O PDT de Caxias do Sul restou esfacelado após a eleição do ano passado. Em dois meses, dois presidentes da sigla caxiense pediram afastamento da presidência. Na última sexta-feira, o presidente em exercício e ex-deputado estadual Vinicius Ribeiro anunciou seu pedido de licença da presidência e do partido em Caxias. O motivo seria o retorno da deputada Regina Becker Fortunati (PTB) para a Assembleia, o que lhe retirou uma cadeira durante o recesso. Ela havia assumido a Secretaria do Trabalho e Assistência Social do Governo Leite, mas deixou o cargo para voltar ao parlamento até 31 de janeiro. Antes disso, a Assembleia teria "esquecido" de convocar Vinicius para participar da sessão extraordinária que votou a estrutura administrativa do Estado, com criação e fusão de secretarias.
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Após o anúncio do retorno de Regina à Assembleia, Vinicius publicou texto em sua página no Facebook anunciando a decisão do afastamento do partido.
_ Ocorre que hoje (sexta) soube que voltaram atrás, tornando sem efeito a minha convocação.
Deveriam ter me chamado e não me chamaram. Deveria ter participado da sessão e não me oportunizaram. Isso é uma prática da velha política na qual eu condeno. Não posso concordar com esse tipo de postura. Vou dar um tempo para pensar em novos desafios e projetos _ escreveu.
Questionado se o afastamento do partido é temporário e se analisa deixar o PDT, Vinicius afirmou que é "muito difícil voltar atrás". A resposta indica que não há mais clima e nem espaço para Vinicius manter-se na sigla. Sempre muito moderado, revelou que já recebeu quatro convites de filiação.
_ Já recebi quatro convites, mas não quero me filiar por enquanto. Vou continuar ajudando as pessoas porque eu quero uma solução para o cidadão, e não para o político. Às vezes, vivemos de tal forma que precisamos ir à superfície para respirar.
Vinicius afirmou ainda que não sabe a origem da falha da comunicação ao não ser convocado para assumir como deputado e nem de quem foi a decisão da anulação da convocação, mas que "o fato aconteceu com a anuência do partido (o PDT)".
No início de novembro do ano passado, o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho deixou o comando do partido devido à oposição de três setores do PDT _ a Juventude Socialista e os movimentos Comunitário e Sindical _ após ter declarado apoio a Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno da eleição. Alceu contrariou a orientação do PDT nacional, de apoio crítico a Fernando Haddad, o candidato do PT.
Com a saída de Alceu e Vinicius, a 2ª vice-presidente, Maria Aparecida Stecca, a Cida, liderança comunitária caxiense, avalia as mudanças no partido. Segundo ela, as saídas não vão influenciar nas próximas eleições municipais.
_ O Vinicius não está saindo do PDT. Ele pediu uma licença. A mesma coisa fez o Alceu. Acredito que mais para frente eles acabarão voltando.
Questionada se Vinicius ainda teria espaço, mesmo após fazer críticas à direção nacional e estadual, Cida afirmou que todos os filiados devem defender o trabalhismo de Leonel Brizola.
_ A primeira bandeira do PDT é a defesa do trabalhador, a segunda é a educação e a terceira é defender as minorias. Não tem como estar dentro do PDT sem defender essas bandeiras. Quem bater de sempre com isso, o PDT vai ser contra.
O PDT realizará nova eleição para o diretório municipal em maio.
O QUE DIZEM
O Pioneiro colocou duas perguntas para algumas lideranças pedetistas. Como avaliam o afastamento de dois presidentes do PDT em um período de dois meses e se a saída deles prejudica o partido.
"O afastamento temporário foi uma decisão pessoal deles. Lamento, devido à importância e à história do Alceu e do Vinícius no PDT e no cenário político. É importante para o partido ter lideranças como o Alceu e o Vinícius." Ricardo Daneluz, vereador
"Conhecendo Alceu e o Vinicius como conheço, depois de passar por um processo eleitoral que sempre é muito desgastante, fizeram uma avaliação e optaram por se dedicar à vida pessoal ou dar um tempo. Por se tratar de duas lideranças ativas, se dedicam muito em benefício das pessoas. (Sobre as saídas de Alceu e Vinicius prejudicarem o partido) Não, porque eles continuam sendo membros do partido e vão continuar participando das discussões internas do partido." Velocino Uez, vereador
"Normal, são ajustes comuns dentro de um partido em situações de transição. Nenhum afastamento teve motivação que represente gravidade. Posições pessoais que devem ser respeitadas. Apenas mudanças que, com o tempo, tendem a ter solução de continuidade. O PDT em Caxias continuará forte. De forma alguma (prejudica o partido). O PDT de Brizola é dinâmico, que busca nas bases lideranças jovens, mulheres, trabalhadores e diversidade." Rafael Bueno, vereador
"Chegou o momento de o partido discutir o assunto amplamente, envolvendo tanto quem está na ativa quanto os que não estão, mas que têm importância histórica, para preparar um diretório forte, diversificado e em consonância com as demandas da comunidade caxiense. (Prejudica o partido) Um pouco. Filiados elegem uma chapa para tocar o partido. No momento de sua desconfiguração original, gera uma apreensão interna. Mas tudo se resolve com discussão e diálogo respeitoso e elevado. O PDT, internamente, vai ser grande para resolver e superar isso." Gustavo Toigo, vereador
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