Considerado um dos crimes mais desafiadores pela segurança pública do Estado, os feminicídios tiveram queda nos registros no Rio Grande do Sul no primeiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2022. Conforme o levantamento do Estado, divulgado nesta semana pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), foram registradas 24 ocorrências deste tipo representando uma queda de 14,3% em relação ao primeiro trimestre de 2022, quando aconteceram 28 feminicídios de janeiro a março.
Na Serra, o cenário é diferente, já que o número de mortes de mulheres por questão de gênero aumentou 600% em relação ao mesmo período de 2022. Sete mulheres foram assassinadas em quatro cidades da região, Caxias do Sul, Cotiporã, Garibaldi e Vacaria, no primeiro trimestre deste ano. No ano passado apenas Caxias registrou esse tipo de crime nos três primeiros meses do ano.
Mesmo com reforço nas ações e na rede de suporte às mulheres, reduzir o número de mulheres assassinadas não depende só do trabalho de prevenção e da investigação da Polícia Civil. O delegado regional Augusto Cavalheiro Neto é responsável pela 8ª Região Policial, que engloba Caxias do Sul e cidades da região, com exceção de Vacaria e Gramado, e afirma que feminicídios são um desafio para a polícia:
— O feminicídio é um crime que nos desafia não tanto pela elucidação e da busca da autoria porque a grande maioria ou praticamente a totalidade tem a autoria conhecida. O grande desafio é conseguir efetivar, na prática, a proteção das mulheres que denunciam.
A denúncia é essencial para que a rede de proteção possa atuar e retirar a mulher que sofre violência de perto do agressor, segundo o delegado:
—Elas têm que denunciar por meio do boletim de ocorrência ou do disque violência para que a gente possa responsabilizar esse agressor e tirá-la desse ciclo de violência.
Homicídios aumentaram 14,06% na Serra
Ainda segundo o balanço divulgado pela SSP, a Serra registrou 73 crimes violentos no primeiro semestre de 2023. Foram 32 assassinatos em janeiro, 27 em fevereiro e 14 em março. No mesmo período de 2022, a região contabilizou 64 mortes. O aumento foi de 14,06%. No ano passado foram 14 mortes em janeiro, 25 em fevereiro e o mesmo número de vítimas em março.
O primeiro mês de 2023 terminou como o mais violento na Serra nos últimos cinco anos. No total, foram 32 assassinatos. Em 2018, no mesmo mês, sete municípios tiveram 30 mortes violentas em 31 dias, sendo que um dos casos, em Coronel Pilar, foi de lesão corporal seguida de morte.
Caxias do Sul lidera o ranking de janeiro de 2023, com 12 assassinatos, sendo que a maioria é relacionada a acerto de contas do tráfico de drogas, segundo a Polícia Civil. Em Bento Gonçalves foram seis mortes e em Carlos Barbosa, quatro. Guaporé contabilizou dois homicídios e Vacaria três mortes violentas. Farroupilha, Jaquirana, Garibaldi e São Francisco de Paula também contabilizaram uma morte cada.
— Tivemos um início de ano com um aumento nos índices de homicídios, em janeiro e fevereiro, mas em março os números arrefeceram para praticamente metade. Em abril continuam baixando — adianta o delegado.
Índice de roubo a estabelecimento comercial reduziu em Caxias
O delegado regional comemora a redução no índice de roubo a estabelecimento comercial em Caxias no primeiro trimestre deste ano, lembrando que a cidade chegou a ter 102 roubos em um mês em 2015. Neste início de 2023 foram contabilizados, segundo a SSP, nove registros. Há oito anos, a média era de 56 roubos ao comércio por mês.
De acordo com o delegado, em 2022 foram 127 roubos no ano todo; em 2021 foram 102 assaltos ao comércio.
— Esses números são comemorados porque Caxias do Sul é a segunda maior do Estado e nós estamos com um dos menores índices históricos nos roubos aos estabelecimentos comerciais. São índices de primeiro mundo —diz.