O sociólogo e professor de Ciência Política no curso de Direito da FSG, Adão Clóvis Martins dos Santos, diz que o movimento comunitário está em crise, a mesma que atinge entidades de representação tradicionais, como partidos políticos e sindicatos.
– As associações (de moradores) começaram a sofrer um processo de desgaste, uma vez que essas formas de participação mais tradicionais limitam por ter um caráter mais burocrático – destaca Santos.
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Para o sociólogo, atualmente existe um movimento comunitário que se organiza de uma forma mais espontânea e fora das instituições tradicionais. Segundo ele, muitas lideranças comunitárias eram vistas como cabos eleitorais de partidos políticos e agora, com a crise dos partidos, ocorreu também uma crise de representação em todos os níveis.
– Existe uma espécie de renovação e (o movimento comunitário) tende a ressurgir mais intenso. Isso é bom e renova. É possível que o movimento comunitário se potencialize através das associações, só que bem diferentes daquelas vinculadas a partidos políticos, vereadores ou deputados. Elas tendem a se organizar de forma mais autônoma.
De acordo com Santos, o movimento comunitário tradicional precisa "superar a desconfiança generalizada e também articular temas locais para reestabelecer a confiança da população".
– Hoje, estamos conectados globalmente e desconectados localmente. As demandas podem ser de caráter estadual e municipal, mas elas se particularizam no bairro. É preciso saber como encaminhar essas demandas no sentido de não existir um isolamento. De certa forma, não existe uma proximidade da coletividade, por isso que eu falo em reconectar – destaca o professor da FSG.
Fala, povo!
Você já recorreu a sua associação de moradores para alguma reivindicação?
“Não. Não adianta. O que a gente pede não é resolvido.” Rosângela Silva, 49 anos, desempregada.
“Não. Nunca precisei, mas se precisasse de alguma coisa eu procuraria a associação.” Laura Cioccari, 33 anos, advogada.
“Não. Nunca precisei e não tenho muito tempo para reivindicar.” Franciele Balbinot, 23 anos, bacharel em Direito.
“Nunca cheguei a pedir alguma reivindicação. Mas conheço o presidente da associação.” Merquídio Poncio, 41 anos, metalúrgico.
“Não. Sou morador da Parada Cristal e lá reivindicamos para a prefeitura de Flores. Sempre que preciso de alguma coisa, peço para um tio que faz a reivindicação.” Rodrigo Bonis, 24 anos, auxiliar geral.
“Não. No meu ponto de vista, só a união da comunidade para conseguir alguma coisa.” Edson Jacob, 32 anos, metalúrgico.
“Não. Acho que lá (bairro Planalto) não tem associação. Acho que ela (associação) não resolveria os problemas.” Alisson Moura, 27 anos, atendente de lanchonete.
“Não. Só se a nova gestão da prefeitura fizer alguma coisa. Antes era difícil conseguir.” Lauri Kaspary, 48 anos, cobrador de ônibus.
“Não. Onde eu moro (Santa Corona) recém estão arrumando o loteamento. Acho que teria a reivindicação atendida.” Jéssica Almeida, 21 anos, auxiliar de cobrança
“Sim. Quando era criança, eu e meus amigos reivindicamos uma quadra de esportes, mas não fomos atendidos. Eles prometeram, mas não cumpriram. Hoje, se precisasse de alguma coisa, procuraria a associação.” Joel Pereira, 25 anos, desempregado.