Dois homens de 28 anos foram denunciados pelo Ministério Público Estadual (MP) à Justiça, nessa sexta-feira (29), por terem cometido um assalto com reféns em Caxias do Sul. Na denúncia, assinada pela promotora de Justiça Graziela Vieira Lorenzoni, ambos foram denunciados por roubo duplamente majorado - quando ocorre o roubo mediante violação ou grave ameaça, tortura, uso indevido de sinal identificador da Polícia Civil, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e tentativa de homicídio de dois policiais militares. O inquérito policial havia sido encaminhado ao Poder Judiciário no dia 18 de abril.
Segundo a Polícia Civil, os criminosos têm antecedentes policiais por tráfico de drogas, roubo a residência com lesão, roubo a pedestre, roubo a estabelecimento comercial e suspeita de envolvimento em homicídio. No dia do crime, eles vestiam camisetas com o logotipo da polícia. Os assaltantes estão presos desde 8 de abril quando invadiram uma casa no bairro São Luís. Na ocasião, a dupla rendeu um empresário de 36 anos, a esposa dele de 26 e as filhas do casal, duas meninas de sete e cinco anos e uma bebê de dois meses. Uma outra mulher de 47 anos, tia da esposa do empresário, também estava na casa.
Eles algemaram o homem e jogaram querosene na vítima. A dupla também ameaçou atear fogo na casa se o morador não entregasse R$ 200 mil que insistiam que ele guardava na residência. Ao empresário, diziam que um ex-funcionário dele havia passado essa informação.
No dia do crime, antes de ser rendida pelos criminosos, a esposa do empresário, conseguiu correr e telefonar para a Brigada Militar (BM). Os criminosos prenderam as mulheres e as crianças em um quarto e torturam o empresário em outra peça da moradia.
— O que as vítimas relataram na ocasião foi que assim que o empresário foi sair da residência ele foi rendido. Esses criminosos pediam um valor alto que a vítima supostamente teria na residência. Como ele dizia que não tinha essa quantia, ele foi agredido por um dos autores. Esse individuo bateu com a coronha da arma nas costas do empresário, algemou a vítima e jogou querosene no corpo dele. Eles torturaram a vítima — ressalta o delegado Edinei Albarello, que responde pelo 3º Distrito Policial, e ficou responsável pelo caso.
O delegado destaca ainda que eles insistiam que havia essa alta quantia de dinheiro, e revistaram a casa para encontrar o valor. Eles localizaram pouco mais de R$ 5 mil e como não encontravam a quantia que afirmavam que havia na casa, voltaram a torturar o empresário. Ainda segundo o delegado, eles foram preparados para cometer o crime. No entanto, não consta no depoimento formal da vítima informações repassadas pelo empresário sobre como surgiu a informação referente aos R$ 200 mil que ele supostamente teria na casa.
— Os assaltantes tinham essa suposição de que o empresário tinha R$ 200 mil na residência. Como eles chegaram até a vítima e de onde tiraram essa suposta informação sobre o valor não restou apurado — aponta Albarello.
A polícia chegou a moradia cerca de dez minutos depois de receber a ligação via 190. Ao serem abordados pela Brigada Militar eles dispararam contra os policiais. Ninguém foi atingido pelos disparos. A polícia apreendeu com a dupla uma pistola calibre 9mm, um revólver .38 e 20 munições. Também foram encontrados um colete balístico, uma algema, duas toucas ninja, uma garrafa de querosene, fita adesiva, corda, tesoura e R$ 5,7 mil em espécie, que haviam sido roubado das vítimas.
Relembre o caso
O assalto ocorreu por volta das 7h15min de 8 de abril, na Rua Gema Beninca Hoffman. De acordo com a polícia, quando o empresário saía para trabalhar, foi rendido pelos dois homens armados. Logo atrás dele, estava a esposa dele. Ela correu para um quarto e ligou para o 190. Dez minutos depois a Brigada Militar chegou a moradia e prendeu os assaltantes.