O candidato Edson Néspolo (PDT) reconheceu a derrota para Daniel Guerra (PRB) por volta das 18h15min deste domingo, diante de dezenas de militantes que o aguardavam no comitê da campanha. O pronunciamento de Néspolo durou cinco minutos – logo depois concedeu uma entrevista coletiva à imprensa.
– Queremos reconhecer a vitória do nosso adversário, cumprimentar pela vitória e a população de Caxias que optou por essa mudança. Vamos continuar torcendo por Caxias, como a gente sempre fez – disse.
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Em seu pronunciamento, Néspolo já se colocou como oposição ao governo de Guerra, mas solicitou aos vereadores eleitos que façam uma oposição responsável e que considerem sempre que o interesse de Caxias deve estar acima de tudo.
– Não vamos fazer uma oposição destrutiva, inconsequente. Será oposição séria, respeitosa, como em muitos momentos não foram feitas nos últimos anos em Caxias. Vamos contribuir no que for possível, mas também vamos cobrar tudo o que foi prometido nesses últimos cinco meses. Faremos uma oposição responsável – salientou.
Segundo Néspolo, a vitória de Guerra ocorreu devido a um desejo de mudança que tomou conta da população em todo o país e refletiu em Caxias:
– Nos resta continuar de cabeça erguida. Não vamos aceitar provocações. Vamos admitir e aceitar a derrota. Sempre tem lições que a gente pode tirar. Nem sempre quando a gente ganha, a gente ganha. Muitas vezes perdendo, a gente também ganha.
O pedetista preferiu não avaliar os erros da campanha. Segundo ele, as reflexões serão feitas com cautela:
– Vencemos nas últimas três eleições e fizemos tão bem para Caxias, mas nunca vimos os nossos erros. Quando a gente perde afloram mais os erros.
12 razões para a derrota de Edson Néspolo
1. Escolher o candidato do PT para bater em 1º turno
Foi o equívoco capital. Ter o candidato do PT como adversário em 2º turno pavimentaria e facilitaria o caminho para Edson Néspolo ser conduzido até a prefeitura, pois a onda antipetista ainda está muito forte. O resultado foi Daniel Guerra no segundo turno.
2. Desconstruir administrações anteriores
Em vários momentos do horário eleitoral, a campanha de Edson Néspolo relembrava que, "há 12 anos", isto é, antes do advento da parceria PMDB-PDT na prefeitura, a realidade era pior. Depois, relembrou antigos prefeitos, mas foi tarde.
3. Postura arrogante
Esta sensação é decorrente do equívoco anterior.
4. "A mão de Néspolo" como estratégia de marketing
Apesar de não ser uma má ideia para mostrar as ações implementadas nas quais Edson Néspolo teve participação, sob o ponto de vista eleitoral, revelou-se um tiro no pé, pois "a mão de Néspolo" serviu também ao propósito contrário, sob a ótica da oposição.
5. Estratégia de campanha que vinculou o candidato a 18 dos 23 vereadores eleitos
Só reforçou o discurso preferencial de Daniel Guerra, de ligar o adversário ao modelo político tradicional, baseado nos partidos.
6. Coordenação de campanha
Designado para a função, o deputado estadual Vinicius Ribeiro (PDT) acabava tendo de dividir atenção com sua função legislativa na Assembleia.
7. Participação do prefeito Alceu Barbosa Velho
Foi descuidada e produziu impacto eleitoral ao reagir quando a Justiça negou pedido de impugnação da candidatura de Edson Néspolo, interposto pelo PT. Na oportunidade, via Twitter, Alceu pediu para não ser confundido com o "bando de ladrão" do PT. O episódio deixou marcas profundas.
8. Não explorar intensivamente benefícios objetivos da atual administração
A redução do tempo de viagem no transporte coletivo e a tarifa única, benefícios introduzidos pelo SIM, e a quilometragem de vias pavimentadas no interior trouxeram benefícios objetivos. Deveriam ter sido explorados maciçamente.
9. Desqualificação de Daniel Guerra
Ela ocorreu em momentos da campanha, mas principalmente por parte de vereadores. Esta postura só reforçou a posição de Guerra, dando mais evidência a ele.
10. Supervalorização da aliança com 21 partidos
Esta linha da campanha, que Néspolo chamou de "capacidade de agregar", garantiu mais tempo em rádio e tevê e produziu a sensação de que a candidatura do governo era imbatível.
11. Processo de definição da aliança com o PMDB
Parte do PMDB queria candidatura própria, e a escolha por participar da aliança com o PDT, indicando o candidato a vice-prefeito, dividiu o partido ao meio. Parte das fissuras não foi reconstituída.
12. Aposta em denúncias
Esta opção, que ganhou força no segundo turno, mas tomou tempo e energia das articulações e esforços de campanha, e nunca oferece garantia de retorno em votos.