Os detalhes da ação policial que levou ao resgate de um adolescente de 14 anos sequestrado em Caxias do Sul foram divulgados em coletiva na manhã desta sexta-feira (10). O comandante da Brigada Militar (BM) e representantes da Polícia Civil relataram a motivação e os passos da investigação. Falaram com a imprensa o secretário de Segurança do RS, Sandro Caron, o Comandante Geral da Brigada Militar, coronel Cláudio dos Santos Feoli, e o delegado Fernando Antônio Sodré de Oliveira.
— Após o sequestro, as forças de segurança prontamente atuaram. Quero deixar claro que não há espaço para esse tipo de caso de extorsão no RS. Esse caso de Caxias pode ser usado como modelo porque é um ótimo exemplo de atuação em conjunto das forças de segurança — disse Caron.
O adolescente foi levado por homens de dentro de um micro-ônibus escolar na Rua José Onzi, no bairro São Cristóvão, na região de Ana Rech, no início da manhã de quinta-feira (9). O veículo de transporte escolar em que ele estava foi abordado pelos sequestradores que saíram de um Celta.
Ainda na quinta-feira um homem foi preso e a Brigada Militar e a Polícia Civil seguem nas buscas a outros dois envolvidos no sequestro. A polícia conseguiu localizar o Celta utilizado na ação, e, com isso, encontrou o suspeito que estava com o veículo. Ele revelou onde era o cativeiro e, quando a polícia chegou ao local, na localidade de São Brás, dois suspeitos que estavam com o adolescente fugiram para um mato próximo à casa.
— Localizamos o Celta de tarde com as rodas trocadas. O carro era locado e a placa também foi trocada durante a ação — explica Sodré.
O chefe de polícia ainda afirma que, nas primeiras horas em que estiveram com o adolescente, os sequestradores não entraram em contato com ninguém. O primeiro contato com a família ocorreu pouco antes da polícia chegar ao cativeiro. Sodré acredita que a estratégia dos criminosos era deixar a família bem assustada:
— Eles iniciaram o contato via telefone e pediram R$ 100 mil de resgate. Um dos sequestradores morava perto da vítima, mas não tinha nenhuma relação com a família. Acreditamos, no entanto, que eles os monitoravam há bastante tempo, tinham conhecimento da rotina da casa. Sabiam dos horários, inclusive que a vítima estava de aniversário. Eles achavam que a família teria condições de pagar um resgate.
De acordo com a polícia, o preso conhecia a rotina do adolescente por morar próximo ao estabelecimento comercial da família. A polícia acredita que eles já monitoravam a família há bastante tempo.
Sobre o tempo em que o adolescente ficou como refém, o Coronel Vargas afirma que ele, por 12 horas, ficou no chão da casa e sempre acompanhado por dois criminosos. Eles estavam armados, mas não machucaram a vítima. Eles saíram da casa pouco antes da BM chegar na casa. O comandante acredita que o local do cativeiro iria ser trocado ainda durante a noite de quinta.
No micro-ônibus escolar onde o adolescente estava no momento em que foi levado também estava o irmão, de 16 anos, que não foi capturado.
— Ainda estamos apurando o motivo de eles terem levado apenas o mais novo. Acreditamos que seria difícil levar os dois adolescentes porque o cativeiro precisaria ser diferente, maior, e os criminosos teriam que conter dois ao invés de um. Acreditamos que a escolha foi pelo fato do mais novo estar de aniversário, o que provocaria mais comoção na família, a fazendo ceder mais rápido. Vamos continuar a investigação, pode ser que surja mais gente envolvida. Nós já temos pelo menos mais dois envolvidos que a gente sabe. Outras possibilidades estão sendo apuradas na investigação — diz Sodré.