Marina Panazzolo tem apenas 23 anos e já conquistou uma porção de coisas: formou-se em Direito há dois anos, tem seu próprio escritório de advocacia e cursa pós-graduação em Direito Público. Mas a maior vitória, sem dúvida, foi em outubro do ano passado, quando elegeu-se vereadora de Nova Roma do Sul com 442 votos, a maior votação da história do pequeno município de cerca de 3,4 mil habitantes e 2.928 eleitores.
Leia mais
As relações entre prefeito e vice de Caxias ao longo da história
Declarações consolidam mal-estar entre secretário e vereador, em Caxias
Elói Frizzo inicia o sexto mandato na Câmara de Caxias
Representante do PT no Legislativo, Marina terá neste primeiro ano de legislatura a missão de liderar os oito colegas de plenário. Esse, aliás, é outro marco. Em 30 anos de história, ela é a primeira mulher a presidir a Câmara.
– Apenas duas mulheres tinham ocupado cadeira na Câmara, nunca tivemos candidata a prefeita ou vice. Acho que ainda não chegamos lá. Agora está sendo escrita uma história diferente em que a mulher não é superior ao homem nem vice-versa. O que diferencia os dois é a determinação em fazer um bom trabalho – discursa a petista, que tem outras duas companheiras mulheres na Casa.
Mas Marina não quer ser lembrada só por ser jovem e mulher. O que deseja é aproximar a Câmara das pessoas e, para isso, tem uma série de projetos. Quer criar a Ouvidoria da Agricultura e convidar, uma vez por mês, diferentes segmentos da sociedade para acompanhar as sessões, às quartas-feiras, às 19h.
Ela tem, ainda, propostas de criação do Conselho Municipal do Jovem e de incentivo às agroindústrias, além da obrigatoriedade de modalidades femininas para campeonatos patrocinados pela prefeitura.A vereadora tem também algumas propostas polêmicas, como o fim do recesso parlamentar no primeiro ano da legislatura e a redução de metade do período nos três anos seguintes. Hoje, o recesso se inicia no final de dezembro e se encerra no início de fevereiro. Outra mudança é a criação de um turno de expediente por semana para os vereadores, que atualmente têm apenas o compromisso de comparecer às sessões:
– Ser vereador é um trabalho. A pessoa tem que ter disposição. Não tem hora, ele é vereador quatro anos. Acho que tem que se dedicar um pouco mais aos trabalhos legislativos.
A primeira prova de fogo de Marina será na próxima quinta-feira, quando ocorre sessão extraordinária para votação de dois projetos do Executivo: autorização de repasse de auxílio para transporte de estudantes universitários e o pagamento do reajuste do fundo dos aposentados do município. A presidente, da mesma coligação do prefeito Douglas Favero Pasuch (PP), tem ao seu lado quatro vereadores. Os outros quatro são de oposição. Em caso de empate, caberá a ela o voto de minerva.
A política está no sangue
Marina começou cedo a militância. Aos 13 anos, foi eleita primeira presidente do Grêmio Estudantil do Colégio Estadual Nova Roma. Aos 18, filiou-se ao PT. Aos 20 foi nomeada servidora e assumiu, logo em seguida, a chefia de gabinete do ex-prefeito Marino Testolin (PT).
Embora nunca tenha sido incentivada a estar na política, Marina não nega a influência familiar. O padrinho Nivaldo Comin foi eleito vereador três vezes e o atual vice-prefeito e secretário da Saúde e da Administração, Roberto Panazzolo, é seu tio. Ambos são do PT.
– Sempre que os jovens mostraram sua voz, conquistaram grandes mudanças. Acho que a participação ainda é pequena. Para mim, é uma honra estar escrevendo mais um capítulo da história do município. Com trabalho e determinação, pretendo escrever muitos capítulos.
Entre os novos capítulos que Marina pretende escrever, ela não descarta o de ser candidata a prefeita de Nova Roma, talvez já na próxima eleição:
– Gosto da política, gosto do serviço público, então, se eu fizer um bom trabalho, se eu retribuir à população e se eu for necessária, se eu conseguir dar respostas, quem sabe, né? Seria a primeira candidata mulher.
Princesa da La Prima Vendemmia
Antes de ser vereadora, Marina enfrentou outro júri: o da La Prima Vendemmia, festa que celebra a colheita da uva, e foi eleita princesa em 2012. A oportunidade de representar Nova Roma fez com que ela conhecesse a cidade a fundo:
– Foi aí que peguei mais amor pelo município.