A líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara Federal, deputada Joice Hassellmann (PSL-SP) admitiu que a reforma da Previdência vai sofrer ajustes em pelo menos dois pontos: no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e na aposentadoria rural. Desde sexta-feira, ela cumpre agenda no Rio Grande do Sul e neste sábado participou de um encontro com o setor vitivinícola que apresentou o projeto de lei que tramita da Câmara dos Deputados e que propõe a criação da Zona Franca da Uva e do Vinho. O evento aconteceu no Spa do Vinho, em Bento Gonçalves.
Antes do evento, Joice concedeu uma entrevista coletiva e afirmou que o Governo Bolsonaro não irá abrir mão da espinha dorsal da reforma da Previdência que é uma economia de R$ 1 trilhão em 10 anos.
_ Tenho pedido muita sensibilidade aos parlamentares, inclusive aos parlamentares aqui do Sul, para que nós não desidratemos a reforma a ponto de termos uma reforma anoréxica. Preciso de uma reforma com (uma economia de) R$ 1 trilhão garantido.
Na entrevista, Joice ainda comentou sobre as manifestações polêmicas dos filhos do presidente Jair Bolsonaro, os ataques do guru do governo, o escritor Olavo de Carvalho, as crítica do ex-presidente Lula ao Governo Bolsonaro e negou que o governo pretende liberar R$ 40 milhões em emendas a cada deputado que votar a favor da Previdência.
_ É mais fake que uma nota de três dólares. Isso não existe, isso não existe, isso é mentira, é uma mentira tão deslavada, tão deslavada, que é difícil até de responder.
A pauta de costumes atrapalha a reforma da Previdência?
Não. De maneira nenhuma. Até porque há tempo para todas as coisas. O tempo agora é o da reforma da Previdência, da nova Previdência e na sequência do próximo pacote envolvendo a economia como a reforma tributária e também a revisão do pacto federativo. A pauta de costumes vai andar concomitante a isso, mas nesse momento todo o foco do governo e do Congresso está voltado para a nova Previdência então não tem como atrapalhar. Ademais o Congresso é gigantesco, tempos 513 deputados e 81 senadores e não é possível que consigamos discutir mais do que eu tipo de pauta com as casas daquele tamanho.
Qual a melhor marca do governo Bolsonaro?
A honestidade, a franqueza, a clareza. Todo o resto a gente ajusta. Se uma pessoa não está fazendo o trabalho bem feito troca como ele já trocou ministro. Quando não tem honestidade, franqueza e transparência aí não tem jeito.
E qual a dificuldade?
A dificuldade é a gente terminar de afinar o time. Agora há pouco trocou o ministro da Educação, um novo ministro está chegando e é um excepcional gestor e acho que vai dar muito certo, mas tem que fazer os ajuste ali. E também os ajustes com o Congresso Nacional que está cabendo a essa que vos fala. É um baita de um trabalho fazer essa pavimentação, construir uma ponte do Congresso para o Palácio do Planalto, uma ponte sem porteiras para a gente ter um livre diálogo, um livre trânsito e construir um Brasil juntos.
A base do governo está alinhada para defender a reforma da Previdência?
A gente viu os bons números na CCJ. O próprio governo aguardava 43 votos e tivemos 48. Tivemos mais do que a conta feita pelo próprio governo. A gente sabe que tudo é um processo de construção e porque aprovou na CCJ é certo que vai aprovar no plenário, mas a gente está caminhando para essa aprovação. E a reforma vai sofrer ajustes porque há muitos líderes que dizem que não concordam com alguns pontos. É melhor a gente flexibilizar alguns pontos e manter os votos do que ir para o enfrentamento e perder esses votos. Eu não vu perder voto nenhum. Agora tenho pedido muita sensibilidade aos parlamentares, inclusive aos parlamentares aqui do Sul, para que nós não desidratemos a reforma a ponto de termos uma reforma anoréxica. Preciso de uma reforma com R$ 1 trilhão garantido.
O que o governo não abre mão na proposta original da reforma da Previdência?
A gente só não abre mão da espinha dorsal, do valor. O que vai se mexer no Congresso é um problema do Congresso. Não gostou do BPC, não gostou do rural, são dois pontos que estão pegando muito desde a apresentação do texto. Vamos discutir, não tem problema. Agora a gente não pode desidratar muito por que senão ela perde a razão de ser. Ela resolve um problema desse governo ou daqui a mais quatro anos e quando chegar o próximo governo vai ter confusão. A gente quer resolver o problema do Brasil para duas, três décadas. Não é uma reforma de um governo. É uma reforma do país. Estou buscando votos de todo mundo, inclusive da oposição. Ou queremos um Brasil crescendo, com geração de emprego, dinheiro no bolso do brasileiro, investimentos aqui ou a quebradeira generalizada a começar pelos estados. Um voto para um país grande e acho que qualquer parlamentar vai votar por isso, mesmo aqueles que criticam o governo.
As críticas dos filhos de Bolsonaro e do escritor Olavo de Carvalho a integrantes do governo atrapalham?
Eu não falo nada que envolva a família do presidente da República. Não respinga (na família brasileira). Enquanto a gente ficar fazendo futrica e dando atenção para o que disse o filho do presidente, deixa a família presidencial tocar a vida e escrever o que quiser. Eles podem falar o que quiserem. O Olavo de Carvalho é um grande amigo querido, meu parceiro, me chama de meu anjinho, fez campanha para mim, e eu vejo que ele está em atrito com uma ou outra figura do governo, que são figuras que eu gosto muito que são os generais. Eu fico entre a cruz e a espada. Não vou criticar nenhum e nem o outro. A minha ideia é pacificar esse país.
A distribuição de R$ 40 milhões de emendas é uma forma de toma lá da cá?
A Folha de São Paulo deu uma notícia absolutamente fake. É mais fake que uma nota de três dólares. Isso não existe, isso não existe, isso é mentira, é uma mentira tão deslavada, tão deslavada, que é difícil até de responder. Emenda parlamentar não se coloca no bolso do parlamentar. Já há a liberação de emenda parlamentar desde dois meses atrás, porque é uma coisa impositiva e tem que pagar. O governo está liberando as emendas conforme tem orçamento para fazer estrada, posto de saúde, hospital. Trata-se uma coisa tão séria, que é tão importante para os municípios como se fosse bandidagem. É por isso que o Brasil não é levado a sério.
O ex-presidente Lula chamou o Governo Bolsonaro de "um bando de malucos". Qual a sua opinião?
O chefe de um bando de ladrões não tem nenhuma autoridade para fazer qualquer julgamento desse ou de qualquer governo. Esse é um governo decente, honesto e que não pesa nenhuma vírgula em relação a corrupção. O ex-presidente e atual presidiário Lula que restrinja-se a sua insignificância de presidiário. Essa liminar para que ele dê entrevista é uma tentativa de iniciar uma campanha política. Ele entrou na cadeia e não sai da cadeia pelo menos pelos próximos 20 anos por que vai ser condenado em outras tantas ações. Não vou fazer comentário com bandido porque daqui a pouco vou ter que comentar as declarações do Marcola, do Fernandinho Beira-Mar.