A Polícia Civil de Veranópolis vai investigar se a cuidadora suspeita de torturar um idoso de 92 anos em uma clínica geriátrica de Veranópolis possa ter maltratado outros idosos. Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (14), o delegado Thiago Baldin, de Veranópolis, informou que a suspeita é ré primária e que não há uma outra condenação criminal contra ela. A mulher, que trabalha há cerca de um mês na casa geriátrica, tem uma ocorrência registrada contra si relatando lesão corporal em pessoa idosa, segundo Baldin.
A mulher foi presa na terça-feira (11) e liberada na quarta (12) após o Ministério Público (MP) pedir e o Poder Judiciário do município conceder liberdade provisória. Ainda de acordo com o delegado, o caso teria ocorrido às 5h55min do dia 11 de junho, quando a cuidadora teria forçado o idoso a tomar um medicamento, causando lesões na boca e sangramento.
— Os dados, nós entendemos, não seriam suficientes para uma autuação pelo simples crime de maus-tratos, pelo Estatuto do Idoso. Mas nós entendemos (que foi) configurado o verdadeiro crime de tortura a um idoso com 92 anos. É um crime de tortura qualificado, o idoso está sob tutela e cautela da clínica geriátrica, mas naquele momento estava sob os cuidados daquelas cuidadoras específicas. A outra cuidadora não foi autuada, porque ela tomou as providências necessárias, ela acionou o responsável técnico, que por sua vez acionou o proprietário da clínica, que acionou as forças de segurança e nos foi apresentada. Ela foi autuada em flagrante, como dito pela lei federal 9.455, a lei de tortura qualificada contra pessoa maior de 60 anos de idade — afirma o delegado.
A outra cuidadora, que presenciou a agressão, não foi autuada pela Polícia Civil e está sendo tratada como testemunha. No entanto, segundo Baldin, isso não significa que ela não possa ser investigada.
— Nós estamos verificando, e novas investigações vão ser feitas dentro do mesmo inquérito policial, para verificar se trata-se de um caso pontual ou se esta agressora, ou mesmo essa outra cuidadora, possam ter maltratado outros idosos na mesma clínica — diz.
Em investigações sobre a clínica geriátrica, o delegado afirma que o plano de prevenção e proteção de combate a incêndio (PPCI) do local está suspenso desde o ano de 2023. O alvará de funcionamento do local está legalizado.
Município registrou aumento nas denúncias
De acordo com Baldin, depois da repercussão do caso, o número de denúncias de maus-tratos contra idosos aumentou.
— Muitas pessoas entraram em contato com esta delegacia de polícia relatando maus-tratos contra idosos, no interior, em instituições de longa permanência de idosos ou no seio familiar em residências — afirma.
O canal para denúncias é o disque 100, do Ministério da Justiça, que preserva a identidade do denunciante. Para que a Polícia Civil possa investigar os casos, é necessário fornecer o máximo de informações possível.
— Nós necessitamos de dados mais precisos, porque nós não fazemos uma investigação ampla. Nós precisamos que a denúncia tenha informações concretas: nome, o que está acontecendo... O disque 100 já foi feito pra preservar a identidade, então a pessoa não precisa ter medo de fazer a denúncia com dados precisos, dizendo exatamente quem é a vítima, quem é o agressor, como que a agressão está sendo dada. A identidade vai ser preservada. São dados sensíveis e fundamentais para que nós consigamos ter propriedade pra iniciar uma investigação criminal — explica Baldin.