Leandro Daniel Hoffmann será julgado a partir das 9h desta sexta-feira (11) em São Marcos pelos assassinatos de Irene da Fonseca, 67 anos e da neta dela Kauana Santos, 16, no interior do município. O crime que chocou a comunidade ocorreu em 26 de junho de 2020 na localidade de Linha Marechal Deodoro.
Hoffmann, na época com 31 anos, confessou o crime e não demonstrou arrependimento, segundo a Polícia Civil. O homem que já era procurado por duplo homicídio no Paraná confessou que matou a avó, e a neta, ateou fogo na casa da família, carbonizando o corpo da idosa, e colocou o corpo da adolescente em um riacho da propriedade.
Ele fugiu a pé até Vila Oliva, no interior se Caxias do Sul, onde foi preso quatro dias depois do crime. Foi só com o relato do assassino confesso que foi possível localizar o corpo de Kauana. Os crimes foram presenciados pelo outro neto de Irene, um menino, de sete anos.
Hoffman foi indiciado por duplo homicídio, com três qualificadoras para o crime contra Irene (motivo fútil, meio cruel-fogo e recurso que dificultou a defesa da vítima) e com duas qualificadoras para o crime contra Kauana (motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima). Além de estupro e ocultação de cadáver e incêndio.
Para a polícia, o assassino confesso contou que, naquele dia, bebeu, brigou com a esposa e a expulsou de casa, um galinheiro improvisado na mesma chácara, junto com os filhos do casal.
— Ele (réu) disse que ingeriu bastante bebida alcoólica. A versão dele é que já havia um atrito com o vizinho (pai de Kauana), algo sobre ter "olhado torto". Por isso, foi tirar satisfações. Mas nunca houve uma desavença entre eles. Tanto que o pai não relatou nada no seu depoimento — lembra o delegado Edinei Márcio Albarello, responsável pelo caso.
Segundo o delegado, com base no versão do menino, que na época tinha sete anos, o autor confesso, entrou na casa, e disparou na avó dele, e agrediu a irmã com uma faca. A criança fugiu e se escondeu. Ele viu o acusado saindo com a adolescente, então, entrou de novo na casa, viu sangue no pescoço da avó e escutou outro tiro. Ele saiu para procurar ajuda, e como não encontrou ninguém voltou e se escondeu. Quando ele percebeu que começou a pegar fogo fugiu novamente e foi encontrado por um vizinho que o socorreu.
O acusado foi preso em Vila Oliva e mostrou à polícia onde estava o corpo. O delegado conta que a suspeita de estupro surgiu assim que o corpo foi retirado da água:
— A adolescente estava parcialmente despida, só com uma camiseta e sutiã. Ela tinha três ferimentos de arma branca, e um disparo de arma de fogo no rosto. O estupro foi confirmado com base na coleta de material genético porque havia esperma no corpo da Kauana. Ele admitiu os assassinatos, negou o estupro, mas o laudo confirma, e em momento algum dos depoimentos demonstrou arrependimento.
— É um dos crimes mais bárbaros que já presenciei em toda a minha carreira e já tenho quase 24 anos de Ministério Público. A expectativa do Ministério Público é de que a soma das penas ultrapasse os 50 anos de prisão para os crimes para que se tenha justiça em relação a esse caso. Ficou provado que o acusado é plenamente capaz e consciente dos atos praticados. Em nenhum momento no processo surgiu qualquer dúvida sobre a higidez mental do acusado — ressalta o promotor de justiça de São Marcos Evandro Kaltbach.
Hoffmann será representado no júri por um defensor público. A Defensoria Pública, por meio de assessoria de imprensa, informou que não irá se manifestar sobre o caso antes do julgamento.
Relembre o Caso
Em 26 de junho de 2020, os bombeiros de São Marcos receberam um telefonema informando sobre um incêndio numa moradia na localidade de Linha Marechal Floriano, a 6,5 quilômetros do centro da cidade. Após a corporação conter as chamas na propriedade, foi localizado o corpo de Irene da Fonseca, que residia na casa com os netos e um filho. A Polícia Civil apurou que a casa havia sido incendiada após a morte da idosa.
Um homem seria o autor do assassinato e do incêndio. Esse mesmo agressor retirou da moradia a neta de Irene, Kauana Santos. Essa versão foi trazida por outro neto de Irene, de sete anos. O menino estava na moradia no momento do ataque, mas conseguiu fugir e se esconder.
Segundo relatado para a polícia, Hoffmann, com uma carabina de pressão adaptada para o calibre. 22, invadiu a casa vizinha a que ele morava. O pai de Kauana não estava na residência, apenas a avó com os dois netos. Irene tentou proteger as crianças e discutiu com o criminoso. A idosa foi atingida por um tiro no pescoço.
Kauana tentou socorrer a avó, mas também foi alvejada. Ela chegou a fugir da casa, mas foi novamente baleada. Hoffmann contou ainda que arrastou o corpo da adolescente e escondeu em um riacho, cerca de 200 metros mata a dentro. Depois, voltou e ateou fogo no sofá da família. Ele enterrou o corpo da adolescente em uma poça de água e colocou pedras para esconder. Com as chuvas, o riacho encheu. Hoffmann foi preso em Caxias do Sul apontou o local onde estava o corpo de Kauana.
Procurado no Paraná
O assassino confesso já era procurado no interior do Paraná pela morte de dois irmãos em 2015. Hoffmann nega qualquer crime sexual.