À luz do dia ou à noite. A preocupação de lojistas da área central de Caxias do Sul não tem mais hora nem turno quando o assunto é arrombamentos e furtos em estabelecimentos. O assunto foi abordado em uma reunião, nesta quinta-feira (27), com representantes dos órgãos de segurança pública e parlamentares na Câmara de Vereadores. Uma nova reunião, com o secretário estadual de Segurança Pública, Sandro Caron de Moraes, deve ocorrer no próximo dia 15 de agosto.
A assessora Jurídica e de Relações Institucionais e Governamentais da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) Caxias, Rita Piva Bertussi, comentou que a instituição vem recebendo diversos relatos de furtos e arrombamentos de empresários locais. Ela destaca que a situação piorou há seis meses.
— Nós tivemos (um relato) o furto de mais de 150 peças (de roupas), quebraram o vidro (para entrar no local). É R$ 700 para arrumar, as grades que precisam ser trocadas custam R$ 6,7 mil o valor mínimo. O seguro cobre o valor das peças da nota, não cobre o frete. E tem mais a questão psicológica do lojista — disse Rita.
A representante do CDL ainda destacou que conhece muitos casos de empresários que estão pensando em fechar os estabelecimentos. E frisou que o comércio e os serviços representam mais de 51% dos empregos formais. No fim da fala, cobrou dos vereadores o encaminhamento da pauta ao Ministério Público (MP) e ao Poder Judiciário.
Um lojista desabafou: "não tenho mais esperança que isso possa mudar". Gilmar Dal Pizzol também é diretor do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas) e tem comércio há 38 anos. Ele contou que, nos últimos 60 dias, sofreu seis arrombamentos:
— Não vejo, nesses últimos tempos, que possa mudar essa coisa que se formou em Caxias. Nós, lojistas, não temos mais esperanças. E a gente depende que vocês deem essa esperança para a gente.
A reunião foi proposta pela Comissão de Segurança Pública da Câmara de Vereadores, que tem como presidente o vereador Alexandre Bortoluz, o Bortola. Em encaminhamento, ele destacou que os parlamentares caxienses estão em contato direto com o governo do Estado para buscar um aumento do efetivo das equipes de policiamento em Caxias do Sul.
"Quem tem que ouvir não está aqui"
O tenente-coronel do 12º Batalhão de Polícia Militar (BPM), Ricardo Vargas, comentou a ausência do Poder Judiciário e do MP na reunião da Câmara e solicitou que estes tenham maior presença no debate sobre a segurança pública do município. Ambos foram convidados, mas não enviaram representantes.
— Um mesmo homem já foi preso 19 vezes. Prendemos ele no dia 15 de junho e, no dia seguinte, ele já estava solto. Ele já foi preso 13 vezes por furtos e arrombamentos. Ele esteve 13 vezes nas lojas dos senhores. Quem tem que ouvir não está aqui — lamentou, falando sobre o MP e o Judiciário.
Vargas também destacou que o tema tem que ser construído e chamou representantes da saúde pública, defendendo que a dependência química compete à área.
— Do total de pessoas que a gente prendeu neste primeiro semestre, 1,5 mil, 22 foram, especificamente, entrando em lojas. Prendemos em flagrante, seja porque estávamos passando, seja porque o 190 recebeu uma ligação. Dessas 22 pessoas, nenhuma permanece em nossas cadeias — desabafou Vargas.
Titular da 1ª Delegacia de Polícia, a qual atende a região central, Rodrigo Duarte compartilhou a preocupação quanto aos números de ocorrências de arrombamento, furtos e assaltos a pedestres. E ressaltou que a Polícia Civil está trabalhando para dar tranquilidade à população e aos lojistas.
O secretário de Segurança Pública e Proteção Social, Paulo Rosa, na ocasião, afirmou que a Guarda Municipal também está atuante nas ruas para coibir os crimes e que a prefeitura está buscando acelerar o cercamento eletrônico, que tem como objetivo diminuir a criminalidade.