O cantor nativista Luiz Marenco, 54 anos, tomará posse no dia 31 de janeiro de 2019 para seu primeiro mandato de deputado estadual. Na eleição de outubro, o pedetista obteve 24.607 votos e garantiu a quarta e última cadeira da sigla na Assembleia Legislativa. Esta foi segunda vez em que o músico concorreu a uma vaga na Assembleia.
Marenco pretende trabalhar para a valorização da cultura e a educação e quer contribuir com as áreas da saúde e do meio rural. O deputado eleito disse que pretende contribuir com os governos de Eduardo Leite (PSDB) e do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
Confira a entrevista:
Pioneiro: Por que decidiu ingressar na política?
Luiz Marenco: Faz 30 anos que eu canto. Quando comecei a cantar em 1988, havia quase 60 festivais no Rio Grande do Sul e, com o tempo, eles foram terminando por falta de apoio dos governos e das dificuldades dos municípios. Diminuindo o número de festivais, diminuiu o número de participantes. Eu falo de cultura e educação. A cultura também gera (move) a economia. No momento que o festival acontece no município, os hotéis, os restaurantes, o senhor que vende a pipoca na frente do evento, todos geram a economia. 4% do PIB do país é gerado pela cultura. Essas são as bandeiras que eu conheço. Outras talvez não conheça tanto, mas também quero contribuir. Acredito que posso ajudar a mudar muita coisa no nosso Estado. Na semana passada, estive em um curso para deputados e pude aprender um pouco como funciona aquela máquina (a Assembleia), como funciona a "casa do gaúcho". Além de mim, tinha mais 27 novos deputados estaduais. As cabecinhas todas limpas, pensantes. Acredito que pessoas (os eleitos) que querem fazer o bem. Eu acredito que as coisas vão mudar bastante e eu quero fazer parte dessa mudança. Eu quero contribuir com aquilo que aprendi com a vida.
Como se define politicamente?
Eu sempre opinei nas minhas músicas. Me defino uma pessoa clara e que defende o seu pensamento. Se estou errado, peço desculpa. Sempre fui um ser político pelos motivos que eu cantei. Me perguntaram se sou de esquerda, de direita. Uns falam que sou de esquerda porque "a música aquela me faz pensar que tu é esquerda", outros dizem que sou de direita, outros que sou de centro. Eu não sou b... nenhuma. Eu sou um cara que quer fazer o bem. A minha música sempre fiz com o coração. Todas as músicas que compus, só gravei porque gostava. Nunca me importei de gravar algo que os outros gostassem porque não estaria sendo sincero comigo. Vou aceitar ou não as coisas que vão surgir no mandato. Vou defender as minhas ideias. Sou pelo bem e pelas coisas que são certas.
Quais serão as prioridades do seu mandato?
A cultura e a educação. Eu acredito que isso é meio óbvio. Se a gente der cultura e educação para uma criança, vamos gastar menos com segurança. Vai se tornar um homem de caráter. Minha esposa é da área da saúde e eu conheço os problemas. Ela ficou seis meses sem receber (salário). O hospital de Santana da Boa Vista fechou e hoje é um pronto-atendimento. A saúde está doente. Eu tenho meia dúzia de hectares e tenho amigos que têm campo e sei das dificuldades. A gente vive um pouco de cada coisa, mas não vive profundamente. Vou aprender como ajudar me cercando de pessoas.
O senhor obteve 1.327 mil votos em Caxias do Sul. O senhor conhece as principais demandas da cidade?
Eu sei que a segurança de Caxias precisa de um carinho muito grande. Eu tenho amigos aí, tem o vereador Rafael Bueno (do PDT), e queremos criar com o Marlon Santos, que se elegeu deputado federal, um triângulo com ações para beneficiar a população com as coisas que precisam. O Rafael vai me ajudar muito por que ele vive e sabe o que precisa.
O PDT declarou independência ao Governo Eduardo Leite. O senhor seguirá essa decisão?
Não, eu não vou seguir. Recentemente, conversei com o governador eleito Eduardo Leite na casa dos pais dele em Pelotas. Por telefone, já tinha falado com ele quando estava na Inglaterra, e agora repeti o que tinha falado para o Eduardo quando ainda o partido não tinha decidido apoio ou oposição. Falei para o Eduardo: "o meu partido é o PDT, é uma sigla. Eu sou um ser humano". As pessoas que me colocaram nesse mandato acreditam que eu posso fazer algo diferente do que já foi feito. Tudo que ele (governador) fizer que beneficie as pessoas, que não prejudique ninguém vou apoiar. Eu não dou bola para partido, vou estar com ele. Vou apoiar e estar sempre junto. Essa é a minha maneira de fazer política.
Qual a sua opinião sobre a privatização do Banrisul? E de outras estatais
Tenho muitos amigos funcionários do Banrisul. Na minha campanha, fiz vídeos dizendo que sou contra a privatização. É muito fácil um banco que dá bilhões de lucro alguém comprar. É muito fácil comprar um banco que vai te encher os bolsos de dinheiro. Sou contra a privatização do Banrisul, da Corsan. Já falei antes e sigo falando.
Como pretende conciliar a carreira de cantor nativista com a de deputado estadual?
Vai ser bastante corrido. Terça, quarta e quinta estarei na Assembleia. Não vou poder cantar todo o mês. Vou ter que ter um descanso, tem a minha família, vou ter que achar um tempo para estar em casa. Não vou cantar como cantava antes. A minha música é o mais importante. Vou seguir cantando porque vivo da minha música, é por ela que lutei, sempre sonhei em ser cantor e deixei um rastro maravilhoso, graças à Deus. Nunca vou deixar de cantar. Talvez não consiga fazer o mesmo número de shows.
Qual a sua expectativa para o governo Bolsonaro?
Eu torço que Deus ajude muito. Ele não foi meu candidato a presidente. Meu candidato foi o Ciro Gomes. Mas eu torço para que ele faça um mandato de quatro anos maravilhoso e que ajude nosso povo que precisa tanto. Eu no que for possível vou ajudar e apoiar. O que for para o bem estarei sempre junto.