Preso na última quinta-feira (17), o casal suspeito de envolvimento no desaparecimento de Luciano Boeira Melos, 27 anos, permanece recolhido no Presídio Estadual de Vacaria. O pai da mulher e o irmão do marido dela também estão presos, sem previsão de serem liberados. Até esta quarta-feira (23), os suspeitos ainda mantinham o direito de permanecer em silêncio e, conforme a Polícia Civil, não contribuíram com as investigações desde o início do caso. O caminhoneiro, que tinha um relacionamento com a mulher, desapareceu no dia 26 de julho depois de sair de casa, no interior de Bom Jesus, para encontrar com ela. O caso é investigado como homicídio qualificado e as suspeitas apontam para que Luciano tenha sido atraído para uma emboscada e morto em seguida.
Em conversa com a reportagem, o advogado Ezequiel Carlotto, que representa a mulher, o marido dela e cunhado, afirmou que o pedido de habeas corpus dos três investigados foi indeferido nesta terça (22) e que a defesa verifica a abertura de um novo pedido no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília. Por enquanto, os três não devem prestar novo depoimentos.
O pai da mulher, por sua vez, não tem previsão de prestar novo depoimento, segundo o advogado dele, Adelar Velho Varela.
— Ainda estamos analisando o inquérito, não fizemos nenhum pedido de liberação por estarmos analisando o caso. Meu cliente continua afirmando que não tem qualquer participação no caso e, oficialmente não existe nada contra ele, então, estamos aguardando as apurações da Polícia Civil para vermos o andamento — disse o advogado por telefone.
Segundo o delegado responsável pelo caso, Gustavo Costa do Amaral, os quatro estão presos preventivamente. Novas testemunhas do caso foram ouvidas pela polícia, mas a investigação permanece sob sigilo.
A Polícia Civil ainda aguarda a perícia de oito aparelhos celulares e duas armas de fogo, uma registrada no nome do marido e outra no nome do pai da mulher. Os itens estão no Instituto-Geral de Perícias (IGP) de Porto Alegre. Além disso, a perícia também analisa possíveis vestígios de sangue encontrados em três carros. O IGP não fornece informações sobre a previsão da conclusão da perícia porque o caso permanece sob investigação.
Em conversa com a reportagem na última sexta-feira (25), o delegado afirmou que as investigações permanecem sob sigilo para que os suspeitos de envolvimento não destruam novas provas. Os nomes dos quatro investigados também não são informados porque "a população pode se revoltar e acabar cometendo outro crime".
Ainda sobre os suspeitos, a polícia já tentou um acordo de colaboração premiada, onde os suspeitos têm benefícios por lei e, quanto mais colaboram, melhor para as investigações e para a penalidade dos envolvidos. Entretanto, nenhum deles quis contribuir. O delegado afirmou que os quatro só prestarão novos depoimentos caso haja solicitação dos advogados de defesa.
Antes do desaparecimento
No último dia em que foi visto pela família, Luciano, que mora sozinho próximo à casa da mãe, teria feito uma faxina no quintal e dentro da própria residência.
Um comerciante que costuma atender a família revelou que Luciano havia feito um pedido para ser entregue na quarta-feira e insistiu pelo cumprimento da data de entrega. Eram dois travesseiros e um edredom novos.
Entre as últimas conversas que teve com a família, Luciano parecia animado e dizia que ficaria junto com a mulher com quem se relacionava e agora está presa. Durante o trajeto, Luciano enviou uma mensagem em áudio para outro irmão.
— Estou avisando só tu. Eu estou indo na casa dela lá, ela disse que saiu de casa, que foi para o pai dela. Qualquer coisa você sabe onde eu estou — diz um trecho do áudio a que a reportagem teve acesso.