A tecnologia é uma importante aliada da segurança pública. Por isso, mais de 400 delegados e agentes policiais estarão em Bento Gonçalves nesta quinta-feira (17) para o 11º Seminário da Polícia Civil. O encontro, no Dall'Onder Grande Hotel, no bairro São Bento, apresentará meios eletrônicos para aprimorar a inteligência policial, um painel sobre criptoativos utilizados para lavagem de dinheiro e formas de investigação na dark web, o submundo da internet marcado pelo anonimato.
Esta última explanação caberá ao adido do FBI em Contraterrorismo, agente federal Diego Mello. O painel ocorrerá na manhã de sexta-feira (18), segundo dia do evento. Após, o encerramento caberá ao chefe de polícia, delegado Fábio Motta Lopes.
— Já não se imaginam mais as práticas de polícia judiciária desassociadas dessas novas tecnologias de informação. A decodificação e a interpretação de dados, por exemplo, já se provaram peças fundamentais na construção do inquérito policial e, ainda mais importante, no indiciamento de suspeitos — destaca Lopes, que cita o assassinato de Zambi Rodrigues Barros, 29 anos, na Vila Cruzeiro, em Porto Alegre, como um exemplo.
Na ocasião, a vítima foi decapitada e a cabeça deixada em um saco de lixo em outra localidade. Os investigadores utilizaram o cercamento eletrônico de Porto Alegre para identificar o carro utilizado pelos assassinos e rastrear a movimentação pela cidade, o que demonstrou como o grupo criminoso cometia vários crimes em sequência antes de descartar o automóvel. Após, a investigação apontou quem foram os mandantes do assassinato, que foi ordenado por celulares de dentro de dois presídios.
— Não podemos revelar ou detalhar as técnicas policiais (à imprensa), mas foi graças a essas novas tecnologias (que serão faladas no Seminário) que conseguimos elucidar os 13 envolvidos. Não só os executores, mas também os mandantes daquele caso. Estamos sempre atentos e aprendendo e o Seminário serve para difundir estas boas práticas — conclui.
Promovido sempre ao final de cada ano para o público interno, o Seminário da Polícia Civil é uma forma de aprimorar o trabalho policial. Cada edição, possui um foco de aprendizagem.
— Temos o padrão de fazer este seminário estadual para discutir estratégias e ferramentas que possam ajudar na investigação criminal. A tecnologia está sempre em evolução e o crime organizado buscando novas formas de cometer crimes. Precisamos correr atrás de ambos. É sempre preciso renovar e saber dos fatos novos. Saber o que existe para avançar na investigação. É isto que o seminário irá focar — destaca o chefe de polícia..
A programação começa às 9h, com o painel Criptoativos e Investigação Criminal Tecnológica, que será apresentado pelo delegado Vytautas Fabiano Silva Zumas, da Polícia Civil de Goiás. Naquele Estado, o painelista coordena o Laboratório de Tecnologia Contra Lavagem de Dinheiro e do Centro de Monitoramento de Interceptações Telefônicas e Telemáticas.
Na sequência, ocorre o painel Ferramentas Tecnológicas Úteis à Investigação Policial, com os consultores em segurança Marcelo Fillman, Frederico Bonincontro, Humberto Sá Garay e Curt Lowenhaupt.
Na parte da tarde, os trabalhos seguem com os delegados Adriano Nonnemacher de Souza e Gabriel Silva Borges, que apresentarão um caso prático sobre Aplicação de Novas Tecnologias na Investigação Criminal. Atualmente, Nonnemacher é o titular da Delegacia de Repressão aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DRLD) e Borges da 3ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico (DIN), ambas do Departamento Estadual de Investigação do Narcotráfico (Denarc).
O quarto painel terá o delegado da Polícia Civil de Pernambuco, Romano Costa, que abordará o tema Meios Eletrônicos na Inteligência Policial Judiciária. Para finalizar a programação de quinta-feira (17), o Chefe do Laboratório de Informática Forense da Polícia Científica de São Paulo, perito Hericson Santos, liderará o painel Child Grooming: aliciamento de crianças e adolescentes em redes sociais para a autoprodução de CSAM.