O PMDB irá indicar nesta segunda-feira o novo presidente do Conselho de Ética do Senado. A indicação virá acompanhada da decisão sobre o acatamento ou não da denúncia contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) por quebra de decoro parlamentar.
Se o novo presidente do conselho decidir acatar a representação, um processo de investigação será aberto contra o senador. Demóstenes Torres deve ser investigado por seu envolvimento com Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, suspeito de comandar o jogo ilegal em Goiás e por se utilizar da condição de senador para favorecer o bicheiro.
O assunto deve ser discutido com os outros membros do conselho na terça-feira. A representação com pedido de abertura de processo contra Demóstenes foi apresentada pelo PSOL em março, mas cabe ao presidente do órgão a decisão unilateral de acatar ou não o pedido. Como o Conselho de Ética vinha sendo presidido interinamente pelo senador Jayme Campos (DEM-TO), até então colega de partido de Demóstenes Torres, uma nova eleição foi requisitada por ele, que se considerou impedido de decidir sobre o assunto.
Apesar de a indicação do presidente do Conselho de Ética caber ao PMDB por ser o partido com maior bancada no Senado, o PT sugeriu o nome do senador Wellington Dias (PT-PI). O líder do PMDB, Renan Calheiros (AL) ainda não decidiu se irá acatar a sugestão e divulgou apenas que tem ligado para alguns companheiros de partido oferecendo o cargo. No entanto, a decisão ainda não havia sido tomada até o início do feriado de Páscoa.
Antes mesmo de responder a qualquer processo, o senador já sofreu uma forte derrota na última semana. Pressionado pelo partido, que ameaçou abrir processo de expulsão contra ele, Demóstenes decidiu deixar o DEM e segue, agora, sem legenda e sem apoio no Senado. Após semanas de reclusão, se reunindo apenas com com advogados e evitando contato com a imprensa, Demóstenes Torres publicou no blog que mantém na internet neste fim de semana um artigo no qual se limita a criticar o pacote de incentivos à indústria anunciado pelo governo. No texto, o senador não faz nenhum comentário sobre a própria situação, nem sobre as relações que tem com Carlinhos Cachoeira.
A expectativa é que Demóstenes Torres quebre o silêncio esta semana, quando sair a decisão do Conselho de Ética. Carlinhos Cachoeira está preso desde que foi deflagrada a Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. A investigação também descobriu o envolvimento de cinco deputados, quatro Goiás, flagrados em conversas telefônicas suspeitas com o bicheiro.