A partir de setembro, Cármen Lúcia, a segunda mulher a assumir como ministra do Supremo Tribunal Federal, passa a presidir o órgão. Durante palestra no 11º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, em São Paulo, na manhã desta sexta-feira, ela falou sobre o desafio de presidir o Supremo em um ano de crise política.
Diante da possibilidade de ter de conduzir eleições diretas ou indiretas, já que, além do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ação de autoria do PSDB que pede a cassação da chapa Dilma-Michel Temer por irregularidades durante a campanha eleitoral, Cármen Lúcia não se amedronta.
Ela garante que fará tudo o que for de sua responsabilidade.
_ Eu sou juíza, as atribuições do cargo estão aí, terça-feira fez dez anos que aqui estou (no STF), eu morro por esse meu país, adoro o Brasil, acho que isso aqui pode dar certo, haverá de dar certo. Portanto, vou fazer tudo o que for da obrigação da minha atribuição, até porque não tenho vocação para ser infeliz, eu tenho vocação é para ser feliz e vou fazer tudo o que seja necessário dentro das minhas atribuições com a maior tranquilidade _ afirmou.
Questionada sobre a divulgação de áudios da Operação Lava-Jato, em que autoridades afirmam ter influência sobre ministros do STF, ela disse que é impossível e que se acontecer, é tentativa de crime.
_ Como ser humana, sou grata. Mas como juíza, sou de uma ingratidão total, inclusive com o meu pai. Se tiver um processo e precisar mandar prender, prendo _ completou.
Para uma plateia de mais de 400 jornalistas, a ministra falou, é claro, sobre Liberdade de imprensa e expressão no Judiciário, tema do encontro. Ela defendeu a importância de uma imprensa livre, que além de informar, forma a sociedade.
O caso da Gazeta do Povo, jornal de Curitiba, capital do Paraná, que tem sido alvo de assédio jurídico desde que publicou reportagens sobre os rendimentos dos membros do Judiciário e do Ministério Público, é para ela, no mínimo, “esquisito”, já que os salários de servidores públicos são dados públicos e precisam estar à disposição de quem paga esse valor: a população.
_ É mais grave, porque não é como se estivesse questionando a imprensa, mas tentando criar um direito à privacidade num espaço que é de publicidade.
PODER JUDICIÁRIO
Cármen Lúcia, uma 'durona' que vai presidir o STF
Ministra falou sobre presidir o Supremo em ano de crise política em congresso de jornalismo investigativo
Juliana Bevilaqua
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