Ao chegar no sétimo ano à frente da prefeitura de Bento Gonçalves, Guilherme Pasin (PP) considera a gestão bem encaminhada e já indica dedicação a assuntos regionais. Na última sexta-feira, ele foi eleito presidente da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne), que compreende 35 municípios.
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Reeleito com mais de 65% dos votos válidos em 2016, ele atribui o decorrer do segundo mandato como “tranquilo” e reafirma boa relação com o Poder Legislativo. Ao Pioneiro, Pasin avaliou sua segunda gestão e as expectativas para o tempo que resta do seu governo.
Já ultrapassamos a segunda metade do segundo mandato. O que avaliar do que passou e projetar do restante?
O segundo mandato é de entrega, realizações. Temos pacote de investimento de obras muito grande, que representam, em valores, R$ 40 milhões direto do município, além de recursos de concessões administrativas e parcerias público-privadas (PPPs) que estão tramitando. Ao todo, temos pacote de mais de R$ 640 milhões de investimento. São mais de 110 (projetos) que serão entregues este ano, 25% entregues e o restante em execução e licenciamento. Estamos satisfeitos e podemos nos dedicar à pauta regional, que é de grande fundamento.
E o que há de pendente?
Pautas voltadas à infraestrutura e à manutenção da excelência dos nossos serviços, como é caso da educação, da saúde com o financiamento compartilhado do Estado e da União. A parte municipal a gente faz e ainda faz parte do (que caberia ao) Estado e do Governo Federal. O que precisamos é a regularidade dos compromissos.
Qual sua expectativa frente à Amesne?
Pretendemos priorizar a manutenção da pauta já estabelecida, com temas como saúde pública, infraestrutura, desenvolvimento, apoio e fortalecimento da atividade municipalista. Destravar pautas na região, discutir infraestrutura tanto nas facetas estadual e federal e tudo que se refere a investimentos nos acessos e escoamentos da nossa produção.
Bento forma com Caxias os maiores municípios da região. Essa relação pode ser melhorada?
Por quê? Existe algum distanciamento?
Não sei, existe?
Não, de forma alguma. Inclusive na montagem da chapa (para a Amesne) entrei em contato com o prefeito Daniel (Guerra, do PRB) convidando-o a fazer parte do movimento, mas ele expôs as razões de manter foco em Caxias do Sul, porém se colocou inteiramente à disposição. Comentei ser imprescindível a presença do prefeito em assuntos de maior vulto, como Porto de Torres, prolongamento da ERS-448, conclusão da BR-470, e ele se colocou inteiramente à disposição. Somos integrados. Inclusive, o secretário (Emílio) Andreazza (de Desenvolvimento Econômico de Caxias) esteve aqui recentemente e coloquei a ele que vou demandar muito a presença e o apoio na figura do prefeito de Caxias do Sul. A região unida é imbatível.
E com relação à trimestralidade (prefeitura suspendeu repasse ao funcionalismo por três trimestres consecutivos), há alguma previsão se haverá estabilidade nessa situação?
A lei é clara e faculta ao poder público municipal a condição de pagar o reajuste trimestral. Portanto, é uma faculdade que autoriza, não obriga. Foi uma lei criada por mim com o objetivo de resgatar todo o passivo histórico que a administração municipal tinha com os seus servidores. Era um percentual muito grande de dívidas, e o reajuste trimestral foi condição de encaminharmos essas situações. E conseguimos. A inflação acumulada era de 33%, a gente deu 48% de reajuste aos nossos servidores. Agora a gente entra num fluxo de condição econômica. Se a economia progredir de acordo com os indicadores inflacionários, a gente trabalha de forma trimestral, se não, a gente trabalha de forma anual.
Não pode ser descartada a possibilidade desse mecanismo ser adotado novamente?
Claro que não. É é uma magnífica condição de entendermos o mercado. “Opa, a inflação disparou, os produtos ficaram caros demais e não tem como esperar o caráter anual para liberar.” Então a gente libera para fazer (o reajuste) a cada três meses. O que não podemos esquecer é a diferença entre a faculdade e a obrigatoriedade. Essa história de que benefício dado é pétreo, é direito adquirido, é a grande bobagem que fez com que o Brasil entrasse em colapso.
Neste mandato o senhor enfrentou um pedido de impeachment...
Ah, qual é meu caro, 15 dias depois o Tribunal de Contas aprovou minhas contas em cima do argumento que estava sendo colocado. Peço até desculpas, mas ficar opinando em cima de bobagem é complicado.
A questão é: isso demonstra um comportamento mais agressivo da oposição. O senhor sofre uma forte oposição em Bento?
Não, de forma alguma. Reconheço o valor da oposição e sei dividir o que é interesse político e o que é benefício à população. O valor de uma função fiscalizadora é extremamente importante. E temos um curso de mandato bastante tranquilo.
E a implantação da penitenciária (Estadual de Bento), como está o acompanhamento dessa pauta e da demolição da antiga estrutura? (A última previsão era de inauguração para maio).
A antiga estrutura vai ser demolida. Vai ser fechada tão logo o último preso for transferido. Não arredamos o pé com relação a isso. Já ingressamos judicialmente com processo de interdição tendo em vista o caráter precário de atendimento aos apenados. Não adianta a gente esperar que o poder público ressocialize e mesmo assim não dê estrutura para ressocializar. O atual presídio é caso de saúde pública, falta de segurança, indutor da criminalidade e não recupera ninguém. Justamente por isso trabalhamos na construção de uma nova casa prisional ampla, com ambiente passível para a recuperação.
Outra demanda do município é com relação à construção do túnel (a ser construído na BR-470, no acesso norte).
Sim, está tudo bem encaminhado. Obtemos financiamento junto ao Governo Federal. É uma situação que acontecerá dentro deste ano e está contemplado no nosso pacote de 110 obras.
E o Governo Bolsonaro? Está aprovando?
É um governo que está buscando fazer o melhor para a nação. Enfrenta de forma corajosa as reformas para o desenvolvimento do país. Não se exime da responsabilidade de pautar assuntos polêmicos e está tateando dentro do processo de gestão, está avançando. Sou apoiador de todos os governos, dependo dos sucessos dos governos estadual e federal. Então, aprovo, lógico, sempre com ressalvas pessoais, mas aprovo e apoio.