O candidato do governo, Edson Humberto Néspolo, 52 anos, disputa uma eleição após 16 anos. Vereador eleito pelo PTB em dois mandatos, decidiu abrir mão de concorrer pela terceira vez por entender que não tinha perfil para cargos legislativos. Hoje, militando no PDT, defende um mandato para prefeito e, no máximo, três períodos para a Câmara de Vereadores.
– Acho que reeleição é uma praga. No Executivo, é inaceitável. Se for vitorioso, o meu mandato será de quatro anos. Depois de sete anos (como vereador), percebi que não ia dar o melhor de mim.
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Ele se define como uma pessoa extremamente exigente – “comigo e com quem trabalha comigo, quase beira a perfeição em um nível de exigência”. Ele também é obstinado. Em 2004, disputou com Alceu Barbosa Velho a condição de concorrer a vice-prefeito na chapa liderada por José Ivo Sartori (PMDB). Perdeu por dois votos. A nova oportunidade para concorrer a um cargo no Executivo chegou 12 anos mais tarde.
– Tinha perdido para o Alceu e deveria ter me recolhido. O Sartori e o Alceu me pediram muito para ajudar na campanha deles. Tive um gesto de grandeza.
Depois de contribuir nos governos de Sartori e de Alceu, Néspolo chega para a disputa como protagonista – o cargo de prefeito nunca esteve tão próximo, mas ele enfrenta adversários igualmente fortes.
Natural de Engenho Velho, interior de Concórdia (SC), Néspolo é filho de Vilso e Zoleide, e tem quatro irmãs. Ele morou em Santa Catarina até concluir o Ensino Fundamental, aos 16 anos. Da colônia, lembra do futebol com os amigos, do violão e das pescarias.Apesar de exigente, Néspolo desistiu de aprender violão. Gostava de tocar as músicas da dupla sertaneja Milionário e José Rico e do roqueiro Raul Seixas.
– Estudei, tocava um pouquinho, mas isso é questão de dom, e eu não tenho essa aptidão.
Néspolo frequentou o Colégio La Salle de Canoas, e morou no mesmo internato onde jovens buscavam se tornar irmãos lasalistas. Pela manhã, estudava análises químicas e, à tarde, fazia o curso de magistério. O espírito de liderança já se destacava no adolescente que provocava os colegas para desenvolver novas atividades.
– A gente tinha rádio e jornal interno. Tive uma formação bem completa – destaca.
Caxias como destino
Após concluir os estudos em Canoas, Néspolo veio para Caxias fazer o estágio do magistério em uma turma de 3ª série na Escola Municipal São Vicente. No turno contrário, trabalhava em uma loja de tecidos. Dois anos mais tarde, foi eleito diretor da escola, com apenas 20 anos.
– Iniciei a minha faculdade de Geografia na UCS e, no outro ano, comecei a dar aula no Colégio do Carmo, depois, no pré-vestibular do Mutirão. Trabalhava de manhã, tarde e noite para sobreviver. Depois, dei aula na UCS e fui pró-reitor da UERGS durante três anos. Foram 31 anos no magistério.
O pedetista conta que o principal apoiador de seu ingresso na política partidária foi o executivo Valter Gomes Pinto, devido ao envolvimento de Néspolo com clubes e entidades. Ele comenta que tinha uma posição de centro-esquerda e se identificava com a educação e a valorização dos trabalhadores. Hoje, critica o socialismo.
– Achava que a esquerda era a solução para tudo. Depois, amadureci e (percebi) que esse socialismo impregnado no mundo não deu certo – afirma.
Néspolo é casado com Cristina Susin há 18 anos e o casal não tem filhos. Discreto sobre a vida pessoal, limita-se a dizer que a mulher é “uma pessoa muito legal”. Nos momentos de lazer, prefere confraternizar com a família no sítio do casal. Também gosta de jogar bocha e comer churrasco com os amigos no (restaurante) Gianella ou na Vila Maestra.
Trajetória de Néspolo
Vereador pelo PTB em dois mandatos (1992/1996 e 1997/2000). No governo do ex-prefeito José Ivo Sartori, foi chefe de gabinete e comandou várias secretarias. Na administração de Alceu Barbosa Velho, presidiu duas edições da Festa da Uva.
Néspolo revela
Música: Pais e Filhos, da Legião Urbana
Livro: Quando o sofrimento bater à sua porta, do padre Fábio de Melo
Comida: macarronada da minha mãe
Perfume: Arbo
Time de futebol: Juventude e Grêmio
Religião: católica
Um lugar em Caxias: parque da Festa da Uva
Um lugar no mundo: Caxias do Sul
Mania: exigente demais
Superstição: levar sempre um terço
Qualidade: sinceridade
Defeito: cobrar muito de mim e dos outros
Filme: O Quatrilho
Legalização do aborto: por princípio, sou contra. É uma questão delicada. Quando há risco, sou a favor de priorizar a saúde da mulher.
Liberação da maconha: sou contra, salvo para tratamento medicinal.
Casamento homoafetivo: a identidade de gênero e a orientação sexual devem ser respeitadas. Negar o acesso ao matrimônio e seus benefícios legais é uma discriminação.
Um sonho: sociedade mais justa e igualitária.