tudo pertencente ao seu governo, tudo na época em que o senhor era subprefeito de Galópolis, tudo na época que o seu prefeito era o Alceu. E não foi feito nada que diz respeito a essa obra (alteração de traçado da Curva do Tháca, em Galópolis) - Renato Nunes (PR)
O Pioneiro perguntou se as manifestações em plenário já indicam estratégias eleitorais
As minhas manifestações estão respaldadas no clamor das pessoas, entidades e instituições que vêm até a Câmara reivindicar seus direitos que são saqueados pelo prefeito. A função do vereador é fiscalizar permanentemente e não só em período pré eleitoral - Rafael Bueno (PDT)
Em síntese tenho dito que há dois campos ainda fazendo o acerto de contas de 2016. Eu procuro fazer uma oposição responsável e não sistemática - Rodrigo Beltrão (PT)
As manifestações da Câmara são de acordo com os fatos do momento visando ao interesse público. Para o próximo ano sequer existem candidaturas postas - Adiló Didomenico (PTB)
Mostro para a população o quanto essa administração está perdida e autoritária, dificultando o trabalho dos vereadores e lideranças comunitárias, e assim deixando as demandas sem ser atendidas, e assim mostrar que, se fizer obras daqui para frente, são só eleitoreiras. Dessa forma, acredito eu que podemos defender com mais tranquilidade um outro nome para prefeito - Kiko Girardi (PSD)
As manifestações na Câmara fazem parte da dinâmica do parlamento. É natural que haja debates e por vezes precisemos ser mais incisivos. Procuro manter uma postura conciliadora e com serenidade, entretanto existem certos momentos em que é preciso pontuar para restabelecer os fatos. Não creio que as falas impactem diretamente como estratégia para eleição - Elisandro Fiuza (PRB)