Na véspera do Dia Internacional da Mulher, o vereador de Nova Petrópolis Cláudio Gottschalk (PDT) fez uma declaração polêmica no final da sessão ordinária da Câmara da cidade, na quinta-feira. Após a única vereadora mulher do Legislativo, Kátia Zummach (PSDB), apresentar duas proposições alusivas à violência contra a mulher e estimular debate sobre o tema, o pedetista manifestou-se em tom crítico:
— Eu quero dizer uma coisa para vocês: falam tanto em mulheres, tantos problemas, agora uma mulher que se preste, uma mulher decente não dá tanto problema. Isso é uma coisa que eu vou te dizer (para a vereadora). Uma mulher que se presta, porque eu ando muito nesse mundo, não dá tanto problema. O problema é (sic) as chinelonas — afirmou Gottchalk.
E acrescentou:
— Olha, no município de Nova Petrópolis, quantos problemas tem... Eu acho muito pouco. Fica até feio faixas nos banheiros ou órgãos públicos, faixa com telefone para denunciar. É muito pouquinho — comentou ao repercutir a indicação da vereadora, que propõe a instalação de faixas com orientações sobre canais de denúncias.
Imediatamente após a declaração, a vereadora rebateu:
— As estatísticas comprovam. A violência não existe entre mulher que presta e não presta. Várias donas de casa diariamente sofrem violência doméstica. É muito grave esse tipo de questionamento porque, em primeiro lugar, o que é uma mulher que presta? A mulher tem direito de usar o que quiser — respondeu a vereadora durante a sessão.
Em seguida, Gottchalk tentou se defender e argumentou que o debate sobre o tema não interessaria, pois em Nova Petrópolis, segundo ele, há poucos casos de violência contra a mulher.
— Não foi sobre o jeito de se vestir que eu me referi. Eu sou um cara bruto, criado no meio do mato. Nós temos que olhar problema das mulheres no nosso município. O que acontece fora, a gente não tem que estar cuidando. Aqui no município acontece poquíssimo, agora se está acontecendo fora, não interessa. Se é Porto Alegre, Caxias... — salientou Gottchalk.
Vereadora repudia declarações
Um dia após a sessão, a vereadora Kátia Zummach (PSDB) ainda se diz chocada com o pronunciamento do colega parlamentar.
— Isso só prova que existe muito esse machismo e essa teoria de que a culpada é sempre a mulher. Como se algum tipo de violência fosse justificável. (O vereador)menosprezou e chamou de chinelonas. As estatísticas estão aí, diversas mulheres sofrem diversos tipos de violência.
Ela reitera que as colocações de Cláudio Gottschalk foram inadequadas, principalmente no contexto em que ela propunha o debate sobre o tema.
— O grande problema é que as mulheres não têm coragem de denunciar. Os números na verdade são muito maiores. E daí ele vem com uma mensagem totalmente descabida. Fiquei muito chateada — complementa.
Segundo a vereadora, muitas mulheres já entraram em contato com ela para manifestar repúdio às declarações de Gottschalk
— Diversas mulheres já estão se mobilizando. Não podemos aceitar esse tipo de declaração, muito menos de um vereador. Não se pode menosprezar a violência. A expressão que ele usou de que "é muito pouco", a gente sabe que na nossa cidade há muitos casos, mas as mulheres não denunciam.
Como forma de repreensão à manifestação de Gottschalk, Kátia informou que convocou representantes da Secretaria da Saúde e do Conselho da Mulher para apresentar dados e informações na sessão ordinária da próxima segunda-feira (11).
O Pioneiro tentou contatar o vereador Claúdio Gottschalk (PDT), mas a ligação deu na caixa postal