A vitória de Daniel Guerra à prefeitura de Caxias do Sul colocou o PRB em outro patamar no cenário político gaúcho. Prova disso é o interesse dos pré-candidatos ao Piratini Jairo Jorge (PDT) e Eduardo Leite (PSDB) de formar uma chapa com os republicanos. Em visitas a Caxias do Sul, o pedetista e o tucano mencionaram o desejo de ter o apoio do PRB. Aliado do governo José Ivo Sartori, o PRB também deverá receber o convite para compor a chapa governista.
Outro cenário que ainda deverá ser discutido dentro do partido é a apresentação de candidatos próprios para o governo do Estado. O nome de Guerra é cogitado dentro da sigla e conta com a simpatia do presidente estadual do PRB, deputado federal Carlos Gomes. O empecilho é que o prefeito está no início de sua administração.
– Estou com dois corações. Defendo que ele deve continuar fazendo o trabalho em Caxias. Ao mesmo tempo, gostaria que ele fosse candidato.
Gomes diz ainda que a ex-vice-prefeita de Canoas, Beth Colombo, e ele próprio são nomes a governador ou a vice.
– Ao final, vai prevalecer o bom senso, a opinião do partido e, principalmente, do Daniel. Ele não iria apenas ter uma cadeira de governador, iria fazer gestão.
Com a envergadura conquistada, a tendência é de que o PRB integre uma chapa estadual com desafetos locais como o PDT, do ex-prefeito Alceu Barbosa Velho e do vereador Rafael Bueno, e o PSB, do vereador Elói Frizzo. Gomes minimiza as discussões locais:
– As questões regionais têm que ser levadas em consideração para ajudar no desenvolvimento de projetos que beneficiem as pessoas e viabilizar as diferenças que existem. No processo eleitoral, as coisas têm a tendência de se ajustarem.
O problema desse raciocínio é que eventuais alianças podem obrigar à convivência em um mesmo palanque de desafetos como Guerra, Alceu e ferrenhos vereadores de oposição.
O presidente estadual confirma que recebeu as visitas de Eduardo Leite e Jairo Jorge, mas diz que foram reuniões informais, de sondagens e sem profundidade, porque as regras para a eleição ainda não estão definidas. Segundo Gomes, os critérios para o PRB ingressar em uma coligação são os projetos de desenvolvimento e o futuro do Estado e nomes “limpos” em quem a população possa depositar a esperança.
– Precisamos de alguém que tenha a compreensão do Estado e um candidato que não queira apenas se eleger, mas trabalhar para tirar o Rio Grande do Sul do estado em que se encontra.
Procurado pela reportagem o prefeito informou que não irá se manifestar sobre o assunto.
Sigla caxiense terá influência na definição sobre coligação
O PRB caxiense terá forte influência na decisão da formalização da coligação para a eleição estadual do próximo ano. A intenção é de garantir o lastro político do prefeito de Caxias do Sul, Daniel Guerra (PRB).
Após as manifestações dos pré-candidatos ao governo do Estado Jairo Jorge e Eduardo Leite, de que gostariam do apoio do PRB, o presidente municipal da sigla, Heron Fagundes, precisou explicar o cenário eleitoral para filiados e simpatizantes da administração de Guerra.
Heron diz que o envolvimento do PRB municipal na definição da coligação para a chapa majoritária ao governo do Estado terá um grau de envolvimento por estar “administrando a galinha dos ovos de ouro”.
– O partido nos ouve em relação ao que pensamos. De nada adiante termos uma estrutura de trabalho em Caxias do Sul e o partido ter um entendimento contrário. A gente se sente muito contemplado em expressar a nossa opinião.
Segundo Heron, pessoas próximas têm sugerido partidos para uma possível coligação, mas o tema será discutido pela executiva estadual e municipal. Ele ressalta que a opinião dos eleitores será considerada antes da decisão final.
– Todos nos querem (risos). Todos os partidos são bem-vindos, mas passarão por uma avaliação pontual e madura antes de fechar a coligação. É chavão, mas a gente vai respeitar muito o que pensa a população que nos elegeu. Vamos levar para o PRB estadual o que Caxias do Sul entende que seriam as coligações mais saudáveis. Não vamos trabalhar na coligação de partidos para ganhar coisas (cargos). A gente vai para uma aliança onde a população se sinta contemplada.
Heron vai defender uma coligação enxuta, a exemplo do que aconteceu no pleito que elegeu Daniel Guerra em Caxias.
– Entendo que tem que ser mais enxuta. Uma coligação muito ampla não fala a mesma língua. São bandeiras diferentes, forma de pensar diferentes, de trabalhar diferente. No dia a dia, isso gera um engessamento do governo.