Equipes do Corpo de Bombeiros de Vacaria e também de Passo Fundo, no norte gaúcho, estão mobilizadas nesta quarta-feira (2) para encontrar o caminhoneiro Luciano Boeira de Melos, 27 anos. Ele sumiu há uma semana em Bom Jesus, nos Campos de Cima da Serra, depois de informar a familiares que se encontraria com uma mulher com quem mantinha um relacionamento há cerca de um ano. As buscas são feitas em um rio e também em terrenos e casas onde Luciano foi visto pela última vez e mobilizam Bombeiros, Polícia Civil e Brigada Militar.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Gustavo Costa do Amaral, duas equipes de bombeiros militares e cães farejadores estão mobilizadas, e as buscas avançaram para uma área de terra no entorno do Rio dos Touros, no interior de Bom Jesus. Foi nesse rio que a moto de Luciano foi encontrada no início da noite de segunda-feira (31). Botes e um drone também foram utilizados para auxiliar nas buscas por água, mas, até o momento, não há equipes de mergulhadores no rio.
O trabalho dos profissionais também foi intensificado na localidade de Caraúno, onde Luciano informou que encontraria a mulher, distante cerca de 40 quilômetros do Rio dos Touros. Também há buscas na área da residência do casal apontado pela família do caminhoneiro como suspeito de envolvimento no desaparecimento. Até o momento, a Polícia Civil não considera o casal suspeito porque nenhum indício de crime foi encontrado.
Sobre a investigação, Amaral disse que os celulares de todos apontados pela família como possíveis envolvidos no sumiço foram analisados e que eles forneceram acesso total aos telefones e às residências. Em uma análise inicial, as mensagens que Luciano recebeu não foram encontradas no aparelho de celular da mulher. Aos policiais, ela relatou que tem o hábito de apagar as conversas.
Ela também confirmou que mantinha um relacionamento extraconjugal com Luciano há cerca de um ano e, segundo o delegado, o marido descobriu o caso dos dois na véspera do desaparecimento do caminhoneiro.
— As buscas são próximo do rio, em locais por onde ele passou, bem como na casa das pessoas que foram apontadas como suspeitas pela família — disse o delegado.
Luciano sumiu na noite de quarta-feira (26) após sair de casa para encontrar a mulher. Ele é conhecido na comunidade como Bigode e trabalha como caminhoneiro. Segundo familiares, ele teria saído de moto, por volta das 19h30min, na região de Hortêncio Dutra, interior do município, depois de receber uma mensagem dela pedindo para que os dois se encontrassem.
Conforme a família, a mulher teria mandado uma mensagem afirmando ter se separado do companheiro. Como ele não retornou para casa, a família acreditou que os dois tivessem fugido. No dia seguinte, quinta-feira (27), familiares viram a mulher e o companheiro em um posto de saúde e começaram a se mobilizar para procurar pelo homem.
O que se sabe até agora
Buscas
As buscas foram intensificadas nesta quarta-feira (2) com o auxílio de equipes e cães farejadores de Passo Fundo, que se somaram aos profissionais do Corpo de Bombeiros de Vacaria, que já realizavam as ações. Ao todo, as buscas envolvem duas duplas de militares de Passo Fundo e Vacaria, cada uma com um cão treinado para localizar desaparecidos. Brigada Militar e Polícia Civil acompanham.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Gustavo Costa do Amaral, equipes com botes e um drone se mobilizaram no Rio dos Touros, no interior de Bom Jesus. Foi nesse rio que a moto de Luciano foi encontrada no início da noite de segunda-feira.
Além desse local, as equipes procuram por Luciano na localidade de Caraúno, onde ele informou que iria, e na residência do casal apontado pela família do caminhoneiro como suspeito de envolvimento no desaparecimento.
Antes do desaparecimento
No último dia em que foi visto pela família, Luciano, que mora sozinho próximo à casa da mãe, teria feito uma faxina no quintal e dentro da própria residência. Conforme a irmã, Luciano acreditava que a mulher iria ficar com ele, pois estava esperando o momento certo.
Ainda segundo a irmã, um comerciante que costuma atender a família revelou que Luciano havia feito um pedido para ser entregue na quarta-feira e insistiu pelo cumprimento da data de entrega. Eram dois travesseiros e um edredom novos.
Entre as últimas conversas que teve com a família, Luciano parecia animado e dizia que ficaria junto com a mulher. Durante o trajeto, Luciano enviou uma mensagem em áudio para outro irmão.
— Estou avisando só tu. Eu estou indo na casa dela lá, ela disse que saiu de casa, que foi para o pai dela. Qualquer coisa você sabe onde eu estou — diz um trecho do áudio a que a reportagem teve acesso.
Celulares
Conforme o relato da família de Luciano, ele saiu de casa depois de receber uma mensagem de uma mulher com quem se relacionava pedindo um encontro. Conforme a família, a mulher seria casada com outro homem e teria mandado a mensagem afirmando ter se separado do companheiro e marcado o encontro na região de Caraúno.
O delegado informou que não encontrou as mensagens no celular da mulher e que ela relatou que tinha o hábito de apagar as mensagens que trocava com Luciano para que o marido não visse.
Suspeitos
Oficialmente, a Polícia Civil diz que não há suspeitos e que, até o momento, não foram encontrados indícios de crime. Diversas pessoas foram ouvidas, inclusive as apontadas como suspeitas por familiares do caminhoneiro. Até o momento, nenhuma linha de investigação está descartada.
Quem é Luciano
No último domingo (30), Luciano completou 27 anos. Ele é conhecido na comunidade como Bigode e trabalha como caminhoneiro. Segundo a família, ele havia reservado um bolo e teria a presença de pessoas de diferentes locais da cidade, que convivem ou já tinham convivido com ele.
A família vive um momento delicado pouco mais de um ano depois de uma perda. Ano passado, um irmão de Luciano morreu em um acidente de moto, aos 21 anos.
Conforme a irmã, o jovem era apelidado de "Nenê" e a perda causou um choque em todos os familiares. O acidente aconteceu em Caraúno, mesma localidade onde Luciano teria ido encontrar a mulher na quarta-feira, dia 26 de julho.
Luciano e um irmão compartilhavam gostos pela caçada de javalis, laçada e estavam em constante contato com a natureza.