O prefeito de Veranópolis, Waldemar De Carli (PMDB), foi reeleito presidente da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste, a Amesne, entidade que representa 34 municípios da Serra. Segundo De Carli, a prioridade número um da Amesne é encontrar uma solução para a falta de atendimentos de cirurgias ortopédicas para pacientes da região.
– Os municípios não estão sendo atendidos na nossa referência que é o Hospital Pompéia. Ele não tem atendido nenhuma cirurgia para os municípios pertencentes à Amesne.
De Carli afirma que outro foco da entidade é reivindicar a duplicação de três rodovias da Serra: a BR-470 entre Bento Gonçalves e Carlos Barbosa, a RSC-453 entre Bento e Farroupilha e a RS-122 entre Farroupilha e São Vendelino.
Confira a entrevista.
Pioneiro: O que é a Amesne e qual o perfil da entidade?
Waldemar De Carli: Somos 34 municípios. A associação é presidida por prefeitos eleitos anualmente e que trabalha pelos interesses da região.
Recentemente, a Amesne reforçou o interesse de instalar a UFRGS no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. Como está o assunto?
A Amesne assinou protocolo de intenções com a universidade. Com o início desse período recessivo, a universidade recuou. Apesar de demonstrar interesse em criar uma extensão na Serra, eles não tiveram a autorização do Ministério da Educação. Foi feito o campus do Litoral e a Serra ficou nesse compasso de espera. Na última quarta-feira, estivemos reunidos para saber se ainda existe o interesse da universidade e se eles aproveitariam uma área da Embrapa. Eles responderam que existe a intenção de construir o campus na Serra, mas não tem prazo definido de quando voltar a conversar sobre o assunto.
Quais as prioridades dos municípios da Amesne?
A prioridade número um é o atendimento de alta complexidade na área da saúde. Na cirurgia ortopédica, os municípios não estão sendo atendidos na nossa referência, que é o Hospital Pompéia. Ele não tem atendido nenhuma cirurgia para os municípios pertencentes à Amesne que também têm seu direito na cota mensal. Eles estão direcionando para os casos de Caxias do Sul. Existe uma revolta muito grande da maioria dos prefeitos, que têm um passivo de 70, 80 pacientes aguardando cirurgia há dois, três, quatro anos. Temos agendada uma reunião na segunda-feira (hoje) na Secretaria da Saúde do Estado para tentar construir uma solução fora do hospital referência. Também vamos trabalhar para a melhoria da infraestrutura dos municípios.
Essas prioridades já estão definidas?
Nosso foco são as duplicações entre Bento Gonçalves e Carlos Barbosa (BR-470), Farroupilha e Bento (RSC-453) e entre Farroupilha e São Vendelino (RS-122). Também em uma área que não é nossa, mas acaba trazendo benefícios para nós, a conclusão do asfalto na BR-470 de Lagoa Vermelha a Barracão. Gostaria que fosse duplicada a rodovia na Serra das Antas (BR-470), mas a gente sabe que tem outras prioridades.
O que a Amesne pode fazer pelas demandas regionais?
Podemos lutar bastante, mas a Amesne trabalha com suas limitações. Somos uma entidade de prefeitos, a gente não tem a caneta na mão. A gente luta pelas demandas, mas o poder decisório não é nosso, é do governo do Estado e do governo federal.
A entidade tem algum trabalho no sentido de ter um planejamento estratégico articulado para o desenvolvimento regional?
Estamos trabalhando junto com o Corede (Conselho Regional de Desenvolvimento), que tem um planejamento estratégico elaborado pela universidade (UCS). Consideramos esse documento robusto e completo. A Amesne não tem poder acadêmico e intelectual para realizar um planejamento do porte do que o Corede realizou. Quem tem que estabelecer o desenvolvimento da Serra é o Corede.
Na eleição de 2016, a Serra elegeu três deputados estaduais e um federal. Houve prejuízo com o número reduzido?
Muito, muito. A gente gostaria que os municípios grandes colocassem seus candidatos e que não houvesse uma capilarização grande de candidatos, que acaba não se elegendo nenhum. Caxias pode eleger dois deputados federais, dois ou três deputados estaduais, Bento é uma cidade que tem 80 mil eleitores e não tem um deputado estadual e federal. A gente lamenta, e dificulta muito a luta da região. É um erro e um equívoco muito grande a gente ficar demonizando a política como estamos fazendo. A política é fundamental para o desenvolvimento da nossa região e do Estado. É claro que tem que ser a boa política e depende de elegermos bons deputados para nos representar.
Como fortalecer a representação política da região?
Devemos eleger bons deputados que tenham histórico de trabalho para a nossa região. Não adianta os partidos colocarem o candidato por colocar. Temos que trabalhar com candidatos que possam ser eleitos.
Qual a possibilidade de um consórcio intermunicipal auxiliar no financiamento da saúde?
Temos um consórcio muito ativo que é o Cisga (Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Sustentável da Serra Gaúcha). Hoje, temos 14 municípios e estão entrando mais dois. O Cisga está sendo um instrumento regional muito importante. Agora está trabalhando na área da segurança e do meio ambiente. Iniciou um trabalho de monitoramento eletrônico na região. O consórcio está criado. O problema é as cidades aderirem ao consórcio, por exemplo, Caxias do Sul e Farroupilha não aderiram ao consórcio.
Qual a participação de Caxias do Sul na Amesne? O prefeito atua na entidade?
Não vimos o Daniel (Guerra) participar de alguma reunião da Amesne, e aqui não vai, absolutamente, nenhuma crítica. Pretendo durante esse mês marcar uma audiência com o Daniel para chamá-lo. Caxias é a cidade mais importante e o prefeito de Caxias tem um poder e uma estruturação política grande para nos auxiliar nessas demandas. Precisamos da participação do prefeito de Caxias, ela é importante, fundamental. Não tenho nenhuma relação com o prefeito de Caxias, mas vou buscar a sua adesão ao trabalho da Amesne.