Uma das principais dúvidas da sessão desta terça-feira, quando o Senado decidirá se avança à fase final de julgamento da presidente afastada Dilma Rousseff, é como será o voto do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele mantém clima de dúvida acerca da sua postura e, eventualmente, cogita se abster de votar com o argumento de que a sua posição na direção da Casa requer atitude imparcial, de magistrado.
Ao chegar no plenário, já com a sessão em andamento, o senador Romero Jucá (PMD-RR), um dos homens de confiança do presidente interino Michel Temer, comentou a decisão de Renan em tom de alerta ao correligionário.
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– Quem não votar, fica do lado da Dilma. Ele (Renan) tem o direito de escolher, mas não está impedido. Para salvar o Brasil, não tem impedimento – avisou Jucá.
Além dos votos contra o impeachment, as eventuais ausências e abstenções também ajudam Dilma na tentativa de se salvar. Por isso, a pressão do PMDB sobre Renan, que, como um camaleão, se comportou de forma dúbia ao longo do processo, muitas vezes se aproximando do PT.
Jucá ainda disse que o relatório de Antonio Anastasia (PSDB-MG) terá o voto favorável de cerca de 60 senadores. Se confirmado, o patamar é mais do que a metade mais um necessários para dar abertura à fase de julgamento, a última antes da cassação definitiva de Dilma.
Bem-humorado, Jucá chegou falando sobre a sua gravata, em tons de azul com detalhes em tons escuros. Afirmou que os adornos “não eram tubarões”.
– É sardinha, alimento dos predadores – disse, enigmático.
Ele ainda desconversou quando questionado se, caso aprovado o impeachment, regressaria ao cargo de ministro do Planejamento.
– Essa pergunta tem de ser feita para o Temer.
Ele caiu do cargo após divulgações de conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro, Sergio Machado, quando Jucá sugeriu ações para supostamente abafar o avanço da Operação Lava-Jato. O senador peemedebista também é suspeito de receber uma série de pagamentos indevidos.