Foi por volta das 23h da segunda-feira (17), que a vigilante Ana Fagundes foi abordada por um homem enquanto esperava o ônibus para ir para casa do trabalho na parada da Rua Feijó Junior, entroncamento com a Avenida Júlio de Castilho, no centro de Caxias do Sul. O homem armado pediu o celular, mas levou a bolsa com documentos e pertences de Ana.
— A gente trabalha até tarde e não existe segurança alguma. Infelizmente, parece que o cidadão tem que se contentar e ficar feliz quando não sai machucado desse tipo de ocorrência — afirma a vigilante.
O que aconteceu com a Ana se configura como roubo, já que há emprego de violência e ameaça. É nas ruas de Caxias do Sul que se concentram ocorrências como essa no município. De acordo com a Brigada Militar (BM), em média, dois pedestres são roubados na cidade, por dia. A maior parte das ocorrências são registradas na área central. De janeiro a julho deste ano, 464 pessoas foram alvo desse tipo de crime no município. No mesmo período, em 2022, 461 roubos foram registrados.
O aumento não foi expressivo, mas o que preocupa a BM é a dificuldade na diminuição desse tipo de ocorrência e a permanência do delito. De acordo com o comandante do 12º Batalhão da Brigada Militar de Caxias do Sul, tenente-Coronel Ricardo Moreira de Vargas, uma soma de fatores justifica essa realidade. O principal perpassa pela migração do roubo a comércio para o pedestre: segundo Vargas, o crime contra estabelecimentos diminuiu 67% no primeiro semestre deste ano, em comparação a 2022, por conta do policiamento ostensivo e aumento do cercamento eletrônico das próprias lojas. Com isso, de acordo com a BM, a criminalidade migra para espaços mais suscetíveis, como as ruas.
Agora, o foco da polícia é estar mais presente nas ruas, principalmente nos horários de pico e próximo às paradas de ônibus. O objetivo é diminuir a dificuldade do flagrante desse tipo de ocorrência. O comandante, porém, reforça a importância da prevenção. Ou seja, evitar circular com pertences à mostra. A responsabilidade, também, é de quem compra esse tipo de produto, sem procedência:
— Precisamos mudar a cultura da população de não adquirir aparelhos com preço muito menor do que estão sendo comercializados, porque por ventura pode ser objeto de crime anterior — explica Vargas.