Passados 10 anos, uma mulher não consegue esquecer a ameaça que ouviu do homem suspeito de estuprar uma outra, em Gramado, em fevereiro. A vítima de uma década atrás estava indo a pé para o trabalho, de fone de ouvido, quando foi surpreendida por um atropelamento por trás. A Polícia Civil avalia que o homem, que foi preso nesta terça-feira (7), em Minas Gerais, tinha o mesmo modus operandi.
A vítima do atropelamento acontecido em 2013 relata que, ao ser atingida pelo carro, o homem desceu oferecendo ajuda, alegando ser do Corpo de Bombeiros e que, por isso, saberia levá-la em segurança ao hospital de Canela, onde teria ocorrido a tentativa de abuso.
— Eu acabei aceitando a ajuda, ele me colocou no carro dele, me amarrou, o banco do carro já estava deitado, como se ele já tivesse programado tudo que ia fazer. Ele me colocou de bruços no banco e me amarrou nas pernas e braços. Ele já saiu em alta velocidade e ali eu percebi que alguma coisa ia acontecer comigo — conta a mulher.
Enquanto dirigia, o homem teria acalmado a mulher, falando que "logo ela voltaria a treinar". A vítima de 2013 lembra que, neste momento, se deu conta que estava sendo seguida por um tempo e que o homem conhecia sua rotina. Ela e a polícia, na época, chegaram a conclusão que o homem a seguia há três meses.
A trabalhadora acredita que o estupro não chegou a ser consumado, pois após uma luta corporal, ela começou a fazer um jogo psicológico com o abusador.
— Eu vi que ele tinha uma aliança, comecei a perguntar pra quê fazer aquilo comigo se ele tinha família e foi quando ele esquivou, voltou para o banco dele, chorou na minha frente, dizendo que o pai dele fazia isso quando ele era criança — diz a vítima, reforçando que a situação não justifica o feito.
Durante a desistência do abuso, ele levou a mulher para o hospital e fugiu.
— Eu te deixo no hospital, mas se tu me denunciar, eu vou te matar — recordou a vítima de 2013.
Ela conta que, um ano depois, o mesmo homem atropelou uma outra mulher, de forma mais grave.
— Antes de mim, já havia um caso. Depois fui eu, essa menina que ficou gravemente ferida e agora este novo caso. Que eu saiba, somos quatro vítimas — acrescenta.
Segundo a Polícia Civil, foi após o terceiro caso que o homem foi localizado, em 2014, e preso em flagrante. Ele passou um tempo detido e foi liberado, com uso de tornozeleira eletrônica. Inclusive, quando violentou sexualmente a mulher no mês passado, estava usando o dispositivo. Um mandado de prisão também foi expedido, em função da retirada da tornozeleira.
Conforme o delegado Gustavo Barcellos, na primeira prisão, o suspeito foi autuado por tentativa de homicídio.
— Nos casos anteriores, no entanto, ele não chegou a consumar o abuso sexual, o que fez desta última vez, demonstrando sua personalidade perversa — avalia Barcellos.