Além de planejar o sequestro e a internação forçada de Osmir Rodrigues do Santos, 67 anos, morador de Bento Gonçalves, a suspeita identificada pela Polícia Civil, uma mulher de 38 anos, também teria mantido a mãe, Sirlei Teresinha Teixeira da Silva, 56 anos, em cárcere privado na própria casa.
A vítima conta que, na madrugada em que o marido foi levado, no dia 27 de agosto, a filha a teria prendido em um cômodo da casa onde os cães dormem. De manhã, teria sido tirada de lá pela filha, que teria passado a ministrar medicações em comprimidos e injeções para manter a mãe em casa.
Ainda conforme Sirlei, um homem desconhecido também estava na casa para impedir que ela deixasse a residência. No final da tarde, quando eles saíram, Sirlei, que estava presa em um dos quartos, conseguiu subir em uma cima de uma cômoda e forçou as folhas de PVC no forro.
Após abrir um buraco, foi até o forro e saiu do quarto. Ela diz que caminhou até a cozinha, onde o PVC cedeu e Sirlei acabou caindo. Após, pulou uma janela e fugiu para a casa de uma vizinha em busca de ajuda.
Foi nesse momento que ela caiu em uma ribanceira. Desorientada, gritou por socorro e os vizinhos acionaram os bombeiros.
De lá, Sirlei foi levada para o hospital, onde ficou internada até a última semana em decorrência dos ferimentos que sofreu durante a fuga. Ainda no hospital, prestou depoimento à polícia.
— Eu nem tenho palavras para esse momento. Eu criei todos os meus filhos do mesmo jeito. Todos são honestos e amorosos. Mas ela é assim. Não sei se vou me recuperar. Mas pelo menos tenho meu marido comigo, porque não sabia o que tinha sido feito com ele — se emociona.
Histórico conturbado
Segundo Santos e Sirlei, a suspeita de ter planejado o sequestro e manter a mãe em cárcere privado já teria ameaçado eles antes. A mãe garante que registrou boletins de ocorrência contra a filha em outras oportunidades. Eles descrevem a mulher, que residia na mesma casa há um ano, como uma pessoa "muito fria".
A suspeita está presa temporariamente em Bento Gonçalves desde o dia 31 de agosto. Em nota, a advogada Roselaine Leal, que a representa, afirma que ela é "inocente e nada tem a ver com os fatos, que serão esclarecidos pela equipe de investigação". A Polícia Civil investiga o crime.