O advogado Maurício Flores foi eleito, no sábado (18), presidente do PDT de Caxias do Sul. Nesta entrevista, ele fala sobre a crise no partido, possível saída de vereadores da sigla e projeções para a eleição do ano que vem. E ressalta que o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho só não será candidato em 2020 ao Executivo se não quiser. Confira:
Pioneiro: O senhor reconhece a crise no partido?
Maurício Flores: Está muito claro que os vereadores foram procurados. Não haveria sentido montar chapa de unidade partidária, que é o que conseguimos, se não tivéssemos procurado nossas principais lideranças. Por algum motivo, acabaram se afastando dessa unidade e apresentaram uma chapa. Mas pela responsabilidade que temos, tivemos de continuar com a chapa sem eles. Eles não apresentaram a chapa e nós apresentamos. Não há um racha no campo político, no PDT somos todos correligionários, somos bons amigos e parceiros dos vereadores.
E sobre as possíveis saídas dos vereadores do partido?
O diálogo deverá pautar as atitudes do partido e dos vereadores. Acho temerário falar de saídas agora, porque a gente não sabe quem pode sair e nem quem pode entrar.
Algumas imposições do novo regimento podem ter influenciado na crise do partido?
Pode ter tido influência o regimento interno, sim, mas ele é baseado no estatuto nacional, que é de 2004. Nosso regimento interno não faz nada que contrarie o nacional. Sobre questão de cercear mandatos, por exemplo, isso não existe. O partido não pode pedir para o vereador mostrar os projetos. Agora, os vereadores devem conhecer as bandeiras históricas dos seus partidos. Quando todos eles concorreram, eles assinaram um termo em que conheciam as nossas bandeiras e o estatuto nacional e agora vão ter que assinar um de que reconhecem o regimento interno.
E o que, então, teria motivado esse racha no partido?
Se teve um motivo de ter tido racha, talvez tenha sido a falta de participação dos vereadores nas reuniões do partido e a falta de conhecimento do estatuto. O partido não se mete com vagas que são de vereadores, o que o partido pede que os vereadores participem. O partido não se mete com vagas que são de vereadores. O que o partido pede é que eles participem.
Sobre as eleições municipais do ano que vem. Adiló Didomenico, pré-candidato a prefeito pelo PTB, esteve na convenção. Paulo Périco, presidente municipal do MDB, também. Já sondam algo nesse sentido?
O PDT não vai cometer os mesmos erros que cometeu. Se tivemos (erros), não vamos mais dar espaço de cometê-los. Vamos trabalhar com pesquisas. Por quê? Porque ninguém tem a quantidade de nomes que o PDT tem: o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho só não é candidato se ele não quiser. E nós vamos trabalhar com pesquisa, nos bairros e junto da população. Nossa busca é conectar-se com as pessoas e dialogar.
O vereador Rafael Bueno sugeriu uma possível nova coligação com MDB. A colocação foi inconveniente?
Não, achei conveniente, mas foi prematura, tanto para nós quanto para o próprio MDB. Temos de entender que o MDB foi nosso grande parceiro nos últimos 12 anos, mas o PDT não pode pautar o MDB e nem o MDB (pautar) o PDT. Vamos, talvez, em algum momento, debater com ele (MDB) ou com qualquer outro lado. Tem uma frase do Getúlio Vargas que simboliza o momento político atual: não há nenhum inimigo que eu não posso me reconciliar. E se podemos nos reconciliar, com certeza podemos nos reconciliar com nossos amigos.