Com a morte de uma mulher que estava hospitalizada, investigadores da delegacia da Polícia Civil de Guaporé aguardam o acesso a documentos médicos para definir os rumos da investigação do incêndio criminoso que atingiu uma casa noturna da cidade em 15 de outubro. Valéria Dedea Moreira, 30 anos, era funcionária do estabelecimento e estava internada em Encantado desde o dia do incêndio. Ela morreu na noite do último sábado (12). Caso seja confirmado que a morte foi em decorrência do incêndio, o caso pode passar a ser investigado como homicídio.
Conforme o titular da delegacia de Guaporé, delegado Tiago Albuquerque, os investigadores foram comunicados da morte de Valéria no domingo (13). Agora, eles aguardam o acesso ao prontuário do hospital e também ao laudo da necropsia.
— A informação extraoficial é de que ela teve complicações em função do incêndio. Em decorrência disso, ela passou por necropsia. Tudo indica que vamos tratar como homicídio, dado o risco que esse indivíduo causou. Aí pode ser dolo eventual ou até mesmo dolo direto, dependendo das circunstâncias — explica.
As chamas na casa noturna, que ficava às margens da RS-129, foram iniciadas por três homens que entraram se fazendo passar por clientes. Minutos depois, os suspeitos, armados com revólveres, pediram informações sobre a proprietária do estabelecimento, que não se encontrava no imóvel.
Os homens, então, ordenaram que as 15 funcionárias do local levassem todos os colchões para a sala e, em seguida, atearam fogo. Antes disso, alguns tiros foram disparados. Um deles acertou a mão de uma mulher, que recebeu atendimento médico. Não havia outros clientes no estabelecimento quando o incêndio teve início.
Segundo Albuquerque, as investigações indicam que o grupo pertence a uma facção local, que se aliou a outro grupo criminoso maior. A ação ocorreu porque a organização teria descoberto que a casa noturna serviria como ponto de venda de drogas de uma facção rival. De acordo com o delegado, o acerto de contas foi desencadeado após uma operação da Brigada Militar (BM) que encontrou uma pequena quantidade de maconha no estabelecimento.
A polícia já ouviu formalmente a proprietária da casa noturna, mas, de acordo com Albuquerque, ela prestou poucas informações. A expectativa dos investigadores é de que a prisão, nas últimas semanas, de pessoas ligadas às facções supostamente envolvidas no incêndio, possam ajudar a esclarecer o caso.
Não há prazo para o recebimento dos documentos médicos, mas a expectativa do delegado é de que pelo menos o laudo da necropsia seja entregue pelo Instituto Geral de Perícias nos próximos dias.