Passado o momento de maior efervescência das manifestações iniciadas em junho, os movimentos de reivindicação de melhorias públicas diminuem, o que não significa, necessariamente, a conclusão. Especialistas apostam em repercussões a médio prazo e possíveis ressurgimentos, enquanto os governos ensaiam respostas ainda sem eficiência comprovada.
Doutor em Ciência Política, o sociólogo João Ignácio Pires Lucas acredita que as manifestações permaneçam em constante manutenção no local onde surgiram, as redes sociais. Ele resgata exemplos de países que iniciaram a onda de protestos recentes, como Espanha, Estados Unidos e os que participaram da Primavera Árabe, e considera natural o enfraquecimento nas ruas devido ao desgaste físico e emocional provocado pela maratona de manifestações.
- Isso vai ficar numa latência e, a qualquer momento, pode explodir. Nos próximos anos, teremos Copa do Mundo, Olimpíadas, eleições, ou seja, a tendência é que se crie uma cultura de aglutinação nas redes que pode voltar às ruas a qualquer momento - acredita.
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Porém, a falta de medidas efetivas por parte dos governantes indica a necessidade de mobilização constante na opinião da doutora em Ciência Política Ramone Mincato.
- Não temos observado nenhuma resposta por parte dos poderes públicos que efetivamente contemple qualquer uma das questões problematizadas nas ruas, nem mesmo a redução dos preços das passagens de ônibus, uma vez que são os donos das empresas que foram privilegiados com a isenção dos impostos - aponta.
- A permanência dos protestos é essencial para que as demandas sejam absorvidas pela classe política e pela sociedade - sintetiza o coordenador do curso de Ciência Política da Faculdade América Latina, Marcos Paulo Quadros.
Apesar disso, Quadros acredita que o recado das manifestações já é suficiente para influenciar o debate político nas próximas eleições.
- O discurso dos candidatos procurará sintonizar-se com a nova realidade, até porque quase todos almejam se sagrar porta-vozes daqueles que anseiam por mudanças _ aposta.
Leia a reportagem completa no Pioneiro desta segunda-feira.
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Manutenção dos movimentos deve ocorrer nas redes sociais
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