O que era conversa de corredor ganhou discurso oficial nesta quinta-feira na Câmara de Vereadores. Da tribuna do Legislativo, Edio Elói Frizzo (PSB), um dos parlamentares de oposição mais críticos ao governo Daniel Guerra (PRB), falou em afastamento do prefeito. Citando a falta de diálogo com a comunidade, o que inclui a Câmara, e as polêmicas que envolvem a administração nestes cinco meses de gestão, Frizzo declarou que Guerra não tem mais condições de governar Caxias do Sul.
– Do outro lado do Paço Municipal, nós temos, lamentavelmente, uma pessoa que não escuta, não escuta e também não fala, se enclausurou no gabinete. Nós estamos presenciando quase que um momento de ingovernabilidade, da perda das condições de governar, do atual prefeito. Quando se perdem as condições de governar, a única forma de resolver o problema é afastando. É o que está acontecendo com o presidente (Michel) Temer. Perdeu as condições de governar, só ele não enxerga. E me parece que, no município, também está se perdendo – discursou o vereador.
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Conforme Frizzo, a manifestação pesada foi pelo "conjunto da obra" dos atritos com as entidades. Alguma ações do governo podem implicar improbidade administrativa e crime de responsabilidade fiscal, segundo ele. O impasse envolvendo a Visate, com o não aumento da tarifa do transporte coletivo urbano e que acabou parando na Justiça, com a empresa questionando a manutenção do valor da passagem, é uma das questões pelas quais os vereadores estão debruçados.
Segundo Frizzo, o Governo Guerra mostra incapacidade de continuar gerenciando os problemas da cidade.
– É um alerta. Acendeu a luz amarela – diz.
Para o vice-prefeito Ricardo Fabris de Abreu, com quem Guerra está rompido desde março, quando ele anunciou que renunciaria ao cargo – o que não se confirmou, já que Fabris voltou atrás –, a possibilidade de afastamento é mais um elemento que desestabiliza o governo:
– É um assunto que, eticamente, eu não devo me manifestar. O que eu posso dizer é que não me agrada. Quando tu começa a falar em afastamento do prefeito, agrega mais um elemento desestabilizador numa situação já de crise que existe na administração pública, porque foram criados vários conflitos, é uma administração conflituosa desde o primeiro dia e que vem agregando elementos que aumentam essa crise.
Administração está tranquila
O chefe de Gabinete da prefeitura, Júlio César Freitas da Rosa, diz que já tinha ouvido falar da possibilidade de impeachment do prefeito Guerra. Ele entende que qualquer Legislativo pode questionar e, com base legal, reivindicar a saída do chefe do Executivo, em qualquer esfera. No entanto, não é o caso de Caxias, onde, segundo ele, não existem motivos para o afastamento de Guerra. Por isso, a administração está muito tranquila.
– Se o vereador se sente tranquilo e tem elementos sólidos para esta atitude, ele que encaminhe. A administração Daniel Guerra não tem medo nem preocupação alguma em questão de legalidade dos seus atos. Para se fazer qualquer tipo de procedimento de afastamento do chefe do Executivo, há que se ter elementos sólidos e consistentes para que se abra um procedimento desses e afaste um prefeito que foi eleito pela grande maioria da população – diz.