Em coletiva na manhã desta quarta-feira (1), o delegado Edinei Márcio Albarello, responsável pela investigação dos assassinatos de Irene da Fonseca, 67 anos, e da neta dela Kauana Santos, 16, no interior de São Marcos, forneceu mais informações sobre o caso.
Segundo a Polícia Civil, Leandro Daniel Hoffmann, 31, confessou o crime e não demonstrou arrependimento. O procurado no Paraná confessou que escondeu o corpo da adolescente em um riacho da propriedade de Linha Marechal. Depois, ateou fogo na casa da família, carbonizando o corpo da idosa. Hoffmann fugiu a pé até Vila Oliva, no interior se Caxias do Sul, onde foi preso no final da tarde desta terça. Foi só com o relato do assassino confesso que foi possível localizar o corpo de Kauana.
Para a polícia, ele contou que, naquele dia, bebeu, brigou com a esposa e a expulsou de casa, um galinheiro improvisado na mesma chácara, junto com os filhos do casal.
— Ele disse que ingeriu bastante bebida alcoólica. A versão dele é que já havia um atrito com o vizinho (pai de Kauana), algo sobre ter “olhado torto". Por isso, foi tirar satisfações. Mas nunca houve uma desavença entre eles. Tanto que o pai não relatou nada no seu depoimento — aponta o delegado, lembrando que ambas as famílias moravam há menos de dois meses na propriedade rural.
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Segundo relatado para a polícia, Hoffmann, com uma carabina de pressão adaptada para o calibre. 22, invadiu a casa vizinha. O pai de Kauana não estava na residência, apenas a avó com os dois netos. Irene tentou proteger as crianças e discutiu com o criminoso. A idosa foi atingida por um tiro no pescoço.
Kauana tentou socorrer a avó, mas também foi alvejada. Ela chegou a fugir da casa, mas foi novamente baleada. Hoffmann contou ainda que arrastou o corpo da adolescente e escondeu em um riacho, cerca de 200 metros mata a dentro. Depois, voltou e ateou fogo no sofá da família.
— Ele enterrou o corpo em uma poça de água e colocou pedras para esconder. Com as chuvas, o riacho encheu. Seria muito difícil encontrar o corpo sem que ele indicasse o local — comenta o delegado.
Hoffmann sempre trabalhou em áreas rurais e viajava em épocas e colheita. Esse conhecimento foi usado na fuga: ele caminhou dezenas de quilômetros até o distrito de Vila Oliva, no interior de Caxias do Sul, onde pediu abrigo na casa de um conhecido. Foi nesta propriedade que foi capturado pela Polícia Civil 96 horas após os crimes em São Marcos.
— É um sujeito de alta periculosidade. Tanto que resistiu à prisão, sendo necessário o uso moderado da força pelos policiais. Os relatos das testemunhas é que ele ficava ainda mais violento quando consumia bebida alcoólica. Tinha surtos — aponta o delegado regional Paulo Rosa, que acompanhou as investigações e participou da coletiva.
O assassino confesso, que já era procurado no interior do Paraná pela morte de dois irmãos em 2015, será indiciado por duplo homicídio qualificado, ocultação de cadáver e incêndio criminoso. A Polícia Civil também aguarda perícias para determinar se o investigado estuprou a adolescente. Hoffmann nega qualquer crime sexual.
ENTENDA O CASO
No final da tarde do dia 26, os bombeiros de São Marcos receberam um telefonema informando sobre um incêndio numa moradia na localidade de Linha Marechal Floriano, a 6,5 quilômetros do centro da cidade. Após a corporação conter as chamas na propriedade, foi localizado o corpo de Irene da Fonseca, que residia na casa com os netos e um filho. A Polícia Civil apurou que a casa havia sido incendiada após a morte da idosa.
Um homem seria o autor do assassinato e do incêndio. Esse mesmo agressor retirou da moradia a neta de Irene, Kauana Santos. Essa versão foi trazida por outro neto de Irene, de sete anos. O menino estava na moradia no momento do ataque, mas conseguiu fugir e se esconder. Desde então, Kauana não foi mais vista.
Na mesma propriedade, havia outra moradia ocupada por uma família e por Leandro Daniel Hoffmann. Ele residia no local há pouco tempo. Hoffmann e a outra família também não foram mais vistos na chácara desde sexta-feira.
Na segunda-feira (29), uma pessoa foi presa temporariamente pela polícia para auxiliar na investigação. Nesta terça-feira, a Polícia Civil confirmou que Hoffmann é o principal suspeito de ter cometido os crimes e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça.
Ele foi preso em Caxias do Sul por volta das 18h e apontou o local onde estava o corpo de Kauana.