O novo ano começa com uma marca preocupante em Caxias do Sul. Mesmo na metade do mês, janeiro de 2024 é o mais violento dos últimos sete anos no município. Até esta terça-feira (16) são 13 mortes violentas no município. Antes, em janeiro de 2017, 15 mortes foram registradas na cidade ao longo de todo o mês, conforme dados dos indicadores de violência da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP). Naquele ano, 14 das vítimas foram por homicídio e uma foi por latrocínio.
Além disso, o mês de janeiro de 2024 é o terceiro mais violento dos últimos 14 anos - que é desde quando a SSP divulga os indicadores de violência por mês em cada município gaúcho. Nesta sequência, o primeiro mês de 2011 é o líder deste ranking sangrento, com 18 homicídios, seguido por 2017.
Em 2023, o ano também começou com uma sequência de mortes violentas, mas os 16 primeiros dias de 2024 já ultrapassam a soma de todo o mês de janeiro do ano passado. Foram 12 ao longo dos 31 dias, frente as 13 até agora.
Em comparação com dezembro, Caxias também registra um aumento. Foram nove mortes no último mês do ano passado.
O comandante do 12º Batalhão de Polícia Militar (12° BPM), tenente-coronel Ricardo Moreira de Vargas, explica que a maioria das pessoas envolvidas nestes homicídios possuem antecedentes policiais e relações com o mundo do crime ou pessoas envolvidas neste contexto.
— Esse é o perfil que está se envolvendo nesses crimes de homicídio. Não são todos, mas é a maioria. Pelos nossos levantamentos, o cidadão de bem não preenche as características das vítimas — esclarece Vargas.
Confira abaixo a sequência desde 2011. Foram contabilizadas todas as vítimas por mortes violentas nos meses de janeiro de cada ano, em Caxias:
Conflito entre facções pode ser motivação
Apenas na noite da última segunda (15), cinco mortes foram registradas. Uma linha analisada pela Polícia Civil é de que os crimes desta semana e grande parte dos casos registrados no mês podem ser motivados por um confronto entre facções. A investigação ainda está no início e as autoridades analisam qual o contexto de cada uma das mortes.
A Polícia Civil também investiga o que pode estar por trás deste conflito entre as facções. Uma das teses é que os casos podem ter um elo com o assassinato de Jeferson Neves Montanari, ainda em junho do ano passado, em Vacaria. Conhecido como Fera, Montanari chegou a ser apontado como um dos líderes de uma das principais quadrilhas de tráfico de crack em Caxias.
Conforme registro da Polícia Civil, ele havia sido preso em 2015 após uma investigação de quase dois anos e um cerco que contou com quase 100 policiais. Eles conseguiram desarticular a quadrilha, que era considerada a maior do município naquele momento. Na ocasião, 14 pessoas, incluindo Fera, foram detidos. Depois, em junho de 2023, Montanari estava na empresa dele, às margens da BR-116 em Vacaria, quando foi morto por um homem.