As eleições gerais foram o acontecimento central de 2014. E o desfecho delas guardou para Caxias do Sul dois resultados significativos. Com a eleição de José Ivo Sartori (PMDB) ao Piratini, a cidade oferece ao Rio Grande do Sul o quarto governador caxiense. Os anteriores foram Euclides Triches (Arena), Pedro Simon (PMDB) e Germano Rigotto (PMDB).
Ao mesmo tempo, de forma nunca antes verificada na história política, Caxias ficou sem representante na Assembleia, devido, em especial, ao número excessivo de candidatos a deputado estadual indicados pelos partidos. O PT, o PDT e o PCdoB indicaram três nomes, e o PMDB, dois.
Outro fato político significativo extraído das eleições de 5 de outubro e 26 de outubro, em 1º e 2º turnos, foi a divisão do país. Dilma Rousseff (PT) foi reeleita à Presidência com 51,64% dos votos válidos, contra 48,36% de Aécio Neves (PSDB), o candidato da oposição.
A campanha eleitoral já havia guardado outro acontecimento de grandes proporções: o acidente aéreo que matou o então candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, em 13 de agosto. A consequência foi uma reviravolta no cenário eleitoral. A ex-senadora Marina Silva (PSB), então candidata a vice, entrou na disputa e protagonizou uma subida nas pesquisas, números que depois reverteram a ponto de perder a vaga em 2º turno para Aécio.
O acirramento dos debates e das disputas caracterizou a eleição. 2014 foi marcado ainda pela enxurrada de denúncias de corrupção envolvendo a principal empresa do país, a Petrobras.
Sartori vence eleição para o governo do Estado
O ex-prefeito de Caxias do Sul José Ivo Sartori, natural de Farroupilha, foi escolhido candidato ao governo do Estado em prévias do PMDB realizadas no dia 15 de março, contra Paulo Ziulkowski. Partiu de índices reduzidos nas pesquisas iniciais e, contrariando os prognósticos preliminares, Sartori chegou ao segundo turno, liderando a disputa.
O ex-prefeito deixou para trás a senadora Ana Amélia Lemos (PP), que era considerado nome certo na briga pelo Piratini contra o atual governador Tarso Genro (PT).
Sartori venceu o segundo turno com 3.859.611 votos, ou 61,2% dos votos válidos, derrotando o petista, que obteve 2.445.642 votos, ou 38,8% dos válidos.
Caxias perde representação na Assembleia Legislativa
Nas eleições proporcionais, Caxias não conseguiu eleger representante à Assembleia e obteve apenas uma cadeira na Câmara dos Deputados, com a reeleição para terceiro mandato do deputado federal Pepe Vargas (PT). Ficou de fora o sindicalista Assis Melo (PCdoB).
O vereador Mauro Pereira (PMDB), na segunda suplência à Câmara Federal, irá assumir uma cadeira no lugar de deputados eleitos que irão compor o secretariado de José Ivo Sartori.
Na Assembleia, os atuais deputados Marisa Formolo (PT), Maria Helena Sartori (PMDB) e Vinicius Ribeiro (PDT) estarão fora do Parlamento gaúcho a partir de 2015. O petista Marcos Daneluz ficou como primeiro suplente do partido.
Dilma vence em disputa acirrada
Em uma disputa acirrada, numa campanha eleitoral equilibrada e marcada por denúncias e acusações, a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), foi reeleita com 54.500.287 votos, ou 51,64% dos votos válidos. O segundo lugar ficou com o senador Aécio Neves (PSDB), com 51.041.146 votos, ou 48,36%.
As eleições presidenciais sofreram reviravolta com o ingresso de Marina Silva (PSB), que era vice na chapa encabeçada por Eduardo Campos (PSB). Ela chegou a liderar a disputa. Campos morreu em um acidente aéreo, em 13 de agosto, na cidade de Santos (SP), que comoveu o país.
Estiveram em Caxias durante a campanha, os presidenciáveis Marina Silva, Aécio Neves e Luciana Genro (PSOL). Dilma Rousseff não veio, o PT trouxe o ex-presidente Lula para angariar votos.
Pedro Simon encerra vida pública
O caxiense Pedro Simon (PMDB) encerra a vida pública no dia 31 de janeiro de 2015, quando completa 85 anos. Ele contabiliza 60 anos de vida pública e 32 de Senado.
Ele, que inicialmente não concorreria à reeleição, abrindo a vaga para Beto Albuquerque na composição com o PSB, acabou tornando-se candidato devido às mudanças resultantes da morte do presidenciável Eduardo Campos.
Simon não obteve a reeleição, ficando em terceiro lugar. Será substituído por Lasier Martins (PDT), eleito em outubro.
Comissão da Verdade
O relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) foi entregue no dia 10 de dezembro à presidente Dilma Rousseff (PT). Foram confirmadas 434 mortes e desaparecimentos de vítimas da ditadura militar no Brasil.
O material revela nomes de envolvidos com alguma relação com Caxias e região. Os relatos e ações envolvem personagens com atuação ou apenas passagem pela Serra. Entre os nomes, consta o do ex-presidente da República Ernesto Geisel, natural de Bento Gonçalves.
O coronel Paulo Malhães, que serviu no centro de informações do Exército com intensa participação em atividades de repressão, também teve passagem por Caxias, utilizando-se da prática de tortura em seus interrogatórios.
O relatório contém o depoimento de Izabel Dedavid Fávero, de Caxias do Sul. Ela e o marido, o também caxiense Luiz Andrea Fávero, ex-presidente da União Caxiense de Estudantes Secundaristas, eram membros da organização de extrema esquerda VAR-Palmares. Foram presos e torturados em 5 de maio de 1970, em Nova Aurora (PR). Izabel sofreu um aborto.
Presidente da República em Caxias
A presidente Dilma Rousseff esteve em Caxias do Sul para a abertura da Festa da Uva, no dia 20 de fevereiro. Ela permaneceu cerca de seis horas na cidade. Entregou máquinas e assinou obras do PAC em cerimônia no UCS Teatro. Almoçou com autoridades políticas no restaurante Di Paolo, no bairro Lourdes. Também esteve no Monumento ao Imigrante, que completou 60 anos no dia 28 do mesmo mês, onde foi descerrada uma placa.
Vice-prefeito se nega a assumir
Em abril, o vice-prefeito Antonio Feldmann (PMDB) se recusou a assumir o comando do Executivo nas férias do prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT), para não se tornar inelegível. O vice pretendia concorrer a deputado federal.
A negativa de Feldmann acabou instalando um caos administrativo no município. Houve uma série de mudanças no comando do governo municipal, mediante determinações da Justiça.
A prefeitura passou pelas mãos do presidente da Câmara de Vereadores, Gustavo Toigo (PDT), e pelo procurador-geral do município, Victório Giordano da Costa. Alceu precisou retornar mais cedo de suas férias no México, reassumindo a prefeitura.
Após toda a polêmica, Feldmann acabou abrindo mão de pleitear a indicação para concorrer a deputado e assumiu o posto de prefeito em junho, quando Alceu viajou à Alemanha a trabalho.