Os familiares e amigos relatam estar horrorizados com o que aconteceu com Sebastião Alceu Ribeiro dos Santos, 66 anos. O dono do Bar do Alceu, no bairro Santa Fé, em Caxias do Sul, foi encontrado morto com as mãos e os pés amarrados no final da tarde desta quarta-feira (6). Frequentado por clientes de mais idade e com fechamento às 19h, o boteco funcionava há seis anos, o que tornava o Alceu um personagem muito querido na região.
Alceu era natural de Passo Fundo, mas morava em Caxias do Sul há mais de três décadas. Ele trabalhava com o que gostava: ter um bar e receber seus clientes. Antes do ponto na Rua dos Ourives, Alceu administrou outros dois bares na Zona Norte.
— Se perguntar pelo bairro, só vai ouvir falar coisas boas dele. Estamos todos horrorizados e em choque. É difícil acreditar o que aconteceu. Tamanha covardia e violência. Ele não tinha rixa com ninguém, então só pode ser assalto. Só que torturaram ele lá dentro. Deveriam querer mais dinheiro — lamenta Angelita Pereira, 50 anos, ex-mulher da vítima.
Alceu deixa cinco filhos. Os mais velhos, um casal de 35 e 37 anos, moram em Passo Fundo com os dois netos de Alceu. Os outros três filhos, de 16, 25 e 29 anos, moram em Caxias do Sul. O caçula tinha o costume de visitar o bar do pai na ida e volta do colégio.
— Por algo de Deus, ontem ele não foi lá. Imagina encontrar o pai daquele jeito? Os policiais não me deixaram nem ver, disseram que falaram que foi uma coisa muita feia. É muito triste — lamenta a ex-companheira.
Segundo a Polícia Civil, Alceu foi encontrado por populares amarrado nos fundos do seu bar, por volta das 17h30min. Ele tinha ferimentos do rosto e no tórax, que remetem a lesões provocadas por socos e chutes. Aos familiares, os legistas relataram que Alceu foi morto com um tiro na boca.
A suspeita inicial é que o crime tenha sido praticado por dois homens. O latrocínio (roubo com morte) é a linha de investigação inicial, pois o veículo Kadett prata do dono do bar foi levado pelos criminosos. Os policiais também não encontraram o celular, a carteira e qualquer dinheiro da vítima. Momentos após o crime, o Kadett foi localizado abandonado na Barragem da Maestra, que fica a três quilômetros do bairro.
Na manhã desta quarta-feira (7), agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) estiveram no bairro Santa Fé. Os policiais procuravam indícios, testemunhas e câmeras que ajudassem na identificação dos assassinos. O delegado Luciano Pereira afirma que é muito cedo para divulgar detalhes da investigação.
Esta foi a terceira vez que Alceu foi assaltado enquanto trabalhava. Os outros dois crimes aconteceram nos outros empreendimentos que teve e, nas ocasiões, ele não foi ferido pelos ladrões. O Bar do Alceu funcionava em um imóvel alugado.
— Era um bar sereno, não costumava ter tumulto. Quem frequentava eram senhores, que iam lá tomar vinho ou seu copo de cachaça. Não tinha festa ou baile, nem confusão, porque o Alceu não gostava. Ele fechava cedo para ir para casa. O Alceu já estava com mais idade (66 anos), né?! Não entendo porquê fizeram isso com ele — comenta Angelita.
Aos finais de semana, Alceu gostava de buscar os dois filhos mais jovens e ir para "um lugar bonito com muita água". Um dos locais favoritos era a lagoa no Parque Oasis, onde sentava, tomava chimarrão e ficava por horas.
Alceu é velado na Capela Santa Rita de Cássia, no bairro Santa Fé. O sepultamento está marcado para as 15h30min no Cemitério Público Municipal.